segunda-feira, 25 de abril de 2011

sobre 'The Time Machine" de H. G. Wells (2:2)









sobre “A Máquina do Tempo” (“The Time Machine”, 1895)
obra de H G Wells (1866-1946)


A Literatura para viajar no Tempo






2:2







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Ao tecer considerações sociológicas sobre o mundo futuro – o sistema comunal, os aspectos físicos, a ausência de grupos familiares, o estado de bem-estar e segurança (ou antes, a ausência de violência), e de que como a tal segurança geraria a estabilidade e a posterior debilidade, com os seres incapazes de se defenderem (Afinal, defenderem-se de que? Ou de quem?), o Viajante-Narrador ocupa-se em construir um esquema investigativo sobre que mundo era (ou será!) aquele do futuro. Algo inexplicado exige uma observação apurada, um instinto de detetive.

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Como se descreveria sociologicamente tal civilização? Um mundo de comunismo? Que tipo de 'comunismo'? Aqueles Elois seriam os habitantes do mundo perfeito onde tudo é compartilhado e não há diferenças nem necessidades? Haveria afinal um equilíbrio entre civilização e natureza? Não havendo, portanto, conflitos sociais, nem política nem arte. Os Elois são débeis e acomodados porque vivem num mundo 'pacificado', e não há mais 'luta pela vida'. São hipóteses.

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Na verdade, ao longo da 'investigação' ele vem descobrir a existência de outro povo além dos Elois. Mais abaixo da superfície estão os trogloditas do futuro – os Morlocks. Quais as relações entre os dois povos? Quem 'domesticou' quem? Quem domina quem? A Raça superior expulsou a raça inferior para as cavernas? Ou a raça das cavernas cria a raça de nobres como se não passasse de um gado bem engordado? Eis as dúvidas e angústias do Viajante.
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Os Elois não tem medo de morrer afogados, nem se importam em assistir alguém morrer afogado. Eles não têm individualidade (pelo menos como nós a entendemos), vivem em casas coletivas. Têm fartura de alimentos naturais, e roupas leves – um classicismo helênico meio arcadista? Parece tudo bem. Mas por que tanto medo do entardecer, do cair da noite?



“Eu pensava sobre a debilidade física das pessoas, a falta de inteligência, e sobre aquelas grandiosas e abundantes ruínas, e isto fortalecia minha crença numa perfeita conquista da Natureza. E após a batalha veio a calma. A Humanidade tinha sido forte, enérgica, e inteligente, e tinha se acostumado em abundante vitalidade a alterar as condições sob as quais tinha vivido. E agora veio a reação das condições alteradas.
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“Sob as novas condições de perfeito conforto e segurança, aquela energia inquieta, que junto a nós era força, se tornaria em fraqueza. Mesmo em nossa própria época certas tendências e desejos, uma vez necessárias para a sobreviver, são uma constante fonte de fracasso. Coragem física e o amor da batalha, por exemplo, não são de grande ajuda – seriam até mesmo obstáculos – para o homem civilizado. E num estado de equilíbrio físico e segurança, poder, tanto intelectual como físico, estaria fora de lugar. Durante incontáveis eras eu imaginava que não houvera qualquer perigo de guerra ou violência solitária, nenhum perigo vindo de animais selvagens, nenhuma doença a exigir um saúde robusta, nenhuma necessidade de esforço. Para tal vida, que diríamos estarem tão bem equipados os fracos quanto os fortes, seria, realmente, não mais que enfraquecer. Melhor preparados eles seriam, pois os fortes seriam atormentados por um energia para a qual não teria válvula de escape. Sem dúvida a exótica beleza das construções que eu vira eram o efeito dos últimos esforços da nova energia sem rumos da humanidade antes de encontrar-se em perfeita harmonia com as condições sob as quais vivia – o florescer do triunfo que inaugurava a última grande paz. Este havia sido o destino da energia num mundo de segurança; levou à arte e ao erotismo, e então sucedeu a languidez e decadência.
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"I thought of the physical slightness of the people, their lack of intelligence, and those big abundant ruins, and it strengthened my belief in a perfect conquest of Nature. For after the battle comes Quiet. Humanity had been strong, energetic, and intelligent, and had used all its abundant vitality to alter the conditions under which it lived. And now came the reaction of the altered conditions.
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"Under the new conditions of perfect comfort and security, that restless energy, that with us is strength, would become weakness. Even in our own time certain tendencies and
desires, once necessary to survival, are a constant source of failure. Physical courage and the love of battle, for instance, are no great help—may even be hindrances—to a civilized man. And in a state of physical balance and security, power, intellectual as well as physical, would be out of place. For countless years I judged there had been no danger of war or solitary violence, no danger from wild beasts, no wasting disease to require strength of constitution, no need of toil. For such a life, what we should call the weak are as well equipped as the strong, are, indeed, no longer weak. Better equipped indeed they are, for the strong would be fretted by an energy for which there was no outlet. No doubt the exquisite beauty of the buildings I saw was the outcome of the last surgings of the now purposeless energy of mankind before it settled down into perfect harmony with the conditions under which it lived—the flourish of that triumph which began the last great peace. This has ever been the fate of energy in security; it takes to art and to eroticism, and then come languor and decay. Cap. 5
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Somente os belos e pacíficos – mas um tanto 'abobados' – Elois habitam as ruínas esplendorosas do mundo futuro? Mas e os animais meio-humanóides que rondam as habitações coletivistas do Elois? Seres notívagos que odeiam a luz. Serão animais de caça dos Elois? Serão seres mutantes expulsos da civilização ?


O Viajante descobre que existem duas 'raças' : os Elois, os da superfície, e os Morlocks, aqueles dos subterrâneos – os nobres e os párias – como consequência da 'divisão social do trabalho' e da desigualdade social – é também um tema no filme norte-americano “Demoliton Man” (de 1993, no Brasil “O Demolidor”) com Sylvester Stallone, onde na cidade alta vive os pomposos cidadãos, enquanto nos 'subúrbios' subterrâneos toda uma 'gentalha' de marginais, contraventores sobrevive fora das vistas. Na superfície os cidadão sob um governo asséptico e paternalista, sem crimes e sem violência, enquanto sob as solas de seus sapatos o literalmente 'submundo' é a imagem contrária – impera a lei do mais forte.
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Assim, na Los Angeles de 2032 do filme, há a 'civilização' (com o Sr. Governador, ou líder paternalista, um Doutor 'esclarecido') enquanto os que habitam o submundo são uma espécie de resistência ao mundo normatizado da superfície. Assim também no filme (também norte-americano “Equilibrium”, 2002), onde os poderosos neutralizam as emoções, enquanto os marginais traficam obras-de-arte, romances clássicos, em suma, tudo o que pode causar emoção estética. (Abordaremos este filme nos ensaios sobre as Distopias, ou Utopias-invertidas)

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“Debaixo dos meus pés, então, a terra devia estar cheia de túneis em vasta extensão, e nestas cavernas vivia a nova raça. A presença dos poços e dutos de ventilação que emergiam ao longo da colina – de fato, por todo o lado, exceto no vale – mostrava o quão amplas eram as ramificações do mundo subterrâneo.
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“E era natural assumir que era no mundo subterrâneo que se realizava o trabalho que não se realizava no mundo da superfície. Era tão plausível que aceitei sem hesitar. A partir do que continuei até assumir que a separação das espécies humanas acontecera. Ousaria dizer que vocês que antecipam a forma que minha teoria apresenta, apesar de sentir há ainda pouco de verdade no caso.
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“Mas, de início, a começar pelos problemas de nossa própria era, parecia-me tão claro como o dia que o avanço gradual das diferenças temporais e sociais entre os capitalistas e os trabalhadores era a chave da explicação. Sem dúvida isso pareceria suficientemente grotesco para vocês a ponto de ser inacreditável, e ainda mesmo agora existem circunstâncias que apontam o caminho que as coisas seguirão. Há uma tendência ampla de se utilizar os espaços subterrâneos para os propósitos menos ornamentais da civilização; há o metrô de Londres, por exemplo, e todas estas novas ferrovias elétricas; e os metrôs, e as oficinas e os restaurantes nos subsolos, etc. Evidentemente, eu pensei que tal tendência teria crescido até que a indústria tivesse gradualmente perdido qualquer visão da luz do dia, com fábricas cada vez maiores no subterrâneo, nas quais os trabalhadores passariam a maior parte dos tempo. Atualmente, um trabalhador de East End vive em tais condições artificiais que praticamente o exilam da superfície natural da terra e da vida a céu aberto.”

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"Beneath my feet, then, the earth must be tunneled out to an enormous extent, and in these caverns the new race lived. The presence of ventilating shafts and wells all along the hill slopes—everywhere, in fact, except along the river valley—showed how universally the ramifications of the underworld extended.
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"And it was natural to assume that it was in the underworld that the necessary work of the overworld was performed. This was so plausible that I accepted it unhesitatingly.
From that I went on to assume how the splitting of the human species came about. I dare say you will anticipate what shape my theory took, though I soon felt it was still short of the truth of the case.
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"But at first, starting from the problems of our own age, it seemed as clear as daylight to me that the gradual widening of the present merely temporary and social difference of the capitalist from the laborer was the key to the explanation. No doubt it will seem grotesque enough to you and wildly incredible, and yet even now there are circumstances that point in the way things have gone. There is a tendency plainly enough to utilize underground space for the less ornamental purposes of civilization; there is the Metropolitan Railway in London, for instance, and all these new electric railways; there are subways, and underground workrooms, restaurants, and so forth. Evidently,
I thought, this tendency had increased until industry had gradually lost sight of the day, going into larger and larger underground factories, in which the workers would spend an increasing amount of their time. Even now, an East End worker lives in such artificial conditions as practically to be cut off from the natural surface of the earth and the clear sky altogether. Cap. 7



Temos então duas raças que se originaram de duas classes sociais. Uma segmentação que se radicalizou ao longo dos milênios. Os aristocratas, os burgueses se destacam das 'classes médias' e operárias – de forma que há um 'isolamento geográfico'- os 'belos' habitam a superfície, enquanto os 'malditos' moram nos subterrâneos.
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Aqui há toda uma denúncia de cunho socialista-marxista que se utiliza de uma narrativa de Ficção Científica: a divisão social entre donos do Capital e os donos da Força de Trabalho que se radicaliza até a formação de suas raças – uma humana abobalhada e outra sub-humana predadora! Esta divisão era tema de múltiplas teses sérias no fim do século 19 e início do 20 – época da publicação de “The Time Machine” - e que se perderiam do rumo ao longo da Guerra Fria e da Pax Americana.
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A Literatura aqui se utiliza de um terror futurístico para fazer uma denúncia de um mal-estar atual: assim como temos hoje a literatura e os filmes apocalípticos de caos ecológico e fim-do-mundo em névoas tóxicas. O recurso de se apresentar um futuro distópico – ou seja, não perfeito, mas ameaçador – é um fascínio mórbido que leva ao esperado despertar das gerações atuais – antes que o 'previsto' caos aconteça.
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Contudo, diferente do que esperavam os socialistas de outrora, a Humanidade não se segmentou: novas camadas sócias foram se 'ensanduichando' entre os Burgueses e os Proletários. Temos os burocratas (que até formou uma 'nova classe' na URSS), temos os pequenos-burgueses, temos os profissionais-liberais, temos os políticos, temos os artistas, temos a aristocracia operária (os operários qualificados, os sindicalistas, etc).
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Por outro lado, a exploração, o trabalho exaustivo, a guerra de finanças, a Mais-Valia, e a Alienação não se extinguiram – tudo ficou mais sutil e digestivo. Alguns ganham mais do que outros e aceitam assim o mundo que explora os demais 'assalariados'. Ninguém se preocupa com os proletários a não ser os próprios proletários – enquanto os pequenos-burgueses sonham em ser os burgueses de amanhã.
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Mas os Morlocks não tiveram chance. Foram deformados pela vida subterrânea ao longo de milênios, num isolamento que impossibilitou qualquer 'miscigenação', no que se produz uma outra sub-raça. Ao contrário dos Elois, seres domesticados, os Morlocks são seres selvagens. Possuem pêlos e garras, e dentes próprios de bestas carnívoras. Aliás, de onde vem a carne para o banquete bárbaro das criaturas do subsolo? A verdade é atordoante.
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“A visão que eu tive desta caverna foi aquela possível enquanto queimava-se o fósforo. Minha lembrança do que vi é agora um tanto vaga. Grandes formas como se fossem máquinas se destacavam no escuro e projetava estranhas sombras, nas quais os espectrais Morlocks se escondiam do clarão. A propósito, o lugar era abafado e opressivo, e o ligeiro hálito de sangue fresco derramado pairava no ar. Logo abaixo no área central estava uma pequena mesa de metal branco sobre a qual parecia estar uma refeição. Os Morlocks eram assim carnívoros. Mesmo naquele momento eu lembro de pensar que animal de grande porte poderia ter sobrevivido para prover as rubras juntas que eu percebi. Era bem indistinto, o cheiro denso, as grandes formas vagas, as figuras esbranquiçadas que se escondiam nas sombras, e apenas esperando a escuridão para avançar novamente. Então o fósforo ardeu até queimar-me os dedos e caiu, uma faísca sinuosa no escuro.
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“Pensei no quão mal esquipado eu estava. Quando eu começara a Máquina do Tempo eu tinha a absurda suposição de que os homens do futuro certamente estaria a nossa frente em todos os seus desenvolvimentos. Eu tinha vindo sem armas, sem remédio, sem algo para fumar – às vezes eu sentia falta de uma cigarro, - mesmo sem fósforos suficientes. Se eu tivesse ao menos pensado numa câmera fotográfica! Eu poderia ter disparo o flash que iluminaria o subterrâneo num segundo e examinar com calma. Mas o caso é que eu lá estava apenas com as armas que a natureza me dera – mãos, pés, e dentes – exceto os quatro últimos fósforos que eu ainda tinha.

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"The view I had of this cavern was as much as one could see in the burning of a match. Necessarily my memory of it is very vague. Great shapes like big machines rose out of the dim and threw grotesque black shadows, in which the spectral Morlocks sheltered from the glare. The place, by the bye, was very stuffy and oppressive, and the faint halitus of freshly shed blood was in the air. Some way down the central vista was a little table of white metal upon which a meal seemed to be spread. The Morlocks at any rate were carnivorous. Even at the time I remember thinking what large animal could have survived to furnish the
red joint I saw. It was all very indistinct, the heavy smell, the big unmeaning shapes, the white figures lurking in the shadows, and only waiting for the darkness to come at me again. Then the match burned down and stung my fingers and fell, a wriggling red spot in the black.
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"I have thought since how particularly ill equipped I was. When I had started with the Time Machine I had started with the absurd assumption that the men of the future would certainly be infinitely in front of us in all their appliances. I had come without arms, without medicine, without anything to smoke,—at times I missed tobacco frightfully,—even without enough matches. If I had only thought of a kodak! I could have flashed that glimpse of the underworld a second and examined it at leisure. But as it was, I stood there with only the weapons and powers that Nature had endowed me with—hands, feet, and teeth—except
four safety matches that still remained to me. Cap. 8

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Se os Morlocks são carnívoros, e não havendo mais animais de grande porte sobre a Terra, só restam mesmo os Elois, que passam a ser a fonte de alimentação – ou seja, os belos seres da superfície são mesmo o 'gado' dos que vivem nos subsolos.

Horrorizado diante da Distopia – a Utopia desfeita, arruinada – O Viajante precisa enfrentar os Morlocks para sobreviver e recuperar a Máquina do Tempo. É o momento de aventura que revela o herói no Narrador. Um pouco de aventura num livro excessivamente 'sociológico', digamos.
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Cumprindo seu dever de herói, o Viajante adentra o covil dos humanóides-trogloditas subterrâneos e se apossa da Máquina do Tempo, segundos antes de ser cercado. Ele reativa o mecanismo temporal e consegue se livrar da armadilha. Mas acaba avançando mais e mais no futuro até um momento em que a Terra estará mesmo arruinada, onde seres semelhantes a gigantescos caranguejos rastejam iguais a lesmas nas praias de um mar já falecido.

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“Eu já narrei para vocês o mal-estar e a confusão mental que acontece durante uma viagem no tempo. E neste momento eu não estava propriamente sentado, mas num posição instável. Por um tempo indefinido eu me inclinei na máquina enquanto ela vibrava, o quão desatento eu seguia, e quando me dei conta ao olhar os números do monitor fiquei assustado ao perceber o quão longe tinha chegado. Números indicavam dias, outros milhares de dias, outros milhões de dias, e outro milhares de milhões. Agora, ao contrário de reverter os controles, eu tinha avançado mais e mais, e, quando olhei novamente os indicadores, notei que os que indicavam milhares deslizavam tão rapidamente como os de segundos, rumo ao futuro.
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“Com cautela, ao lembrar da queda anterior, eu comecei a reverter a velocidade. Mais lentamente os dígitos deslizavam, até que os números de milênios pareciam parar e os de dias não mais deslizavam nebulosos ao longo da escala. Lentamente, até que a névoa ao meu redor tornou-se distinta, e se tornaram visíveis os vultos de uma colina e do mar.
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“Mas, enquanto meu movimento tornava-se lento, eu percebia que nenhuma mudança ocorria entre dia e noite. Um amplo crepúsculo se estendia sobre a Terra. E o aro de luz que indicava o sol, eu notava, tinha se desvanecido, mais para o quase invisível no leste, e no oeste tudo se tornava mais avermelhado. O círculo das estrelas crescendo lentamente dava lugar a crepitantes pontos de luz. Ao fim, algum tempo antes que eu parasse, o sol, vermelho e imenso, estava suspenso imóvel sobre o horizonte, um vasto domo brilhando com calor reduzido. O trabalho das marés estava completa. A Terra tinha se voltado para repousar com uma face para o sol assim como em nossa era a lua encara a Terra.”

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“I HAVE already told you of the sickness and confusion that comes with time traveling. And this time I was not seated properly in the saddle, but sideways and in an unstable fashion. For an indefinite time I clung to the machine as it swayed and vibrated, quite unheeding how I went, and when I brought myself to look at the dials again I was amazed to find where I had arrived. One dial records days, another thousands of days, another millions of days, and another thousands of millions. Now instead of reversing the levers I had pulled them over so as to go forward with them, and when I came to look at these indicators I found that the
thousands hand was sweeping round as fast as the seconds hand of a watch, into futurity.
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"Very cautiously, for I remembered my former headlong fall, I began to reverse my motion. Slower and slower went the circling hands, until the thousands one seemed motionless and the daily one was no longer a mere mist upon its scale. Still slower, until the gray haze around me became distincter, and dim outlines of a low hill and a sea became visible.
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"But as my motion became slower there was, I found, no blinking change of day and night. A steady twilight brooded over the earth. And the band of light that had indicated the sun had, I now noticed, become fainter, had faded indeed to invisibility in the east, and in the west was increasingly broader and redder. The circling of the stars growing slower and slower had given place to creeping points of light. At
last, some time before I stopped, the sun, red and very large, halted motionless upon the horizon, a vast dome glowing with a dull heat. The work of the tidal drag was accomplished. The earth had come to rest with one face to the sun even as in our own time the moon faces the earth. Cap. 13

[…]

“O céu não era mais azul. No rumo nordeste estava tudo escurecido, e na escuridão brilhavam as estrelas empalidecidas. Acima da cabeça havia um profundo vermelho, e sem estrelas, e , no rumo sudeste ficava mais brilhante até onde, cortada pelo horizonte, jazia a casca imóvel do grande sol vermelho.
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“As rochas ao meu redor era avermelhadas, e todo o traço de vida que eu pudia ver, de início, era a intensa vegetação verde que cobria cada ponto proeminente lá no lado sudoeste. Era o mesmo extenso verde que se vê nos musgos de florestas ou nos líquens de cavernas, plantas que, como tais, crescem num perpétuo crepúsculo.”
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"The sky was no longer blue. Northeastward it was inky black, and out of the blackness shone brightly and steadily the pale white stars. Overhead it was a deep Indian red, and starless, and southeastward it grew brighter to where, cut by the horizon, lay the motionless hull of the huge red sun.
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"The rocks about me were of a harsh reddish color, and all the trace of life that I could see at first was the intensely green vegetation that covered every projecting point on its southeastern side. It was the same
rich green that one sees on forest moss or on the lichen in caves, plants which, like these, grow in a perpetual twilight.

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O Viajante anota mentalmente tudo o que viu, e resolve voltar para casa, no século 19, a tempo de narrar – como agora faz – aos amigos a experiência sensacional ao longo da 'quarta-dimensão'. Quanto a esta visão deveras apocalíptica da Terra agônica, ressecada e sem-viva, antes de ser devorada pelo Sol então inchada gigantesca Estrela Vermelha, nos milhares de milênios futuros, depois geraria um subgênero na Ficção Científica – os livros sobre a Dying Earth (Terra agonizante). O que seria um mundo sem humanos? O quão semelhante a Era dos Dinossauros? Um outro planeta Marte – desertificado e inabitável? Eis algo a excitar a imaginação dos ficcionistas. Mais detalhes nos links da Wikipedia.

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Sci Fi subgênero Dying Earth
http://en.wikipedia.org/wiki/Dying_Earth_%28subgenre%29
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Apocaliptic Fiction
http://en.wikipedia.org/wiki/Apocalyptic_and_post-apocalyptic_fiction

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A abundância de material sobre Viagens no Tempo mais inviabiliza um olhar total do que informa realmente sobre as várias sub-temáticas possíveis no mundo da Ficção e Fantasia. Existem viagens no Tempo sem recurso, digamos, científico-tecnológico. Podem viajar no Tempo os deuses, os semi-deuses, os magos, as fadas, os bruxos, as vítimas de encantamentos. Mas então adentramos o terreno da Fantasia pura e simples. O que nunca faltou no âmbito da Mitologia. A Mitologia que nunca procurou se 'legitimar' com referências ao mundo da Ciência. Veremos nos próximos ensaios quanto Mitologia e Ciência se antagonizam e se interagem no discurso ficcional.



Abr/11


por Leonardo de Magalhaens

http://leoliteraturaescrita.blogspot.com/


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Outros Links


Interessante: 'documentário' sobre viagem no tempo
http://www.imdb.com/title/tt1441914/
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The Time Machine
na Wikisource
http://en.wikisource.org/wiki/The_Time_Machine
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Versão usada nas citações
http://en.wikisource.org/wiki/The_Time_Machine_(Holt_text)
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sobre Viagem no Tempo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Viagem_no_tempo



filmes baseados em
The Time Machine

1960
http://www.youtube.com/watch?v=rcziOmxNuus

1978
http://www.youtube.com/watch?v=ljeAWqfQjsg&feature=related

2002
http://www.youtube.com/watch?v=jQbmX-TY3t8&feature=related

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filmes e livros com a temática
Viagem no Tempo
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romance de Isaac Asimov
The End of Eternity ” / 1955
(O Fim da Eternidade)
http://pt.wikipedia.org/wiki/The_End_of_Eternity
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Em Fim da Eternidade, uma equipe de 'guardiões do Tempo', Eternals, homens de várias eras da História, unidos justamente na 'Eternidade', um lugar fora-do-tempo, a cuidarem para que a Humanidade siga determinado curso 'seguro' na História – inclusive impedindo uma expansão pela Galáxia, o que levaria a uma Império Galáctico – e aparece em vários momentos da História para 'ajustar' este curso determinado. Ou seja, a Humanidade não escolhe, mas uns poucos 'iluminados' atemporais escolhem o que seja o 'caminho seguro'. Até que uma série de paradoxos interferem, e um dos guardiões, um Técnico, 'muda de lado'. É o momento em que a Eternidade será superada – e a livre-escolha dos humanos a substituir o 'destino determinado', além da possibilidade de um Império Galáctico no futuro.

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filmes

De Volta para o Futuro
(Back To the Future / 1985)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Back_to_the_Future
http://www.youtube.com/watch?v=2SrV13F3x7Y
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Timecop / 1994
http://www.youtube.com/watch?v=jK3c6nK5izk

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série

BBC serie Doctor Who
(desde 1963)
http://www.youtube.com/watch?v=jPajMRah4hI&feature=related


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LdeM

quinta-feira, 14 de abril de 2011

sobre "A Máquina do Tempo" - H. G. Wells (1:2)





sobre “A Máquina do Tempo” (“The Time Machine”, 1895)

obra de H. G. Wells (1866-1946)



A Literatura para viajar no Tempo


1:2



Intro



A Viagem no Tempo


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As especulações sobre o 'deslocar' no Tempo tem sido motivadas tanto por questões físicas, astronômicas, metafísicas quanto por fantasias as mais exóticas. Uma necessidade de se localizar no Momento – o que pressupõe relembrar o Passado e idealizar o Futuro – leva a mente humana a nunca se situar plenamente no momento vivido. É um constante 'lançar-se' no Tempo, ora a lembrar o vivido ontem, ora a imaginar o que será vivido amanhã.

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Os estudos da 'quarta-dimensão' mostram que há todo um Universo de características 'relativas' (ou 'relativísticas') onde a posição do Observador – e sua velocidade – podem possibilitar diferentes 'percepções' de um Tempo que comumente julgamos 'único' – segundo os estudos e as equações físicas relativísticas do físico judeu-alemão Albert Einstein (1879-1955). O Tempo pode ser 'alterado' por condições extremas – em relação as grandezas físicas absolutas, como a velocidade da luz – por exemplo, em buracos-negros, ou 'buracos-de-minhocas' (Wormholes, enquanto na série Fundação temos o 'salto no Hiperespaço' , e na série Star Trek, as 'dobras espaciais', Warp drive) .

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Sobre Hiperespaço, Buracos-de-minhoca, Dobras Espaciais




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É possível que o viajante do tempo tenha um tempo 'pessoal' (Tv)? E que possa 'assistir' o 'escoar' do Tempo como se fosse numa sessão de cinema? Em um minuto Tv ele pode ver 'passar uma hora, um mês, um ano, uma década no Tex? Para que ele veja o passar do tempo, ele precisa continuar no espaço – de modo que ele não desaparece! Ele avança o T= 1min, mas mantem a posição P= 0 m, e depois avança o T= 2 min, e a mesma posição P= 0m e assim enquanto durar a viagem (digamos que o viajante vai até o ano seguinte, T= 518.400 min, ele conservará a posição 0 m, ele não vai sair do lugar!

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Podem (aqueles que estão no Tex) construir um prédio naquela posição? Afinal, ele vai se 'esticar' ao longo de 500 mil minutos no mesmo lugar – e os que estão externamente poderão ver a máquina do tempo? Nos livros e nos filmes, a máquina desaparece. Por que? Afinal, a viagem é no tempo – não no espaço!

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O deslocar no Tempo é um conservar-se no Espaço. Suponhamos, a 'máquina do Tempo' está num laboratório no ponto X em relação ao quarteirão Y no bairro Z. E ocupa um ponto S do 'tecido espacial' – pois o bairro está numa cidade, que está num país, que está num planeta, e este num sistema solar, e este numa galáxia. E tudo se move! A Terra se move, o Sistema Solar se move, a Via-Láctea se move!

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Se o viajante se mantém num ponto X em relação ao quarteirão – está igualmente num ponto S em relação à galáxia. E as até as estrelas mudam de lugar. O ponto que o planeta ocupa hoje pode ter sido ocupado por outro planeta ou alguma estrela num dado momento do passado. E assim será em algum momento do futuro: daqui há um milhar de milênio, onde estamos pode ser ocupado por um outro sistema solar, ou um buraco-negro. Logo ao viajar para o século futuro, a 'máquina do tempo' pode reaparecer em pleno espaço sideral !

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E mesmo que não seja tão drástico (considerar que a coordenada espacial X em relação ao quarteirão e bairro seja 'mais importante') na 'viagem instantânea', o viajante pode se arriscar a 'surgir' num determinado ponto temporal ocupado por um prédio, um muro, um nada! Aquele que foi o seu quintal, por exemplo, no ano 2000, pode ser um conjunto residencial algumas décadas depois, assim como pode ser uma rodovia no século 22, digamos. Como saberá o viajante do tempo onde ele irá 'pousar'?

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De qualquer forma, a obra “The Time Machine” foi escrita antes dos estudos físicos relativísticos de Einstein, cuja obra (de 1905) mostra as diferenças temporais entre um objeto em velocidade inferior da velocidade da luz (c=300 mil km/s!) - ou seja, em nosso mundo 'newtoniano' – e um objeto acelerado até velocidades quase da velocidade da luz (c) Um exemplo clássico da 'dilatação temporal' é o “Paradoxo dos Gêmeos”. Onde irmãos gêmeos são separados e embarcam em viagens com acelerações diversas em 'tempos' diferentes.

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em video


time travel ?



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Outro paradoxo famoso e enigmático é o “Paradoxo do Avô”, sobre se há alguma possibilidade de alterar o passado através de uma viagem no tempo. Supondo que o sujeito X atravesse o tempo até o passado e de algum modo – intencional ou acidental – cause a morte do próprio avô (antes que esse venha a conhecer a avó, e ter filhos). Então, este sujeito irá nascer? E se não nascer, ele poderá voltar no tempo e causar a morte do antepassado? É esse o paradoxo.

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Ver mais em


A quarta dimensão


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Continuemos com as nossas especulações físicas-fantásticas (aliás, o sensacional na SciFi é justamente isso: a mescla de Ciência + Fantasia) até poderíamos dizer que a viagem no Tempo até seria possível: mas apenas para o Futuro … sem possibilidade de volta.

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Seria até possível um 'deslocamento' no Tempo (Tex) rumo ao futuro, caso o viajante fosse 'congelado' – não exatamente num processo criônico – mas numa espécie de 'cúpula magnética' onde se criaria um TV diferente do Tex. O tempo do viajante é diferente do normal externo. Ele poderia encontrar-se décadas depois, com a mesma 'idade' físico-mental. Mas no Tex tudo mudou! E ele não poderá voltar no tempo – ao ponto de partida.

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Por exemplo, voltemos à ficção. O exemplo de Buck Rogers, no seriado televisivo, que estando numa nave espacial, sofre um 'congelamento' que o mantém com a mesma idade física e mental até o despertar em pleno século 25. Suas habilidades físicas e capacidades cognitivas são plenamente conservadas ao longo de praticamente 5 séculos! Quanto ao processo 'criônico' temos o exemplo do policial despertado décadas depois no filme norte-americano “Demolition Man” (de 1993, no Brasil “O Demolidor”). Gerações atuais poderiam ser 'conservadas' para um despertar no futuro – seria uma espécie de 'viagem no tempo' – mas sem volta.

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Video / Buck Rogers


Demoliton Man


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Durante a 'viagem no tempo', indagamos, há uma duração de tempo para o viajante do tempo, a ponto de que seja possível ver-se o 'tempo externo' (Tex) passar acelerado – como se o 'tempo do viajante' (Tv) fosse 'congelado'? Ou uma viagem no tempo é um 'deslocamento' instantâneo?

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mais sobre a Time travel



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outros paradoxos e limitações da Viagem no Tempo http://en.wikipedia.org/wiki/Blinovitch_Limitation_Effect


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cenas de 'passagem do tempo' no filme The Time Machine (2002)


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A Obra



O romance de H. G. Wells tem um protagonista e um narrador. Ambos são pouco definidos, afinal, o enredo é mais interessante, não as personagens. O narrador refere-se ao protagonista – que depois torna-se também narrador – apenas como 'viajante do tempo' (Time Traveler), aliás, um excêntrico cientista, que aborda temas cabalísticos como a 'viagem na quarta dimensão'.

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O cientista-explorador do tempo precisa antes de tudo convencer os amigos visitantes. Que nova invenção mirabolante terá despertado a obsessão do visionário fanático do Tempo? (Excessiva pontualidade britânica também tem seus efeitos colaterais, não?) O ceticismo do senso comum precisa ser quebrado por experiências. O empiricismo é o argumento-mor para comprovar todo um sistema de ideias – ainda mais no apogeu do pragmatismo. Assim o Time Traveller construiu um modelo em proporções humanas da tal 'máquina' do tempo e pretende comprovar suas ideais sobre a 'viagem na quarta-dimensão.

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“Obviamente”, continuava o Inventor filósofo, “qualquer corpo deve ter extensão em quatro direções: deve ter comprimento, largura, espessura e … duração. Mas apesar da natural falta de firmeza do corpo, a qual explicarei num minuto, nós tendemos a menosprezar o fato. Existem realmente quatro dimensões, três das quais denominamos os três planos do Espaço, e um quarto, o Tempo. Há, de qualquer modo, a tendência a esboçar uma irreal distinção entre as primeiras três dimensões e a última, pois acontece que nossa consciência move-se continuamente numa direção ao longo da dimensão temporal desde o começo até o fim de nossas vidas.” (trad. LdeM)

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"Clearly," the Philosophical Inventor proceeded, "any real body must have extension in four directions: it must have Length, Breadth, Thickness, and—Duration. But through a natural infirmity of the flesh, which I will explain to you in a moment, we incline to overlook the fact. There are really four dimensions, three which we call the three planes of Space, and a fourth, Time. There is, however, a tendency to draw an unreal distinction between the former three dimensions and the latter, because it happens that our consciousness moves intermittently in one direction along the latter from the beginning to the end of our lives." c.1

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Após conquistar a atenção dos amigos – que não são nomeados, exceto o cético Filby, os demais personificam as profissões, o Médico, o Psicólogo, o Prefeito, - todos eles pessoas distintas, personalidades com cargos públicos, respeitados – em suma, o 'senso comum'. O Viajante é desafiado – devido ao tom excêntrico das ideias – tal como um Fileas Fogg – em “A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, de Verne – com o diferencial de que a 'viagem' aqui não será no Espaço, mas no Tempo.

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Para o Viajante-filósofo – e para os sábios cientistas – o Tempo seria uma outra espécie de 'Espaço', ao que se pode indagar se é possível de 'deslocar' no Tempo como se desloca no Espaço. Se é possível se deslocar – e até com velocidade – no Espaço, será isso possível no Tempo? Usaremos trens, balões, foguetes para viagens 'temporais'? Como 'avançar' e 'recuar' na 'quarta-dimensão'? O Explorador-do-Tempo tem suas respostas de pensador e inventor.

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“Mas a grande dificuldade é esta”, interrompeu o Psicólogo, “Você pode se mover em todas as direções do Espaço, mas você não pode se mover no Tempo.” “Eis o germe da minha descoberta. Mas vocês estão errados em dizer que não podemos nos mover no Tempo. Por exemplo, se eu rememoro um incidente muito vívido eu posso voltar a este instante da ocorrência; fico meio ausente, como vocês dizem. Eu regresso ao momento. Claro que nós não temos meios de retornar por mais tempo do que um selvagem ou animal poderia se manter alguns metros acima do chão. Mas um homem civilizado é bem melhor que um selvagem neste quesito. Nós superamos a gravitação ao usarmos um balão, e por que não esperaríamos que atualmente o homem civilizado fosse capaz de parar ou acelerar seu trajeto na Dimensão Tempo; ou mesmo voltar-se e viajar em outra direção?”

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"But the great difficulty is this," interrupted the Psychologist: "You can move about in all directions of Space, but you cannot move about in Time." "That is the germ of my great discovery. But you are wrong to say that we cannot move about in Time. For instance, if I am recalling an incident very vividly I go back to the instant of its occurrence; I become absent-minded, as you say. I jump back for a moment. Of course we have no means of staying back for any length of time any more than a savage or an animal has of staying six feet above the ground. But a civilized man is better off than the savage in this respect. He can go up against gravitation in a balloon, and why should we not hope that ultimately he may be able to stop or accelerate his drift along the Time Dimension; or even to turn about and travel the other way?"

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A Viagem ao Futuro

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Os amigos – respeitados cidadãos não acreditaram muito na história da Máquina do Tempo – nem quando o Inventor-Filósofo demonstrou seus experimentos com uma máquina em miniatura. A máquina simplesmente vibrou e desapareceu – para o futuro, diz o inventor. Mas quem saberá? Qual futuro? A máquina não devia ter sido 'programada' para 'reaparecer' uma hora mais tarde? Assim todos ali poderiam vê-la! (Mas ele não ficaria ali por todos os 60 minutos que durariam a hora? Afinal, a 'viagem' é no tempo, não no espaço. A máquina – em seu tempo modificado – é que teria viajado 60 minutos em apenas 1 ou 2 segundos...)

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De qualquer forma, o Viajante marca uma reunião com os amigos, mas acaba deixando-os a esperar. Quando o anfitrião aparece, ele não está em condições muito apresentáveis, como um sobrevivente de uma tragédia,

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“Ele estava em péssima condição. Seu paletó estava empoeirado e sujo, manchado de verde nas mangas; o cabelo em desordem, e bem mais grisalho – ou porque empoeirado e sujo, ou porque realmente envelhecera. Sua face estava horrivelmente pálida; e no queixo um corte, já meio cicatrizado; com uma expressão de fadiga e exaustão, como se causada por intenso sofrimento. Por um momento ele hesitou junto a soleira da porta, como se ofuscado pela luz. Então ele avançou para dentro, a caminhar como se fosse um coxo, um andarilho com os pés feridos. Enquanto nós mantínhamos o silêncio, a espera de suas palavras. Ele nada disse, mas veio dolorosamente até a mesa, e desejou um pouco de vinho. O Editor encheu uma taça de champanha e a ofereceu. Ele a esvaziou, o que lhe pareceu bem; pois ele olhava ao redor da mesa, e o espectro de um sorriso esboçou-se em sua face.”

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He was in an amazing plight. His coat was dusty and dirty, and smeared with green down the sleeves; his hair disordered, and as it seemed to me grayer—either with dust and dirt or because its color had actually faded. His face was ghastly pale; his chin had a brown cut on it—a cut half-healed; his expression was haggard and drawn, as by intense suffering. For a moment he hesitated in the doorway, as if he had been dazzled by the light. Then he came into the room. He walked with just such a limp as I have seen in footsore tramps. We stared at him in silence, expecting him to speak. He said not a word, but came painfully to the table, and made a motion toward the wine. The Editor filled a glass of champagne and pushed it toward him. He drained it, and it seemed to do him good; for he looked round the table, and the ghost of his old smile flickered across his face. c.2

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O que terá presenciado – e vivido – o Viajante para retornar em situação tão deplorável? Que experiências tem ele a testemunhar aos amigos? É quando ele, o Viajante, passa a ser o Narrador – um Narrador dentro de um Narrador (o primeiro a contar o caso é o amigo, um tipo meio Watson) – a apresentar em 1ª pessoas um relato dos eventos do Futuro.

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Ele descreve o 'fenômeno' da viagem no Tempo. No laboratório, em sua máquina ele pode ver o Tempo externo como que acelerado – enquanto ele permanece no mesmo lugar ao longo do Tempo. O que é duplamente estranho: 1/ Ele se conserva em seu tempo 'normal' – para ele – em relação a um Tempo acelerado? Ou seu tempo é 'desacelerado', enquanto o Tempo externo é mantido normal – rumo ao futuro? 2/ Se ele está ali – num tempo 'normal' em relação ao 'tempo acelerado' – por que não é visto pela empregada? Por estar em outra 'vibração'? Ele está então 'invisível'? Num 'padrão de onda' não perceptível pelos nossos olhos no Tempo 'normal'?

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“Prendi o fôlego, cerrei os dentes, segurei firme a alavanca com ambas as mãos e deslizei com um baque. O laboratório ficou enevoado e ensombrecido. A Sra. Watchett veio, caminhou sem aparentemente olhar-me, seguindo para a porta do jardim. Acho que ela levou um minuto para atravessar o cômodo, mas para mim ela se deslocava através da sala como um foguete. Eu pressionei a alavanca à posição extrema. A noite surgiu como se uma lâmpada se apagasse, e no momento seguinte veio a manhã. O laboratório escurecia e se enevoava, cada vez mais escuro. A noite do dia seguinte veio escura, então foi dia novamente, e noite novamente, e dia novamente, cada vez mais rápido. Um murmúrio como se fosse de redemoinho enchia os meus ouvidos e uma estranha confusão dos sentidos descia sobre a minha mente.”

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"I drew a breath, set my teeth, gripped the starting lever with both my hands, and went off with a thud. The laboratory got hazy and went dark. Mrs. Watchett came in, and walked, apparently without seeing me, toward the garden door. I suppose it took her a minute or so to traverse the place, but to me she seemed to shoot across the room like a rocket. I pressed the lever over to its extreme position. The night came like the turning out of a lamp, and in another moment came to-morrow. The laboratory grew faint and hazy, then fainter and ever fainter. To-morrow night came black, then day again, night again, day again, faster and faster still. An eddying murmur filled my ears and a strange, dumb confusedness descended on my mind.

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Durante a 'viagem no tempo', indagamos, há uma duração de tempo para o viajante do tempo, a ponto de que seja possível ver-se o 'tempo externo' (Tex) passar acelerado – como se o 'tempo do viajante' (Tv) fosse 'congelado'? Ou uma viagem no tempo é um 'deslocamento' instantâneo – como se vê na série de cinema “Back To The Future” (1985, do diretor Robert Zemeckis) onde praticamente há um 'salto' entre 'dois pontos' temporais, enquanto se mantem o mesmo ponto no espaço?

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No filme de Zemeckis, o viajante no tempo – na quarta-dimensão – é transportado imediatamente para o passado ou futuro, ao desaparecer no espaço A no T=1 e aparecer no espaço A no tempo T= -1 (o passado) ou T= 2 (o futuro). No mesma rua do quarteirão de onde ele desaparece, em outro tempo determinado ele pode reaparecer. A posição, portanto, tem como referência a rua, o quarteirão, o planeta. Não o sistema solar, ou muito menos a galáxia.

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Back To the Future


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É uma questão relativística: afinal temos dois observadores. O interno (dentro da 'cápsula do tempo') e o externo (no laboratório, por exemplo). Se para o observador interno o Tempo externo (Tex) parece acelerado, para o observador externo é como se a cápsula desaparecesse. Mas tal não ocorre, afinal, o observador interno pode ver a presença acelerada do observador externo! Mas obviamente, o Autor H. G. Wells não tem qualquer pretensão de explicar 'paradoxos' temporais. Ele prefere – fiel aos seus ideais de coletivismo – pensar uma civilização futura. Ele prefere tecer divagações sociológicas, e simplesmente não se dedica mais aos parâmetros físicos da 'viagem no tempo'.

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Em sua viagem rumo ao futuro, o 'Viajante do Tempo' descobre que mantem-se na mesma localização geográfica no planeta Terra, e que muito mudou nos tantos milênios de 'avanço'. Aliás, um prodigioso avanço – até o ano 802.701 ! (Para se ter uma ideia, consideremos que os 'anos' aqui fossem meses – já seria um absurdo: 66.891 anos!

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“Por um momento eu fiquei pasmado, apesar do gesto dizer tudo. De repente a questão surgiu em minha mente: estas criaturas eram idiotas? Você dificilmente entenderiam. Vejam que eu sempre previa que as pessoas do ano 800.000 estariam inacreditavelmente avançado em relação a nós no quesito conhecimento, arte, em tudo. Então subitamente um deles me pergunta uma questão que revela que o nível intelectual deles é de uma criança de cinco anos – ao perguntar-me, de fato, se eu tinha vindo do sol num trovão! O que desatou o meu julgamento que eu suspendera quanto às suas roupas, a fragilidade e a leveza de seus corpos. Uma torrente de decepção me invadiu. Por um momento eu sentia que construíra a Máquina do Tempo em vão.”

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"For the moment I was staggered, though the import of his gesture was plain enough. The question had come into my mind abruptly: Were these creatures fools? You may hardly understand how it took me. You see I had always anticipated that the people of the year Eight Hundred Thousand odd would be incredibly in front of us in knowledge, art, everything. Then one of them suddenly asked me a question that showed him to be on the intellectual level of one of our five-year-old children—asked me, in fact, if I had come from the sun in a thunderstorm! It let loose the judgment I had suspended upon their clothes, their frail, light limbs, and fragile features. A flow of disappointment rushed across my mind. For a moment I felt that I had built the Time Machine in vain. C. 3

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No futuro, o Viajante, que tanto previra a evolução das civilizações, se percebe a viver numa 'distopia', ou seja, uma Utopia ao contrário. (Abordaremos a questão Utopia-Distopia em breve) Se logo de início, ele se acredita numa 'Idade do Ouro', habitada por seres belos, pacificados, sem estresse, numa vida comunal (comunismo?, ele se pergunta), logo alguns detalhes sinistros revelam que há algo mais profundo – literalmente. Aquela 'paz' que parece rodear os Elois mostra-se um mal-entendido: existem sombras de um submundo. Quem são aqueles que dependem de respiradouros no mundo subterrâneo?

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“A calma do entardecer descia sobre o mundo quando eu saí do grande salão, e o cenário era iluminado pelo brilho morno do sol crepuscular. De início as coisas pareciam confusas. Tudo era inteiramente diferente do mundo que eu conhecera – mesmo as flores. A grande construção que eu tinha deixado estava situada num declive rumo ao vale onde corria o rio, mas o Tâmisa tinha mudado, talvez uma milha em relação a posição atual. Eu decidira escalar a colina, possivelmente uma milha e meia, de onde eu poderia ter uma visão ampla deste nosso planeta no ano 802.701. Pois esta era a data que o pequeno mostrador da máquina mostrava.

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“Enquanto eu caminhava mantinha-me atento a cada impressão que pudesse me ajudar a explicar a condição de esplendor em ruínas na qual eu encontrava o mundo – pois em ruínas ele estava. A trilha até a colina, por exemplo, era uma grande monte de granito, limitado por massas de alumínio, um vasto labirinto de muros desabados e escombros, no meio dos quais haviam densas vegetações, com bordas marrons ao redor das folhas, e sem espinhos. Aquilo era sem dúvida o resto de alguma grande estrutura, construída para um propósito que eu não poderia determinar. Seria ali que estaria destinado, em momento posterior, a ter uma estranha experiência – a primeira insinuação de uma estranha descoberta – mas sobre a qual falarei quando oportuno.

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"The calm of evening was upon the world as I emerged from the great hall, and the scene was lit by the warm glow of the setting sun. At first things were very confusing. Everything was so entirely different from the world I had known—even the flowers. The big building I had left was situated on the slope of a broad river valley, but the Thames had shifted, perhaps a mile from its present position. I resolved to mount to the summit of a crest, possibly a mile and a half away, from which I could get a wider view of this our planet in the year 802,701, A. D. For that, I should explain, was the date the little dials of my machine recorded.

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"As I walked I was watchful of every impression that could possibly help to explain the condition of ruinous splendor in which I found the world—for ruinous it was. A little way up the hill, for instance, was a great heap of granite, bound together by masses of aluminum, a vast labyrinth of precipitous walls and crumbled heaps, amid which were thick heaps of very beautiful pagoda-like plants—nettles possibly, but wonderfully tinted with brown about the leaves, and incapable of stinging. It was evidently the derelict remains of some vast structure, built to what end I could not determine. It was here that I was destined, at a later date, to have a very strange experience—the first intimation of a still stranger discovery—but of that I will speak in its proper place. C. 5



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continua...




Abr/11



por Leonardo de Magalhaens





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quinta-feira, 7 de abril de 2011

sobre a Ficção Científica (Sci-Fi)





Literatura de Ficção Científica

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Máquina do Tempo / Fundação (trilogia) / Crônicas Marcianas

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Ficção Científica

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Intro

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Enredos com viagens e viajantes excêntricos em terras e épocas nunca dantes exploradas. Paisagens oníricas e civilizações bizarras. Novas tecnológicas para libertação e para escravização. Novos mundos de dominação e/ou livre-entretenimento. Tudo 'ficção científica' ou pode ser real?

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As origens da Ficção-Científica (ou Science-Fiction, ou Sci-Fi) estão nebulosamente confundidas com as narrativas de fantasia e de aventuras, tanto que alguns consideram as origens na obra fantasia-terror de Mary Shelley, “Frankenstein”, enquanto outros apontam o pluri-imaginático Jules Verne, autor de “Viagem à Lua” (ou “Da Terra à Lua”, “De la Terre à la Lune”, 1865), autor mais representativo na categoria 'Aventuras'. (O livro é famoso pela ideia de se lançar uma cápsula tripulada até a Lua através de um disparo de um imenso canhão! É justamente o método – propulsão – usado nas viagens da segunda metade do século 20, após a invenção dos foguetes (rockets/missiles/aircrafts) – pelo engenheiro alemão Wernher von Braun, 1912-1977, que trabalhou para os nazistas, e depois para NASA)

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Realmente inspiradas em técnicas científicas, as narrativas de Verne não atingem o nível de 'cientificismo' de um H. G. Wells (Herbert George, 1866-1946) que na virada do século 19 para o 20, ao nutrir-se de todo um clima de 'vitória da ciência sobre a incultura e a barbárie', conseguiu criar uma série de obras que podemos, sem dúvida, declarar Ficção e Científica. Não apenas fantasia, mas uma busca de 'legitimação' nem que pseudo-científica, para os eventos da fantasia.

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E muitas vezes é assim: Fantasia e Realidade co-abitando um mesmo cenário. É a Terra que os marcianos invadem. É na Terra que a viagem no Tempo é ousada. É na Terra que o cientista se torna um 'homem invisível'. O comum, o cotidiano se confunde com o inusitado, o bizarro. E tudo plenamente 'justificado' com algum 'lei científica'. (E nem vamos considerar aqui o quanto há de 'arbitrário' nas tais 'leis' científicas, deixemos esta questão para o matemático-filósofo Bertrand Russell, 1872-1970.)

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A Ciência é sempre invocada para 'dar ordem' a um fenômeno inicialmente inexplicado. Suas 'leis' re-estabelecem um lugar de 'normalidade' no que parecia caótico. E por que? Nada mais que a Ciência tornou-se uma espécie de 'Religião secular'. (E tanto que religiosos passam também a usar argumentos científicos para defenderem seus sistemas de crenças!)

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O autor de SciFi tem assim um 'faro' para testar tais 'leis' inexoráveis e ousar os limites destas validades universais – o que seria 'normal' num planeta como a Terra seria normal nos anéis de Saturno? Nas geleiras de Plutão? Seres que vivem de gás carbônico desenvolvem inteligência? Seres com guelras no fundo do mar desenvolvem civilização? Naves de mundos exteriores podem atingir e atacar o nosso planeta? Máquinas podem se deslocar no tempo?

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O terror que muitas vezes a SciFi desperta advém das ousadias que testam os limites do poderio da Ciência: até onde a Ciência serve aos propósitos humanos e quando ela passa a dominar a vida humana? Ou ainda: a Ciência é nossa serva ou somos meros reféns dos avanços científicos? Afinal, a cada 'conquista' científica ficamos ainda mais dependentes. Como seria nossa vida sem navios, trens, automóveis, ar condicionado, elevador, telefone celular, computador?

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Fora isso: as possibilidades de 'outras' realidades – universos paralelos e/ou alternados – ou que a realidade não seja exatamente o que pensamos ser – realidade manipulada, ou virtual – seja por extraterrestres, viajantes do tempo ou programadores digitais. Filmes tais como “Tron” (1982) e “Matrix” (1999) mostram o quanto estes temores – e fascínio! - convivem com as invenções mais inovadoras da nossa época, o mundo tecnológico. Dominamos as invenções, ou somos dominados?

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Controlamos os nossos destinos? Ou algum grupo de 'iluminados' detêm um poder sutil e oculto que nos 'manobra' ? E sem que sequer tenhamos uma desconfiança – ou se desconfiança, não temos provas! Estes grupos de 'conspiradores' – sejam ETs, sábios oligárquicos, vampiros e/ou magos, comunistas, gnósticos, merovíngios, maçons, Templários, Sábios de Sião, Illuminati, reptilianos, intraterrenos, etc – atuariam nos 'bastidores' do poder que julgamos ser o nosso 'poder democrático'!

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Nas temáticas de Viagens no Tempo e de Impérios e Guerras nas Galáxias, com uma fartura de sub-temas e variações de enredos, é de se pensar: A Terra (será este mesmo o nome?) pode até ser parte de um 'Império' não humano (quem sabe não dos 'Reptilianos'?) Os OVNIs podem ser intra ou extraterrestres – ou podem também ser do Futuro! Pode ser possível que as futuras gerações tenham 'descoberto' a viagem no tempo e se arriscado a fazer-nos uma 'visitinha'...!

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Ou o que podemos dizer dos 'anjos', os seres alados que visitavam constantemente os nossos remotos antepassados? Os patriarcas hebreus, os reis assírios, todos se comunicavam com 'criaturas aladas' com ares antropomórficos! Os 'anjos' podem ser aliens? Abraão recebeu a visita de ETs e acreditou ter visto seres astrais, do Além, advindas do Trono do Altíssimo? Por que não? Soa 'blasfemo'? Os deuses podem ser 'astronautas'? Seres de outro planeta? Ou de nosso próprio planeta nos séculos futuros?

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ETs / Reptilianos?


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Questão ufológica: extraterrestres ou viajantes do tempo?

Realismo fantástico?



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Eram os Deuses Astronautas? / E von Däniken


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Conspirações? / Os Illuminati


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Sobre o contexto das obras. Em quais culturas as obras de SciFi são mais significativas ? (Não consideremos aqui quantos autores existem, nem qual país bate os recordes. Sabemos, por exemplo, que a Polônia tem um mercado abundante de SciFi, mas somente Stanislaw Lem – autor de “Solaris” - se destaca.) Todos os livros de Ficção Científica e Distopias – os próximos seis ensaios – são escritos em língua inglesa, sendo três autores ingleses e dois norte-americanos. Por que temos este predomínio da língua inglesa?

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Há uma visível hegemonia anglo-saxã que se inicia nos fins do século 16 – na Era Isabelina, a mesma época de Shakespeare e da derrota da Armada espanhola. Ao longo do século 17, os ingleses lutam entre si – as guerras civis – depois conquistam a Irlanda e a Escócia, e povoaram o Canadá, a Nova Inglaterra (futuramente os primeiros 'Estados Unidos'), e a Austrália.

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Depois venceram – depois dos espanhóis – os holandeses, os franceses, depois perderam os Estados Unidos (no início do século 19), mas venceram os franceses de Napoleón, depois dominaram os mares e a Ásia-África (Egito, Índia, África do Sul, Birmânia) e derrotaram os alemães – duas vezes, em duas guerras mundiais (1914-18 e 1939-45), além dos italianos e japoneses (que foram 'aliados' na I Grande Guerra).

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Os norte-americanos – que receberam o 'cetro' das mãos dos britânicos – passaram ao predomínio das esferas militares e tecnológicas – em 'guerra fria' com os russos soviéticos – para lançarem satélites e missões tripuladas ao espaço sideral. Assim foram os norte-americanos os que primeiramente pisaram na superfície lunar (a menos que tenho tenha sido uma montagem hollywoodiana!) e atualmente pensam em missões tripuladas à Lua e a Marte. Quem viver, verá.

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Assim, com a hegemonia da ciência experimental e aplicada (armamentos!), os anglo-saxões estão na crista da onda da Ficção de Ciência – até como uma forma de divulgar a Ciência, como pensavam Arthur Clarke e Isaac Asimov, dois autores que aprimoraram – ao lado de Ray Bradbury e Philip Dick – as narrativas de aventuras-com-toques-de-ciência.

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Algumas similaridades e paralelismos e alegorias

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Em Time Machine (de H G Wells) temos um livro de aventuras – porém não no 'espaço', mas na 'quarta dimensão', o Tempo. Se lembra as obras de Jules Verne, em alguns momentos, por outro lado é de todo diferente. Estamos no Futuro, não no interior da África ou nos ermos dos pólos.

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Foundation (trilogia, depois série de Asimov) pode ser lida como a história da Decadência do Império romano e a consolidação do Cristianismo, onde há um grupo de sábios – ou místicos – que se dedica a armazenar o conhecimento para poder em algum futuro não muito distante 'reconstituir' a civilização perdida.

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A Queda da República e a origem do Império é uma temática derivada que está presente nas obras do diretor de cinema George Lucas – A Guerra nas Estrelas ( Star Wars) , em seis partes, desde 1977– onde a força do Imperador advém da fraqueza dos republicanos. Os republicanos resistem, mas o Império sempre contra-ataca, como sabemos.

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The Martian Chronicles (série de contos de R. Bradbury) podem ser lidas como as crônicas 'siderais' da colonização europeia mundo afora... assim como os marcianos foram extintos pela invasão terráqueo, antes foram os indígenas da América e tribos da África.... o 'choque de civilizações' em que uma delas é vitimada... não há cooperação, mas extermínio.

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Os ETs/os marcianos

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Os marcianos são os grandes 'outros' para os terrestres – os 'possíveis vizinhos' que são indiferentes aos nossos dramas – ou aparecem para uma catastrófica invasão. Ou então – é assim o livro de Bradbury – nós vamos fazer uma visita aos vizinhos, e ambos os lados finalmente sofreram as consequências do 'estranhamento'.

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No mais por que o interesse na leitura de obras fantasísticas de Ficção Científica?

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O interesse de ler tais romances de SciFi – principalmente Asimov e Bradbury, e também A. Clarke – é ver como os autores dos anos 40 e 50 do século 20 imaginavam a nossa era – o fim do século 20 e o início do 21. Um era de computação, viagens espaciais, mineração na lua, colonização de Marte, expedição para Júpiter e Saturno. Que imaginação não tinham tais autores! Que otimismo! “2001 Odisseia no Espaço” ou “Crônicas Marcianas” mostram a ciência vitoriosa, onipresente, ainda que os homens tenham que pagar o preço.

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Interessante: Glossário de Termos da Ficção Científica .


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Leonardo de Magalhaens




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