quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

sobre DRACULA - de B Stoker (3:3)






Sobre o clássico do terror Dracula (1897)
do autor irlandês Bram Stoker (1847-1912)


classic horror fiction
ensaio 3

Quando o Terror surge entre a Vida e a Morte


p3





No capítulo seguinte, os primeiros sinais da não-morte de Lucy serão sugeridos quando uma série de reportagens mostra uma estranha “bela lady” atacando crianças – que reaparecem com feridas no pescoço.

Esta existência vampírica de Lucy é a plena manifestação daquele 'duplo' (2) que já havia no estado letárgico desde o início dos ataques do Conde. A 'dupla personalidade' de Lucy – a donzela-noiva e a sedutora – tem a oportunidade de se manifestar com a morte-não-morte vampiresca. Ela não é mais a donzela vitoriana que se resguarda para o marido – sob uma moral que reprimia os instintos sexuais. Agora, sendo vampira, Lucy pode ousar seduzir!

Enquanto isso, Mina Harker recebe a notícia das mortes da mãe de Lucy e da própria Lucy. (Não bastassem outras mortes ao longo dos capítulos 5 a 9, a contar, o Sr. Swales, em Whitby, possível primeira vítima do Conde; o Sr. Hawkis, o patrão de Jonathan; o pai de Arthur Holmwood, pouco antes da morte de Lucy) Importante: Mina resolve ler as anotações que compõem o 'diário' de Jonathan quando no castelo do conde, lá na Transylvania.

Mina então recebe uma carta do Professor Van Helsing, que se apossou de toda a correspondência de Lucy, para fins de 'pesquisa'. Toda a intimidade da donzela falecida está agora na mão dos futuros 'caçadores' de vampiros. Agora, Van Helsing sabe o tanto quanto sabemos – enquanto Mina passa a saber o que Jonathan sofreu. Assim é 'montado' o quebra-cabeça.

Inclusive uma cena importante: Jonathan julga ter visto Dracula andando – de dia! - ao longo de Piccadilly – e quase teve um ataque de terror. O Conde andando de dia e como uma aparência mais jovem! Que tipo de encantos terá feito o vampiro? (Há uma possibilidade : a terra do túmulo – transportada nos caixões – resguardar o vampiro. Em seguida, ele desce na ilha britânica e começa a sugar sangue jovem. Mas e quanto a andar de dia? Há outras cenas : o Conde no zoológico, ou no cemitério à beira-mar antes do crepúsculo...)

Van Helsing lê o diário de Harker e entende o motivo do choque emocional (ou febre cerebral) que vitimou o hóspede de Dracula. O Professor desvela as ligações possíveis entre o que sofreu o jovem advogado lá na Europa Oriental e o que vitimou a jovem Lucy. Enquanto as páginas de outrora são lidas, outras páginas de diário são escritas. O romance tem um novo começo – assim como dissera Van Helsing.

Quem ataca as criancinhas? Quem é a tal 'senhora bonita' que fascina as crianças? Será o mesmo ser que atacou Lucy? Para Van Helsing é ninguém menos que Lucy! A falecida deve ser então investigada! Claro que todos se surpreendem: como pode a bela e inocente Lucy estar vagando por aí como morta-viva a atacar crianças?

Pois é justamente esta vida-não-vida que traz o terror ! O bela Lucy foi vampirizada em estado de transe, enquanto andava sonâmbula, ao mesmo tempo em que Lucy desperta mantinha-se jovial e inocente. Sendo inconscientemente uma vampira, Lucy ao não ser mais viva, tem apenas uma personalidade agora: a de morta-viva (Un-Dead ou nosferatu).

E são os pretendentes que precisam dar 'paz' ao espírito da amada Lucy. Seguem até o túmulo de Lucy e observam na atmosfera lúgubre qualquer sinal de 'vida além da morte' – alguém deixa a cripta? Alguém retorna até a cripta?


O vulto de Lucy é mais fascinante que a Lucy viva – e mais lânguida, sedutora! Morta, ela tem todo um fascínio que estava apenas 'reprimido' em vida – ela é agora uma mulher completa: uma ameaça aos homens! “Venha para mim, Arthur! Meus braços estão famintos por você!” são estas as palavras de Lucy undead para o noivo Arthur, a quem ela chama de 'marido' – assim as crianaçs seriam os filhos? Seria uma prova do 'instinto maternal' da vampira? Afinal, ela morreu sem completar um desejo: casar, ter marido e filhos!

Mas o Professor Van Helsing é implacável – a paz da falecida só será completa com o corpo for mutilado – ou uma estaca fincada no coração. O que revolta os pretendentes – principalmente Arthur! - mas essa ação é necessária! (Afinal, temos aqui a perspectiva dos 'caçadores de vampiros' – não dos vampiros. A Narrativa dos vampiros só será 'ousada' por Anne Rice nas “Vampire Chronicles” como vimos.)

A vampira Lucy é expulsa por Van Helsing ao elevar um crucifixo e em seguida – perseguida até o esquife – é finalmente destruída, pelo noivo (sim, Arthur, que não sabe se está diante de Lucy ou de um demônio), com uma estaca no peito. Arthur deve livrar Lucy da imortalidade dada pelas forças demoníacas. Só assim ela enfim estará em paz. Após o sacríficio, a face de Lucy volta a demonstrar suavidade e pureza.



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Lucy vampira no cinema
http://www.youtube.com/watch?v=JhbgJUgH0oE
http://www.youtube.com/watch?v=xgRTigjKcXA&feature=related
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2006 BBC Dracula
http://www.youtube.com/watch?v=K9WhxirgpQE&NR=1
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no teatro
http://www.youtube.com/watch?v=rXsx_gjvZbs&feature=related


O Dr. Seward recebe cópias dos diários de Jonathan e de Mina – assim o Dr. Passa também a 'ler o romance', digamos. As informações dos vários testemunhos são comparadas, compartilhadas, avaliadas. A 'caçada' ao vampiro começa. Não se deve olhar pra trás! Assim exorta o 'guia espiritual' das 'forças do Bem', o Professor Van Helsing.

Agora é Mina que não tem conhecimento do diário de Seward. Mas o Dr. Concorda em emprestar os cilindros do fonógrafo para que a Mme. Mina possa datilografar o diário...

É quando o terror se mescla ao estilo romance policial quando Seward, Van Helsing e os outros passam a investigar o vampiro – seguir pistas, listar dados, coletar informações, agindo contr as 'forças do Mal'.

Unir informações – é o que o casal Harker faz sistematicamente. Todos passam a saber o que sabemos, nós leitores. As personagens passam a ler o romance! Aliás, romance sem Narrador onisciente, que unifique o enredo. Nós leitores devemos 'montar' o enredo a partir dos fragmentos das várias perspectivas.

Agora os 'caçadores de vampiro' estão unidos para vingar a morte de Lucy – e Mina é presença feminina que auxilia a todos – até que ela mesma passe a ser atraída pelo vampiro.

Mas onde está o Conde? No casarão abandonado para onde foram envidos os caixões, o mesmo casarão para o qual o louco Renfield tentou fugir – o casarão vizinho ao sanatório do Dr. Seward!

Finalmente, Van Helsing explica o que está acontecendo. Atualiza todo o 'banco de dados' sobre vampiros – que nós conhecemos bem. É a cerimônia de preparação para ungir os caçadores que ousam invadir os domínios do Mal. (Há toda uma teologia aqui neste Dracula. Stoker adora criar situações paralelas – o scholar Leonard Wolf aponta vários paralelos, por exemplo, que Renfield seria uma espécie de João Batista do Conde-Diabo...)

Van Helsing apresenta as armas para destruir o vampiro. Crucifixo, hóstia, flores de alho, punhal, estaca. Outros vampiros 'modernos' vão desprezar todas estas amostras de superstição religiosa – e apenas três modos de destruição são listados: estaca no coração, fogo e decapitação.

Um arsenal para destruir vampiros! Seres que não são apenas espectros, mas dotados de uma força física assustadora. A velha questão: Vampiro: corpo ou espectro? Para Van Helsing – e Bram Stoker! - o vampiro é ambos. Tem a força de um corpo de gigante e é capaz de atravessar paredes, desanecer no ar, em nuvem de pó ou na forma de lobo ou morcego! Afinal, o vampiro, ser tão poderoso, tem pleno acesso aos feitiços diabólicos! O vampiro integra assim uma tríade malévola, entre o lobisomem e a bruxa. O vampiro é tanto lobo em potencial, quanto um necromante...!

O romance em seu capítulo 19 está entre o gótico, o terror, o policial e a literatura de 'caçada' – afinal, os 'caçadores' vão cercar e acuar a 'caça' – o vampiro.

Enfrentando o horror (e o fedor!) os caçadores avançam - “após o involuntário tremor em consequência do primeiro ar nauseante, nós todos seguimos em nossa tarefa como se aquele lugar repugnante fosse uma jardim de rosas!” (After the involuntary shrinking consequent on the first nauseous whiff, we one and all set about our work as though that loathsome place were a garden of roses. c. 19, p. 303)

A 'presença do Mal' está ao redor de Dracula, que convive com morcegos, ratos, insetos – em suma, o terror do rejeitado, dos seres exilados da presença humana.

Para Van Helsing, a 'caçada' é um 'jogo de xadrez', onde cada lado faz uma jogada, mas pode ser 'neutralizado' na próxima rodada. Enquanto as forças do Bem invadem o castelo – digo, casarão abandonado – e encontram alguns dos caixões – vazios! - outras vítimas caem sob a influência do Conde: o lunático Renfield geme e uiva em delírio, enquanto Mina Harker está pálida, 'mais pálida que o comum'. Mina não foi à 'caçada' – e foi deixada desprotegida! (E os homens mantendo a Sra. Harker fora da 'caçada' permitem que ela se torne a próxima vítima...)

Mina sente-se cansada, deprimida, dorme a manhã toda – ela começa a inverter o ciclo ao demonstrar a sonolência diária. No mais, Mina sente culpa, por causa da morte de Lucy – “se eu não tivesse ido para Whitby, talvez a querida Lucy estaria conosco agora.” O diário de Mina apresenta o terror nas entrelinhas – a funesta presença que chega com o uivar dos cães e voejar de morcegos – com a letargia que se apossa da vítima de incubus vampírico (3).

Mina é atacada durante o sono, no domínio dos sonhos, por uma 'névoa' que se apossa da casa – é seduzida pelo vampiro – assim como Jonathan foi seduzido pelas três vampiras.

“De repente o horror me invadiu, pois foi assim que Jonathan tinha visto aquelas medonhas mulheres se materializando na rodopiante névoa ao luar, e em meu sonho eu devo ter desmaiado, pois tudo tornou-se espessa escuridão. O último esforço consciente da imaginação foi mostrar-me uma lívida face inclinada sobre mim saindo da névoa.” (“Suddenly the horror burst upon me that it was thus that Jonathan had seen those awful women growing into reality through the whirling mist in the moonlight, and in my dream I must have fainted, for all became black darkness. The last conscious effort which imagination made was to show me a livid white face bending over me out of the mist. c. 19, pp. 310/11)

É a cena gótica da posse vampiresca – tão eórica (e arrepiante) quanto aquela das três noivas de Dracula. É o contraponto à 'caçada' - afinal, aqui o vampiro é o antagonista – não o narrador, ou protagonista. Dracula é 'inimigo' par excellence – e os 'mocinhos' devem fazer de tudo para destruí-lo (ao contrário das narrativas de vampiro modernos que colocam os vampiros no foco narrativo: não os caça-vampiros, mas os vampiros eles-mesmos.)

Enquanto os 'caçadores' vasculham a mansão desolada, ou prestam assistência ao ferido e agônico Renfield (atacado pelo próprio Conde!), o vampiro está em núpcias com a Mme. Mina – ele não hesita em vampirizar a heroína do romance, fazendo-a beber de seu sangue vampiresco!

“A alva camisola dela [de Mina] estava manchada de sangue, e um fino filete de sangue escorria pelo peito do homem [Dracula] que se mostrava nas vestes semi-abertas. O gesto todo tinha uma terrível semelhança com aquele da criança que força o focinho de um gatinho para dentro de um pires de leite forçando-o a beber. Quando nós [Dr. Seward e os outros] irrompemos para dentro do quarto, o Conde voltou a face, e um olhar diabólico destacou-se tal qual eu já ouvira ser descrito. Os olhos dele se inflaamvam com uma paixão diabólica.”
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(Her white night-dress was smeared with blood, and a thin stream trickled down the man's bare chest which was shown by his torn-open dress. The attitude of the two had a terrible resemblance to a child forcing a kitten's nose into a saucer of milk to compel it to drink. As we burst into the room, the Count turned his face, and the hellish look that I had heard described seemed to leap into it. His eyes flamed red with devilish passion. c. 21, p. 337)


Sim. Ainda mais quando Coppola dá asas à imaginação e coloca mais 'amor eterno' no enredo do filme de 1992, quando Mina seria a reencarnação da nobre lady Elisabeta, que o Conde vem reencontrar depois de séculos. Ou seja, o conde-vampiro também ama! Até é possível sentir uma simpatia pelo formoso e galante vampiro rejuvenescido que vem seduzir sua amada imortal! Mas não é essa leitura que encontramos no romance de Stoker.

Mina e o incubus Dracula no
filme de Coppola
(Bram Stoker's Dracula, 1992)
http://www.youtube.com/watch?v=LfY3ewjDoG0&feature=related


Se Dracula não hesita em vampirizar a Mina Harker, ele pagará o preço. Estando unida a ele por 'laços de sangue' – o vampiro se liga ao vampiro-progenitor – ela será uma espécie de bússola para que Van Helsing melhor possa 'rastrear' o vampiro. O Professor passa a hipnotizar Mina e acompanhar os passos do Conde, que decide abandonar seu novo domínio na Grã-Bretanha e retornar ao continente, ao leste da Europa.

O que se segue é uma narrativa de caçada, nada gótica, onde o vampiro já está condenado pelas forças do Bem – seja da Religião, ou da Ciência, ou de ambas, uma vez que Van Helsing reúne em si-mesmo a fé na Teologia e na Razão Instrumental !

Dracula não é o protagonista – mas o antagonista. Quem é o mocinho? Jonathan Harker? Van Helsing? Não. Creio que seja mesmo Mina Harker. Ela é uma presença feminina completa no romance e pode muito bem ser o foco da leitura – uma vez que não há foco central da narração (é pulverizada num prisma de perspectivas...)

Por que Mina foi a próxima vítima? Certamente, não por amor! Pode ser por vingança contra as 'rebeldias' de Jonathan – perambulando pelo castelo, atacando o Conde no esquife, fugindo – pode ser por ligação (e influência sobre) a parte erótica reprimida de Mina – tão claramente mostrada no episódio de Lucy (que era dupla: a donzela recatada e a mulher sedutora! Só a vampirização revelou esta dicotomia tão íntima!)

O final é previsível, mas vale a leitura das cem páginas finais. Mas não esperem um romance gótico – não há qualquer simpatia pelos vampiros – aqui as forças da Moral (vitoriana, lembramos) vencem. Os 'caçadores' são uma espécie de 'cavaleiros da távola redonda' lutando para salvar a honra (e a salvação da alma!) de Mina! Assim como o Autor não oculta seu tradicionalismo, seu maniqueímo, sua misoginia, sua pregação teológica, seus ensinamentos morais, a Obra não pode deixar de ser parcial. Não se espera compreensão sobre a condição do vampiro – espera-se a eliminação catártica do mesmo – pois suspeita-se que a força vampírica apenas desperta o vampiro que cada um resguarda (e reprime!) dentro de si mesmo.



nov/dez/10



por Leonardo de Magalhaens

http://leoliteraturaescrita.blogspot.com/



Notas

(1)É como se ele fosse uma espécie de Conde de Saint Germain, que nunca envelhecia, que atravessava décadas – quiçá séculos! - na aparência de um homem de meia-idade... Um imortal? Um vampiro?)

mais info sobre o Conde de Saint-Germain
http://www.spectrumgothic.com.br/ocultismo/personagens/germain.htm
http://www.almanaque.cnt.br/SANGERMAIN.htm


(2)Um duplo, praticamente um Doppelgänger ao estilo de “William Wilson” (de Poe) e de “Dr. Jekyll & Mr. Hyde” (de Stevenson) onde há um ser 'mau' que encara um outro-Eu 'bom', ou vice-versa, uma pessoa bondosa que reprime os impulsos perversos – que se manifestam em estado letárgico (durante o sono, p.ex.) ou por 'dissociação' (por exemplo numa crise de esquizofrenia, ou ao usar drogas).


(3)Mais info sobre a figura do incubus em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Íncubo
http://spnspecial.zxq.net/?p=334
http://misteriosfantasticos.blogspot.com/2010/09/incubo.html




Na Cultura / Mídia

Dracula e outros vampiros
na cultura

Autores sobre vampiros – no século 20
http://mundodastrevas.com/posts/6_dracula-anne-rice-e-os-vampiros-no-brasil

Richard Matheson
autor de I am Legend (1954)
http://www.infinityplus.co.uk/nonfiction/iamlegend.htm

Stephen King
site do Autor de “Salem's Lot”(1975)
http://www.stephenking.com/index.html
http://www.stephenking.com/library/novel/_salem_s_lot.html

Anne Rice
site da Autora de “The Vampire Chronicles
http://www.annerice.com/
http://www.annerice.com/bookshelf-vampirechronicles.html

Whitney Strieber
autor de “The Hunger” (1981)
http://www.trashfiction.co.uk/bowie_hunger.html
http://ebookstore.sony.com/ebook/whitley-strieber/the-hunger/_/R-400000000000000037037

Brian Aldiss
autor de “Dracula Unbound” (1991)
http://www.vampires.nu/pages/Books.cfm/ID/1175/PageID/22

Stephenie Meyer
site da Autora de “Twilight
http://www.stepheniemeyer.com/
http://www.stepheniemeyer.com/twilight.html


Elizabeth Kostova
http://www.suite101.com/content/the-historian-by-elizabeth-kostova-review-of-the-novel-a310453

entrevista com a autora de “O Historiador” (The Historian)
http://contemporarylit.about.com/od/authorinterviews/a/kostovaInt.htm

para ouvir
http://www.youtube.com/watch?v=BzPEP2RQrYE

Dacre Stoker
autor de “Dracula The Undead
http://www.draculatheun-dead.com/stoker-bio.htm

(entrevista - “Stephenie Meyer admite que nunca leu Bram Stoker
http://veja.abril.com.br/blog/meus-livros/tag/bram-stoker/)

Lisa Jane Smith
autora das séries “The Vampire Diaries”
e “Night World”

inspirou as séries televisivas homônimas
http://www.vampirediaries.com/
http://vampirediariesbrasil.com/
http://www.youtube.com/watch?v=_TYlJ7Ts0L8
http://www.youtube.com/watch?v=1gM2ixU45E0&feature=related




No Brasil


Ivan Jaf
O Vampiro que descobriu o Brasil” (1999)
A Insônia do Vampiro” (2006)

entrevista com Jaf
http://www.wagnerlemos.com.br/entrevistaivanjaf.htm


Giulia Moon (dos Ygrupos Tinta Rubra / Adorável Noite)
Luar de Vampiros” (2003)

entrevista com a Autora
http://www.estronho.com.br/artigos-e-textos/3939.html?task=view


André Vianco
Os Sete” (2000)

site do Autor
http://www.andrevianco.net/inicial.html

entrevista com Vianco
http://www.youtube.com/watch?v=sKuBImqlXcc


novelas (TV Globo)

Vamp (1991)
http://www.youtube.com/watch?v=nFpeiMsaSp4
.
O Beijo do Vampiro (2002-03)
http://www.youtube.com/watch?v=sEXN2CEiy0Q


blog dedicado ao Dracula
http://draculand.blogspot.com/

sites / blogs sobre vampiros
http://www.vampires.nu/
http://vampirediary.info/
http://www.dagonbytes.com/vampires/index.html
http://vampirologist.blogspot.com/
http://www.houseofvampires.com/
http://www.vampire-empire.com/index.html


links Dracula no cinema

com Bela Lugosi
http://www.youtube.com/watch?v=i9qtivRryDM

com Christopher Lee
http://www.youtube.com/watch?v=MDTxHg7wyP0&feature=related

com Gary Oldman
Bram Stoker's Dracula (1992)
http://www.youtube.com/watch?v=Xw2-ZMhxTUs&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=iq3XWcGdhcY&feature=related

Blood for Dracula
http://www.youtube.com/watch?v=RJqAAHBXca4

John Badham's Dracula
http://www.youtube.com/watch?v=ZjGIqwYt76c&feature=related

Brides of Dracula (1960)
http://www.youtube.com/watch?v=h1N1dL6lnlM

Dracula – Prince of Darkness
http://www.youtube.com/watch?v=h1N1dL6lnlM

Count Dracula BBC
http://www.youtube.com/watch?v=o_w3acFydk4&feature=related

Dracula 2000
http://www.youtube.com/watch?v=XOKKL_rwoKk


links vampire movies

Nosferatu (1922)
http://www.youtube.com/watch?v=pr4lfgrAgEM&feature=related

Vampyres
http://www.youtube.com/watch?v=dRumKL7zxBM

Salem's Lot
http://www.youtube.com/watch?v=aIbJ2rQ59ZE

The Hunger
http://www.youtube.com/watch?v=l9IDoAPC6Ps

The Lost Boys
http://www.youtube.com/watch?v=hsv_NQFbQzo

Near Dark
http://www.youtube.com/watch?v=D6VeaiSSupI

Interview with the vampire
http://www.youtube.com/watch?v=bDH7P0qvSMU
script!
http://corky.net/scripts/InterviewVampire.HTML
http://scifiscripts.com/scripts/interview.txt

John Carpenter's Vampires
http://www.youtube.com/watch?v=O4CNP56Csuw&feature=related

Blade
http://www.youtube.com/watch?v=a0mx0dBXkw4

From Dusk till Dawn
http://www.youtube.com/watch?v=-bBay_1dKK8

Buffy The Vampire Slayer
http://www.youtube.com/watch?v=ke7A2mnAXMQ&feature=related

I am Legend
http://www.youtube.com/watch?v=o7CC0kbGj6s

Vampire in Brooklyn
http://www.youtube.com/watch?v=HBel3A1-f2c

Van Helsing
http://www.youtube.com/watch?v=mrOqCgDgXfQ

Underworld
http://www.youtube.com/watch?v=TMYyhBtQ1PU

30 days of Night
http://www.youtube.com/watch?v=3zA5hhSDLA4&feature=channel


Uma lista 'básica' com 70 movies !
http://snarkerati.com/movie-news/top-70-vampire-movies-of-all-time/

ou uma lista com os 15 the best
http://movies.popcrunch.com/the-15-best-vampire-movies-of-all-time/

Animation
Vampire Hunter D
http://www.youtube.com/watch?v=x83ExZOzboM


séries de TV (USA)

Buff The Vampire Slayer
http://www.youtube.com/watch?v=AktP0Kc18uE&feature=related

The Vampire Diaries
http://www.youtube.com/watch?v=olDWd-CnxO8

Moonlight
http://www.youtube.com/watch?v=OHls2VqwX4A&feature=related


bandas musicais com inspiração vampírica

primeiramente o maestro Philip Glass
e a soundtrack do filme Dracula (1931)
http://www.youtube.com/watch?v=6ST_XOGmBM0


Agathodaimon
http://www.youtube.com/watch?v=Bqhi7pmx0PQ

Ancient
http://www.youtube.com/watch?v=26GxhHAxDKQ

Blutengel
http://www.youtube.com/watch?v=O6rarujAIg4&feature=related

Candle Serenade
http://www.youtube.com/watch?v=aydWj779KZI

Cradle of Filth
http://www.youtube.com/watch?v=EX4zIBU2FZM

Eisbrecher
http://www.youtube.com/watch?v=mIsd1-7OYgk

Lacrimosa
http://www.youtube.com/watch?v=KHS8E1-VTJg

Moonspell
http://www.youtube.com/watch?v=bwMf8rJ6VI8

Nosferatu
http://www.youtube.com/watch?v=XCEkbamZcJo&feature=related

Theatre des Vampires
http://www.youtube.com/watch?v=_7P7ZAAW8Xw

Tristania
http://www.youtube.com/watch?v=Wx-BlEd3wIo

Type O'Negative
http://www.youtube.com/watch?v=p9kbj_aeO2k

HIM
http://www.youtube.com/watch?v=1V4AscLidWg


REFERÊNCIAS

AUERBACH, Nina. Our Vampires, Ourselves. Chicago : The University of Chicago, 1995.

BARBER, Paul. Vampires, Burial, and Death. Folklore and Reality. New Haven, CT: Yale University, 1998.

BETTELHEIM, Bruno. A Psicanálise dos Contos de Fada (The Uses of Enchantment: the meaning and importance of fairytales) Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.

CARROLL, Noël. The Philosophy of Horror or Paradoxes of the Heart. London: Routledge, 1990.

GELDER, Ken. Reading The Vampire. New York: Routledge, 1994.

GORDON, Joan & HOLLINGER, Veronica. Blood Read: the Vampire as Metaphor in Contemporary Culture. Philadelphia: University of Pennsylvannia, 1997.

GUINN, Jeff. with Andy Gieser. Something in the Blood. The Summit Publishing Group, 1996.

HELD, Jacqueline. O Imaginário no Poder. (L'Imaginaire au pouvoir, 1977) São Paulo: Summus, 1980.

JONES, E. Michael. Monsters from the Id. Dallas: Spence Publishing Company, 2000.

KING, Stephen. Salem's Lot. New York: Doubleday, 1975.

LIMA, Luiz Costa. O Redemunho do horror: as margens do ocidente. São Paulo: Planeta, 2003.

MORETTI, Franco. Signs Taken for Wonders: Essays in the Sociology of Literary Forms. 1987.

RICE, Anne. Interview with the Vampire. New York: Ballantine, 1977.

SAGE, Victor. The Gothick Novel. London: Macmillan, 1990.

SCOTT, Niall (ed.) Monsters and The Monstrous. Myths and Metaphors of Enduring Evil. New York: Rodopi, 2007.

SIEBERS, Tobin. The Romantic Fantastic. London: Cornell University, 1984.

STOKER, Bram. Dracula. Penguim,

SUMMERS, Montague. The Vampire: His Kith and Kin. 1928. New York: University Books, 1960.

WOLF, Leonard. The Essential Dracula. New York: Plume, 1993.


Dracula. Romance on-line

http://www.literature.org/authors/stoker-bram/dracula/

http://www.gutenberg.org/ebooks/345


sites pesquisados na internet

na Wikipedia

http://en.wikipedia.org/wiki/Vampire
http://en.wikipedia.org/wiki/Vampire_literature
http://en.wikipedia.org/wiki/Dracula


The Vampire, His Kith and Kin. Montague Summers.
Disponível online em http://www.sacred-texts.com/goth/vkk/index.htm
e também http://classiclit.about.com/library/bl-etexts/msummers/bl-msummers-vampire-1.htm

mais sobre Montague Summers
em http://vampirologist.blogspot.com/2009/01/montague-summers.html

sobre o marxista italiano F Moretti
e artigo sobre leitura sociológica de Dracula

http://www.newleftreview.org/?page=article&view=2197

http://findarticles.com/p/articles/mi_m2220/is_n1_v37/ai_16946525/pg_4/


Mais sobre o artigo do médico espanhol Juan Gómez-Alonso
http://www.skeptictank.org/rabvamp.htm
http://news.bbc.co.uk/2/hi/europe/178623.stm


videos disponíveis no Youtube

Vampires Vampirism
http://www.youtube.com/watch?v=RCORxLn4lL8

History Folklore
http://www.youtube.com/watch?v=qDOL0N7zC2w&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=uIG8-jSz8NU&feature=related


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domingo, 26 de dezembro de 2010

sobre DRACULA - de Bram Stoker (2:3)






Sobre o clássico do terror Dracula (1897)
do autor irlandês Bram Stoker (1847-1912)


classic horror fiction
ensaio 3

Quando o Terror surge entre a Vida e a Morte


p2



Dracula de Bram Stoker


É desnecessário dizer que Dracula de Bram Stoker é uma obra-prima do terror (horror fiction) com sua atmosfera de tons sinistros, as narações em 1ª pessoa de testemunhas e sobreviventes de ataques vampirescos. Uma atmosfera de sugestão e sonho, de pesadelos sombrios, com paixões românticas em tons barrocos de gothic novel – castelos medievais, cemitérios desolados, criptas decrépitas, com cenários de horror - mas também sedução, charme, sexo ambíguo, bissexualismo, erotismo sádico.

Tudo isso está nas páginas de Dracula! O amor e o ódio, o sexo e a renúncia, o fascínio do caçador sobre a presa, a submissão do(a) amado(a) a(o) amante, a dominanção do desejo alheio. Temos a fusão do sádico e do romântico – da prosa pervertida do Marquês e dos floreados líricos das irmãs Brontë – onde somos (nós, os leitores e possíveis vítimas!) amamos e tememos os vampiros. Descobrimos que há muito de vampiro em nós mesmos!

Sobre o horror-fascínio de Dracula segundo a estudiosa de vampiros Nina Auerbach,

“O Dracula de Stoker é um compêndio de medos do fim de século. A rígida solidão de Dracula repudia a intimidade homoerótica com a qual os vampiros antes tinham se insinuado na mortalidade (ou entre os mortais)”
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Stoker's Dracula is a compendium of fin-de-siècle phobias. Dracula's lonely rigidity repudiates the homoerotic intimacy with which earlier vampires had insinuated themselves into mortality.” (“Our Vampires, Ourselves”, p.7)


Neste 'romance epistolar', o leitor 'monta' a narrativa a partir de cartas, fragmentos de diários, relatos, reportagens, telegramas, bilhetes, em suma, informações derivadas de diversas fontes – testemunhas, vítimas, médicos, cientistas, marujos, tratador de lobos e outras feras do zoológico!

Temos a correspondência entre empresários, diário de bordo de um capitão (do navio que inadvertidamente conduziu o Conde), o diário de Jonathan Harker, da noiva de Harker, a inteleigente Mina; temoso diário do Dr. Seward, cartas de Harker, Mina, Lucy, o diário de Lucy, as cartas de Van Helsing, etc. Vários são os 'focos narrativos' unidos pela ação funesta do Vampiro-Rei, o Conde Dracula.

No tópico enredo, Dracula tem algumas falhas – que os experts sempre descobrem! Mas há uma riqueza de detalhes que impressiona. A começar pelo cenário – a região mezzo húngaro mezzo romena da Transylvania! Local que Stoker nunca visitou – mas descreveu tão bem! Ambientou tão sinistramente em Dracula – graças as horas passadas em pesquisas nos arquivos do Museu Britânico.

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Videos on Transylvania
http://www.youtube.com/watch?v=hh1a1LU3P-E&feature=fvw
http://www.youtube.com/watch?v=n0yuhYeMi3I&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=2TbEitVbyF0&feature=related
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Justamente para um fundamento – um contexto, digamos – histórico para seu protagonista, Stoker escolheu o famigerado guerreiro e sádico Vlad Tepes, o Dracola, ou Drakula, que viveu no século 15, na Transylvania, entre eslavos e ciganos, a resistir aos ataques otomanos. Outras fontes dizem que Vlad Tepes foi 'fantoche' dos poderosos turcos, até quando ele se voltou contra os senhores...e foi igualmente torturado e decapitado, do mesmo modo cruel como fizera com tantas vítimas – alguns números chegam a meia centena de milhar...!


Mais sobre Vlad Tepes
http://www.donlinke.com/drakula/vlad.htm
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videos
http://www.youtube.com/watch?v=R2OZ3X4njks&feature=related
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Outra fonte de Stoker foi a nobre perversa Condessa Elizabeth Bathory, que viveu na Hungria entre os séculos 16 e 17, em luxo e tédio até que descobriu o prazer sádico de beber sangue, banhar-se em sangue, no afã de manter-se sempre jovem (maquilar-se com sangue conservaria a pele ?) em orgias que congregam sexo, necrofilia e vampirismo. A imagem de 'lésbica fatal' parece ser outra que se agregou ao mito – como demonstroam alguns filmes.

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Mais sobre Condessa Elizabeth Bathory
http://www.spectrumgothic.com.br/ocultismo/misterios/bathory.htm
http://universosombrio.blogspot.com/2010/04/elizabeth-bathory-condessa-sanguinaria.html
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videos
http://video.yahoo.com/watch/2475176/7572127
http://www.youtube.com/watch?v=ckLuPgC7VQg
http://www.youtube.com/watch?v=37o1ZBGPwuA&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=WAoEBlgRd5I&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=T80gmoQaCSE
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Existem várias análises do romance Dracula – variam de acordo com o autor/ crítico literário. Não há qualquer consenso no mundo dos vampiros (e outros monstros). Não havendo 'referencial externo' – exceto lendas e mitologias – não há como se afirmar nada sobre o/a 'vampiro' – ou o que ele/a representa.

Análises psicológicas são as mais fartas – sempre embasadas em escritos de Marquês de Sade e de Sigmund Freud. O quanto há de 'vampiro' em cada um de nós – eis uma velha (e atual) questão. O quanto vampiro é fascinante e atemorizante : outra área de pesquisa.

Mas haveria também um olhar mais sociológico. Quem – qual classe, aliás – representaria o velho Conde? Certamente, obviamente, a nobreza. Que 'sugava' o sangue (às vezes literalmente, como no caso da Condessa Bathory!) dos camponeses e dos burgueses (na época eram os comerciantes, cambistas, que viviam nas cidades que se formavam ao redor dos castelos e longe dos campos. Daí o nome 'burguês', aquele que vive no burgo/cidade).

Na análise marxista de Dracula – feita pelo sociólogo Franco Moretti – o vampiro é o capitalista que suga os trabalhadores, que se reproduz ao continuar sugando – extraindo sempre a 'mais-valia'. Os que vivem da renda alheia, e/ou do trabalho alheio, são, assim, verdadeiros vampiros que extraem uma 'boa vida' a partir da 'força vital' do que realmente trabalham (pois são obrigados a trabalhar, caso contrário morrem de fome, na marginalidade, excluídos do 'mundo do consumo')

Ainda que outros pensadores digam que o vampiro par excellence é mesmo o nobre – que vivia não de trabalho, mas da renda, das propriedades trabalhadas pelos camponeses. E lembram que os nobres também exerciam domínio sobre os burgueses – até que estes últimos conseguiram avançar no comércio e passaram a emprestar dinheiro aos nobres. Os nobres se endividavam com os burgueses - e assim os burgueses conseguiram 'minar' as bases do Feudalismo.
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Mais sobre F Moretti, marxista italiano, sobre o Dracula em
http://www.newleftreview.org/?page=article&view=2197

http://findarticles.com/p/articles/mi_m2220/is_n1_v37/ai_16946525/pg_4/





O enredo


Os primeiros capítulos (1 a 4) são compostos por trechos do diário de um assistente de firma de advocacia, o Sr. Harker, Jonathan Harker. As informações que temos sobre o estranho lugar e as estranhas ocorrências são dadas por este assustado Jonathan Harker, através de anotações num diário, cuidadosamente oculto. A região é inóspita, os habitantes não despertam confiança – em suma, Harker não está numa viagem de turismo. É um inglês que considera Londres realmente como o centro do universo.

O leste da Europa é povoado por tribos, bárbaros, pagãos, povos supersticiosos, distantes das benesses da 'civilização' tal qual representada pelo Império Britânico – Harker não difere muito de um Filleas Fogg de “Volta ao Mundo em 80 dias”, ainda que Fogg tenha sido concebido pela mente de um francês, Jules Verne. (Aqui, em Dracula, a personagem mais 'caricata' é o norte-americano Quincey Morris – que vem nos mostrar como um britânico via um ianque...)

O sinistro já se manifesta nas lendas, no medo que os camponeses demonstram quando é citado um certo castelo (aquele mesmo para o qual o Sr. Harker está viajando...) que desperta ecos de lendas e crimes. É como se on inglês chegasse num terra desconhecida numa véspera de Dia das Bruxas – a atmosfera lúgubre do lugar já predispõe à fantasias de terror.

As descrições de paisagens são as mesmas dos clássicos românticos, das gothic novels, de Frankenstein, onde a paisagem exterior atua sobre o estado psicológico das personagens, a descrição já demonstra o tipo de ânimo de quem descreve,

“Eu logo perdi a percepção e a memória dos medos fantasmagóricos na beleza do cenário ao longo do qual viajávamos, embora eu tivesse sabido o idoma, ou melhor os idiomas que meus colegas passageiros estavam falando, eu não deveria ter sido tão hábil em me livrar deles [os medos fantasmagóricos]. Diante de nós se estendia uma região acidentada cheia de bosques e florestas, com colinas íngremes aqui e ali, coroadas com excessos de árvores ou então casas de fazendas, os pálidos cumes voltados para a estrada. [...]
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Além das verdes e onduladas colinas da Região Média elevavam-se ladeiras de florestas até as sublimes altitudes dos Cárpatos. À direita e à esquerda de nós eles se erguiam, sobre os quais descia o sol ao entardecer e ressaltando todas as gloriosas cores desta bela cadeia de montanhas, o profundo azul e o púrpura nas sombras dos cumes, verde e marrom onde se mesclavam a relva e a rocha, e uma infinda perspectiva de rocha retalhada e penhascos pontiagudos, até se perderem na distância, onde os cumes cobertos de neve subiam soberbamente. Aqui e ali pareciam imponentes fendas nas montanhas, através das quais, quando o sol declinava, nós víamos agora e de novo o brilho radiante da água que caía.” (p.11) (trad. livre: LdeM)

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I soon lost sight and recollection of ghostly fears in the beauty of the scene as we drove along, although had I known the language, or rather languages, which my fellow-passengers were speaking, I might not have been able to throw them off so easily. Before us lay a green sloping land full of forests and woods, with here and there steep hills, crowned with clumps of trees or with farmhouses, the blank gable end to the road. [...]
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Beyond the green swelling hills of the Mittel Land rose mighty slopes of forest up to the lofty steeps of the Carpathians themselves. Right and left of us they towered, with the afternoon sun falling full upon them and bringing out all the glorious colours of this beautiful range, deep blue and purple in the shadows of the peaks, green and brown where grass and rock mingled, and an endless perspective of jagged rock and pointed crags, till these were themselves lost in the distance, where the snowy peaks rose grandly. Here and there seemed mighty rifts in the mountains, through which, as the sun began to sink, we saw now and again the white gleam of falling water. (Chapter
1, p. 11)

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Fonte das citações
http://www.literature.org/authors/stoker-bram/dracula/chapter-01.html

também

WOLF, Leonard. The Essential Dracula. New York: Plume, 1993.



Um estranho cocheiro vem receber Jonathan Harker na estrada até o Passo de Borgo, onde se situa o castelo que todos temem. Os passageiros, inclusive, temem pela sorte do estrangeiro. O que haverá de tão assustador na morada deste tal Conde Dracula?

“Logo depois, de qualquer modo, fiquei curioso sobre quanto tempo havia passado, e risquei um fósforo, à chama do qual eu olhei o relógio. Faltava pouco para a meia-noite. Tive uma espécie de choque, pois eu supus que as superstições gerais sobre a meia-noite foram aumentadas pelas minhas experiências recentes. Eu esperava com um doentio sentimento de suspense.
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Então um cão começou a uivar em algum lugar numa fazenda junto a estrada, num lamento de agonia, como se tivesse medo. O som foi recebido por outro cão, e então outro e mais outro, até, gerado no vento que agora suspirava suavemente através do Passo, um uivo selvagem que começava, o qual parecia vir de toda a região, tão ampla quanto a imaginação poderia alcançá-la através da desolação noturna.”

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By-and-by, however, as I was curious to know how time was passing, I struck a match, and by its flame looked at my watch. It was within a few minutes of midnight. This gave me a sort of shock, for I suppose the general superstition about midnight was increased by my recent experiences. I waited with a sick feeling of suspense.
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Then a dog began to howl somewhere in a farmhouse far down the road, a long, agonized wailing, as if from fear. The sound was taken up by another dog, and then another and another, till, borne on the wind which now sighed softly through the Pass, a wild howling began, which seemed to come from all over the country, as far as the imagination could grasp it through the gloom of the night. (Chapter 1
, pp. 16-17)


Estranhamente o cocheiro se mantem no caminho, direto para o coro de uivos dos lobos noite adentro. E ainda mais estranhamente os campos exibiem uma ou outra chama azulada, que atrai tanto o passageiro quanto o cocheiro. Este serviçal não hesita em parar e descer. Parece não se importar com os lobos – ao contrário, parece exercer um domínio sobre os perigosos seres uivantes!

Assim, Harker consegue chegar em segurança no castelo do Conde Dracula. Cuidadosamente descrito, até com exagerado detalhismo para quem vai se assustando a medida que compreende a extensão do terror – quem mais habita aquela fortaleza à beira de um desfiladeiro? Quem é o Conde? Onde estão os serviçais? Quem é o cocheiro? Que recanto solitário recebe agora a visita deste britânico urbano e pequeno-burguês? Afinal, o Sr. Harker é ali o representante de uma firma de advogados.

Por que advogados? É que o Conde decidiu ter negócios e propriedades nas Ilhas Britânicas! Um advogado será sempre útil para legitimar aquisições de bens e gerir negócios. Ainda mais num mundo competitivo como é o caso de Londres – antro de negócios e negociatas, onde uns sugam os outros! Que melhor lugar para um vampiro?

Daí surgir uma questão: Por que o Conde quer deixar a Transylvania e mudar-se para a capital inglesa, London? Por Curiosidade? Ânsia por multidões? Ambição especulativa? No filme de Francis Ford Coppola, “Bram's Stoker Dracula” (1992 ) o Conde descobre que Jonathan Harker é casado com a bela Mina Harker – que o Conde descobre ser a reencarnação da finada Elisabeta.

Contudo, no livro de Stoker, o Conde estuda sobre London, muito antes de Harker chegar. Aliás, Harker viaja para a Romênia numa viagem de negócios, justamente porque o Conde quer adquirir propriedades – entenda-se castelos e ruínas – na Inglaterra. Aliás, ele mostrasse um curioso exemplar sobre a história e a cultura da Grã-Bretanha. Por que exatamente? Por que o Conde não resolveu ir para Paris ou Roma? É de se pensar. Se o Autor fosse francês ou italiano...

O estranho anfitrião desperta o fascínio e o temor de Jonathan – que antes imagina ser tudo excentricidade de um aristocrata oriental, ou alucinação – com bizarras aparições noturnas quando não bebe nem come o jantar, apenas de acomoda a observar o conviva. O Conde solenemente se exalta ao narrar histórias da antiguidade como se fosse um participante delas – como se fosse um ser de quase cinco séculos! (1)(É como se ele fosse uma espécie de Conde de Saint Germain, que nunca envelhecia, que atravessava décadas – quiçá séculos! - na aparência de um homem de meia-idade... Um imortal? Um vampiro?)
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mais info sobre o Conde de Saint-Germain
http://www.spectrumgothic.com.br/ocultismo/personagens/germain.htm
http://www.almanaque.cnt.br/SANGERMAIN.htm
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O conviva tem a disposição um aposento aristocrata, uma sala de ceia, uma biblioteca, mas não tem como sair ao pátio, ou aos arredores do castelo. Será ele um prisioneiro mais do que um hóspede? Harker em suas andanças pelos corredores empoeirados e aposentos abafados do velho castelo, vem a encontrar um quarto luxuosamente decorado, ainda que todo o luxo se desfaça num ar antigo onde as tapeçarias se encobrem de poeira. Ali, certamente, habitavam as damas nobres.


“Sobre mim caía certa sonolência, e com esta a teimosia que o sono traz como se cavalgasse. O suave luar era reconfortante, e a amplidão do aposento dava um senso de liberdade que me acalmava. Decidi não voltar esta noite para os aposentos assustadores, mas dormir aqui mesmo, onde antes as ladies se sentavam e cantavam e viviam vidas sossegadas enquanto se entristeciam em seus corações sensíveis com seus homens envolvidos em guerras inclementes. Dispus um grande divã junto ao canto do aposento e quando eu deitei eu podia ter uma excelente vista do leste e do sul, e sem pensar ou me preocupar com a poeira, resolvi dormir. Acho que realmente acabei por dormir. Eu espero que sim, mas tenho medo que o que aconteceu depois tenha sido espantosamente real, tão real como eu estar aqui sentado em plena luz da manhã. Não posso acreditar que eu realmente dormia.”
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The sense of sleep was upon me, and with it the obstinacy which sleep brings as outrider. The soft moonlight soothed, and the wide expanse without gave a sense of freedom which refreshed me. I determined not to return tonight to the gloom-haunted rooms, but to sleep here, where, of old, ladies had sat and sung and lived sweet lives whilst their gentle breasts were sad for their menfolk away in the midst of remorseless wars. I drew a great couch out of its place near the corner, so that as I lay, I could look at the lovely view to east and south, and unthinking of and uncaring for the dust, composed myself for sleep. I suppose I must have fallen asleep. I hope so, but I fear, for all that followed was startlingly real, so real that now sitting here in the broad, full sunlight of the morning, I cannot in the least believe that it was all sleep.

e

“Eu não estava sozinho. O aposento era o mesmo, nada diferente desde que eu entrara. Eu podia ver ao longo do chão, no brilhante luar, meus próprios passos marcados onde eu pisara a poeira acumulada. Além do luar haviam três mulheres jovens, senhoras nobres pelo modo de agir e de vestir. Achava mesmo que dormia quando percebi que elas não lançavam sombra sobre o chão. Elas se aproximaram, e me observaram por algum tempo, e então trocaram sussurros. [...] Havia algo nelas que me deixava inquieto, com ansiedade e ao mesmo tempo com algum medo. Em meu coração eu sentia um desejo ardente, cruel que elas me beijassem com aqueles lábios rubros. Não é bom que eu anote isso, temo que algum dia isso caía sob os olhos de Mina e ela ficará magoada, mas essa é a verdade.”
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I was not alone. The room was the same, unchanged in any way since I came into it. I could see along the floor, in the brilliant moonlight, my own footsteps marked where I had disturbed the long accumulation of dust. In the moonlight opposite me were three young women, ladies by their dress and manner. I thought at the time that I must be dreaming when I saw them, they threw no shadow on the floor. They came close to me, and looked at me for some time, and then whispered together. [...] There was something about them that made me uneasy, some longing and at the same time some deadly fear. I felt in my heart a wicked, burning desire that they would kiss me with those red lips. It is not good to note this down, lest some day it should meet Mina's eyes and cause her pain, but it is the truth. (Chapter 3, p. 51)


Jonathan até hesita ao escrever a sedução das 'damas' no diário – prevendo a 'mágoa' do ciúme na noiva Mina , mas ele sabe que a sedução o deixou passivo ao encanto de tão 'refinadas' damas! É uma das cenas mais memoráveis do romance, esta na qual as noivas de Dracula atacam Jonathan Harker, ali passivo a ser seduzido!

Obviamente que o Conde reaparece e 'protege' Jonathan da fúria erótica-vampírica das 'noivas' – que são, certamente, as mulheres que ele 'vampirizou' ao longo de seu 'reinado' vampírico. Ele vampiriza quem ele ama ou 'julga amar' – julgamento que as 'noivas' fazem - “você é incapaz de amar!” - quando ele mostra preferência por Harker – que deve ser poupado, pelo menos por enquanto.


Noites depois, eis a segunda aparição das 'noivas' de Dracula. Parecem na forma de uma espectral nuvem de partículas, como se fosse uma nuvem de poeira a bailar no ar banhado pela lua. Da néova noturna se destaca as imagens que parecem humanas – pelo menos ao olhar assustado de Jonathan.

“Algo deixou-se em sobressalto, um baixo uivar de lobos cheio de lamento que subia lá do vale, onde não podiam ser vistos. Pareciam então soar mais altos aos meus ouvidos, e flutuantes fragmentos de pó tomavam novas formas ao som como se dançassem ao luar. Sentia-me lutando para acordar a algum chamado de meus instintos. Mas não, toda a minha alma estava lutando, e minhas meio-relembradas sensibilidades esatvam lutando para responder ao chamado. Estava ficando hipnotizado! A nuvem de pó dançava mais e mais rapidamente. Os raios do luar pareciam tremular como se passassem por mim rumo à desolação além. Mais e mais elas se juntavam até que pareciam assumir formas espectrais. E então eu comecei, totalmente desperto e em plena posse de meus sentidos, a gritar enquanto corria para longe daquele lugar. As formas espectrais, as quais mais e mais se materializavam no luar, eram aquelas três mulheres fanstamas às quais eu estava condenado.”

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Something made me start up, a low, piteous howling of dogs somewhere far below in the valley, which was hidden from my sight. Louder it seemed to ring in my ears, and the floating motes of dust to take new shapes to the sound as they danced in the moonlight. I felt myself struggling to awake to some call of my instincts. Nay, my very soul was struggling, and my half-remembered sensibilities were striving to answer the call. I was becoming hypnotised! Quicker and quicker danced the dust. The moonbeams seemed to quiver as they went by me into the mass of gloom beyond. More and more they gathered till they seemed to take dim phantom shapes. And then I started, broad awake and in full possession of my senses, and ran screaming from the place. The phantom shapes, which were becoming gradually materialised from the moonbeams, were those three ghostly women to whom I was doomed. (chapter 4, p. 60)


Jonathan finalmente percebe em que perigo ele se encontra. Ainda mais quando de outra janela ele pode ver o Conde a rastejar pelas paredes do castelo! Cena tétrica que desfaz todas as ilusões do jovem londrino! Em que espécie de conto de terror ele foi se perder! No final do diário que temos em mãos ele pretende fugir, também a escalar as paredes!, enquanto os ciganos enchem as caixas que o Conde pretende transportar para a Inglaterra. Será que Jonathan conseguirá mesmo se salvar?

Sendo um 'romance epistolar', Dracula não se resume ao diário e cartas de Harker. Novos 'informantes' surgem. Cartas várias – a correspondência de Mina e Lucy, depois o diário de Mina, futura Sra. Harker. Conhecemos os três pretendentes de Lucy. São o médico Seward, o nobre Arthur Holmwood, o cowboy ianque Quincey Morris.

Temos o diário do Dr. Seward onde aprendemos sobre um lunático chamado Renfield, que sofre de estranho distúrbio psíquico com os sintomas mais bizarros. Coleciona insetos – que depois ele engole! Ou se perde em acessos de fúria, e em seguida se acalma a repetir “O sangue é a vida! O sangue é a vida! (“The blood is the life!”) Nos capítulos 6 e 7 temos vários informes que apontam para a chegada do Conde ao território britânico. Em seguida, no capítulo 8, o vampiro inicia os ataques a donzela Lucy.

Curiosidade: há até um distúrbio mental batizado de “síndrome de Renfield” - no caso o 'vampirismo clínico', ou a obsessão por sangue. Ver mais em
http://en.wikipedia.org/wiki/Clinical_vampirism
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Melhor cena com Renfield no Dracula (movie 1992)
http://www.youtube.com/watch?v=WaVZmo8CsGQ


Nos capítulos 9 e 10 entra em cena o Professor Van Helsing, o líder das 'forças do Bem' que une em si mesmo - com maestria ! - a figura do intelectual, do cientista, do médico, do líder espiritual e do caçador de aberrações! Obviamente que o Autor investiu emocionalmente no herói do romance. Van Helsing é quase um super-herói destes que conhecemos no século 20!

Sabemos que o Conde Dracula tem influência sobre os animais, as condições atmosféricas, os humanos (adentra até o domínio dos sonhos!) - mesmo ao longo de distâncias! Ele se aproxima da Inglaterra – e causa agitação em Renfield, aumenta o sonambulismo de Lucy, provoca tempestade ao longo da cidade portuária de Whitby (onde Mina está em companhia de Lucy ).

Dracula ataca Lucy enquanto ela anda sonâmbula junto ao cemitério à beira-mar, ou no jardim, ou junto a janela (ele assume a forma de um morcego!) Ao sugar o sangue da donzela, cuja beleza atraiu três pretendentes!, o Conde faz ressaltar os aspectos anêmicos e histéricos. Digamos que ele 'possui' a virgem antes do noivo! E que desperta – ao vampirizar a mocinha – o lado erótico reprimido pela sociedade vitoriana.


cenas de cinema que mostra o sonambulismo de Lucy
http://www.youtube.com/watch?v=6nFUA62kYfU&NR=1&feature=fvwp

http://www.youtube.com/watch?v=7FbJiz9zc04&feature=fvw


Este lado erótico – ainda mais reprimido – é ressaltado sempre quando se trata da era vitoriana – como encontramos nos escritos de Freud.


Enquanto isso, Mina nada sabe sobre o paradeiro de Harker, e nós leitores até imaginamos o fim do pobre cidadão inglês (nós que sabemos apenas que ele tentava escapar do castelo...). Mas uma carta vinda de Budapest esclarece que o Sr. Harker está internado num hospital da capital húngara, de onde uma enfermeira comunica o estado de saúde do atormentado paciente.

Assim, Mina resolve se encontrar com o noivo na Hungria – e Lucy é deixado aos cuidados da família, a mãe (um tanto adoentada), as damas de companhia, e os pretendentes – Arthur, Morris e Seward, além de Van Helsing que entra em cena – providencialmente! - para salvar Lucy com transfusões de sangue, toda vez em que ela é praticamente 'drenada' pelo vampiro insaciável.


É através dos diários de Mina e do Dr. Seward que podemos acompanhar os acontecimentos a partir da chegada do navio Demeter (de bandeira russa) ao porto de Whitby, na Inglaterra. A chegada do navio – em plena tempestade – já é funesta. Ainda mais quando há um cadáver atado ao leme. Descobre-se ser o próprio capitão – que deixou o diário a narrar os horrores a bordo, desde que o navio atravessou o Mar Negro, ao zarpar de Varna, na Bulgária. Algo/ alguém ataca os tripulantes!

Comparando as datas, percebemos que a medida que o navio se aproxima – ao longo de 18 de julho a 4 de agosto – há todo uma aumento da inquietação noturna de Lucy. O que culmina na noite da tempestade. Mina anota no diário, “Lucy estava muito inquieta durante toda a noite, e eu, também, não podia dormir (“Lucy was very restless all night, and I, tooo, could not sleep.” cap. 7, p. 114)

Percebemos o quanto Mina está igualmente agitada. Influência da amiga? Preocupação com a amiga? Ou influência também da chegada do Conde? “Estou muito agitada para dormir”, ou “Não tenho sono agora”, são frases recorrentes no diário. Ainda mais quando descobrimos ser a noite do primeiro ataque do Conde. Em plena lua cheia, enquanto Lucy caminha sonâmbula pelo cemitério à beira-mar. Mina segue a amiga Lucy, mas não pode evitar o ataque.

“Havia um brilhante luar, com pesadas nuvens sombrias, que tornavam toda a cena num fugaz diorama de luz e sombra no qual elas passavam. Por um instante ou dois eu nada podia ver, quando a sombra de uma nuvem obscurecia a igreja de Santa Maria e arredores. Então quando a nuvem passava eu podia ver as ruínas da abadia mais visível, e quando a orla da estreita faixa de luz tão aguda quanto fio-de-espada movia-se ao redor a igreja e o cemitério da igreja tornavam-se gradualmente visíveis.”
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There was a bright full moon, with heavy black, driving clouds, which threw the whole scene into a fleeting diorama of light and shade as they sailed across. For a moment or two I could see nothing, as the shadow of a cloud obscured St. Mary's Church and all around it. Then as the cloud passed I could see the ruins of the abbey coming into view, and as the edge of a narrow band of light as sharp as a sword-cut moved along, the church and churchyard became gradually visible.

e

“Quando eu estava quase no topo eu podia ver o banco e a figura em vestes brancas, pois eu agora estava próxima o suficiente para distinguir através dos feitiços da sombra. Havia, sem dúvida, algo, longo e sombrio, inclinado sobre a meio-reclinada figura em vestes brancas. Eu chamei, apavorada, “Lucy! Lucy!” e aquele algo levantou a cabeça, e de onde eu estava eu podia ver a face pálida e olhos rubros-rutilantes.”
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When I got almost to the top I could see the seat and the white figure, for I was now close enough to distinguish it even through the spells of shadow. There was undoubtedly something, long and black, bending over the half-reclining white figure. I called in fright, "Lucy! Lucy!" and something raised a head, and from where I was I could see a white face and red, gleaming eyes. (c. 8, p. 122)

As noites seguintes: aumenta o sonambulismo de Lucy. Ela sempre inquieta, tem sonos agitados, é assim atraída para a sedução do Conde – ou este adentra os aposentos da donzela sob a forma de morcego ou de névoa azulada! É em vão todas as tentativas de Seward e Van Helsing para proteger a mocinha vitimada – ela enfraquece a cada ataque. Novas transfusões são providenciadas.

Mas até um lobo é incitado a romper as vidraças! O Conde não hesita em desafiar os doutores! Com a violência da investida, a mãe de Lucy sofre um infarto, e a mocinha é deixada indefesa à voracidade do vampiro. Os doutores desta vez chegam quase no momento duplamente fatal. Mas até quando haverá transfusões para manter a mocinha viva?

Enquanto isso, no capítulo 12 sabemos sobre o casamento de Mina e Jonathan. Os Harker são então acolhidos na mansão do patrão (agora sócio!) de Jonathan. O casal será a família do idoso advogado – não por muito tempo, pois o Sr. Hawkis logo morre.

No mais, a transformação de Lucy se processa. Há uma Lucy 'vampira' (num estado letárgico) dentro da Lucy 'normal' (enquanto acordada). A Lucy que mostra-se vampira é voluptuosa, é sedutora. Lucy finalmente morre – para a aflição dos mocinhos (principalmente Arthur) que se apresentavam como pretendentes – além do sério Dr. Van Helsing ( que não ocultava um interesse pela bela donzela!)

Aqui é evidente um entralaçamente de Eros & Thanatos diante da beleza da falecida Lucy! Ela em palidez e lábios rubros é mais bela quando morta! A beleza das belas virgens mortas do Romantismo – eis o quanto Dracula resgata o Romantismo do início do século 19. A ponto de Arthur não acreditar que a sua noiva está realmente morta.

Morta? Van Helsing duvida. Não é o fim para Lucy – é apenas o começo! (Ele até cogita em decapitar a bela falecida e arrancar-lhe o coração!) O Dr. Seward fica horrorizado com a tal intervenção cirúrgica – e Van Helsing sabeo quanto Seward era apaixonado pela falecida. Seward espera que Lucy finalmente tenha paz.


“Fiquei ao lado de Van Helsing e disse:
-Ah, bem, pobre garota, finalmente haverá paz para ela. Acabou!

Ele voltou-se para mim, e disse com grave solenidade: -
-Não é assim; ai de mim! Não é assim. É apenas o começo!

Quando eu perguntei o que ele queria dizer com isso, ele apenas moveu a cabeça e respondeu: - Nada podemos fazer agora. Espere e veja.”
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I stood beside Van Helsing, and said: -
“Ah, well, poor girl, there is peace for her at least. It is the end!”

He turned to me, and said with grave solemnity: -
“Not so; alas! Not so. It is only the beginning!”

When I asked him what he meant, he only shook his head and answered: -
“We can do nothing as yet. Wait and see.”

(Chapter
12, p. 203)




continua...




Leonardo de Magalhaens
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sábado, 18 de dezembro de 2010

sobre DRACULA - de Bram Stoker (1:3)






Sobre o clássico do terror Dracula (1897)
do autor irlandês Bram Stoker (1847-1912)


classic horror fiction
ensaio 3

Quando o Terror surge entre a Vida e a Morte


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Falemos mais sobre Vampiros. Que fascínio estes seres exercem sobre os pobres mortais? Que fantasias são capazes de despertar? Que maldições tecem as tapeçarias de delírios que movem as produções de livros, filmes, bandas de música? Por que tal criatura se destaca tanto no universo do terror a ponto de ter proeminência sobre outros mortos-vivos e bestas apocalípticas?

Este ensaio aborda a obra Dracula de Bram Stoker, mas tem dois anexos – um antes e outro depois. Primeiramente, um cenário sobre o que entendemos por vampiro. Há outros escritores antes e depois de Stoker que falaram sobre os undead. E assim a cada escrita e reescrita novas peças podem se encaixar no mito, novas lendas podem ser 'criadas', novas alternativas para a origem e para o final destes monstros tão adoráveis.

A terceira parte é um panorama da presença dos vampiros na cultura ocidental. Uma série de links com conteúdo midiático on-line sobre livros, autores, filmes, animações, blogs, sites, bandas musicais que se dedicam a atualizar a temática dos vampiros – seja explicando, contestando, adorando, desejando.


Começaremos com a mitologia sobre Vampiros, a herança do vampiro folclórico. Sobre vampiros eu apresento mais perguntas do que respostas, eis algumas...


Vampiros sugam sangue dos vivos - mas os vampiros saem do túmulo para sugar?

Alguns autores apresentam o vampiro enquanto espectro, um fantasma, que ataca os vivos. Assim, o corpo undead não deixa o túmulo. O fantasma suga uma vítima e o corpo undead no túmulo 'recebe' a energia vital do sangue sugado.

Outros autores mostram o corpo undead a sair do túmulo – tal um zumbi, um morto-vivo, meio preservado, ou rejuvenescido (ainda que com o fedor próprio da morte e da terra úmida) e suga o corpo da vítima

Ou seja, temos duas possibilidades. Um espírito preso a um corpo undead. Este espírito suga a energia vital no sangue de um corpo vivo e teletransporta esta energia para o corpo lá na cova -por isso o corpo lá se conserva. Ou é um corpo undead conservado que sai por aí a sugar corpos vivos.

No primeiro caso, os vampiros podem atacar até nos sonhos, ao provocarem alucinações e pesadelos. No segundo caso são monstros sujos de terra e fétidos de terra úmida que dilaceram pescoços de vítimas indefesas.

Um autor de ficção que se destaca no 'vampiro espectro' que atua sem que o corpo deixe a sepultura é o italo-americano Francis Marion Crawford, 1854-1909), com o conto (gothic tale) “For The Blood is the Life” (publicado em 1911)

“Então ele foi até o monte de terra e parou sobre este onde eu podia ver a Coisa ainda lá, mas não exatamente deitada; ela estava de joelhos agora, movendo os braços ao redor do corpo de Holger e olhando direto na face dele. Uma brisa gélida arrepiou meus cabelos neste momento, enquanto o vento noturno descia sobre as colinas, mas eu sentia como se fosse um respirar de um outro mundo.
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A coisa parecia tentar se levantar sobre os próprios pés com a ajuda do corpo de Holger enquanto ele ficava em pé no mesmo lugar, um tanto inconsciente disso e aparentemente olhando para a torre, a qual é muito pitoresca quando o luar cai sobre ela naquele lado.”
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Then he went on till he reached the mound and stood upon it. I could see the Thing still, but it was no longer lying down; it was on its knees now, winding its white arms round Holger's body and looking up into his face. A cool breeze stirred my hair at that moment, as the night wind began to come down from the hills, but it felt like a breath from another world.
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The Thing seemed to be trying to climb to its feet helping itself up by Holger's body while he stood upright, quite unconscious of it and apparently looking toward the tower, which is very picturesque when the moonlight falls upon it on that side.

Fonte:
http://www.vampireoccultsociety.com/crawford_bloodislife1.html


Outros autores de ficção preferem o vampiro corpo que sai do túmulo – talvez por ser um terror mais material, mais carnal. Assim encontramos os vampiros em obras de Stephen King, Anne Rice e Stephenie Meyer, para citar os mais famosos (e campeões de vendas).

Quanto a destruição do vampiro – tanto num caso quanto no outro – o corpo undead deve ser destruído – exumado e desmembrado, ou golpeado com estaca no coração, ou queimado.

Há também a figura do 'vampiro astral' que pode designar não apenas um vampiro-fantasma. Há um tipo de pessoa, digamos um vampiro corpo vivo que é capaz de sugar energia do 'campo astral' composto de energia vital – ou diretamente pelo toque. São pessoas que ao tocarem o corpo de alguém, 'sugam' energia vital (não exatamente sangue). Pessoas que mesmo sem tocarem sugam energia vital de uma ou mais pessoas. Em festas, em ambientes lotados, o vampiro-astral passeia anonimamente a sugar energias alheias. Em muitos ambientes se percebe uma debilitação do ânimo vital que se perde para o proveito de outrem.


Quem tem tendência a tornar-se vampiro?

Vítimas de vampiros, foram sugadas e vampirizadas; ou então os suicidas, que ansiam pela morte mas antes da 'hora', assim atraem os mortos-vivos; ou então vítimas de atos violentos, cruéis, assassinatos, pois morrem antes da 'hora'; há também os 'hereges', ou os amaldiçoados – aqui o poder das religiões em 'excomungar' pessoas – e a crença de que nem a tera queria aceitar o corpo maldito – lembrar que hereges e suicidades eram enterrados fora dos 'campos santos' onde a terra era consagrada.

Existem também os que agem como se fosse vampiros – matam e sugam sangue – mas aqui é um caso patológico, de doença mental.


O que é lenda, o que é fato?


Explicações para o vampiro folclórico não faltam. Citemos o norte-americano Paul Barber e o espanhol Juan Gómez-Alonso. Barber aborda mais a questão dos sepultamentos e as condições dos cadáveres nos tempos medievais e início da modernidade (séculos 15 a 18). O que os camponeses sabiam sobre decomposição de cadáveres? O que sabiam sobre doenças transmissíveis? Que teorias não teriam inventado para explicar ocorrências um pouco mais 'estranhas'?

Barber analisa os fatos do folclore, enquanto o espanhol Gómez-Alonso, sendo um neurologista, preocupa-se com as questões de saúde. A infecção por raiva (também Hidrofobia) poderia ter sido uma das causas do mito do vampiro. Em artigo publicado no jornal da Academia Americana de Neurologia, Gómez-Alonso, que é profissional do Hospital Geral de Vigo, Espanha, o médico traça uma descrição do estado calamitoso de uma vítima portadora de raiva: espasmos faciais, lábios que se contraem, gengivas expostas – o que 'aumenta' o tamanho dos dentes – impulsos violentos, ereções prolongadas, fotofobia – hipersensibilidade aos estímulos luminosos, isto é, medo da luz e desejo de ficar na escuridão. Ora, estes são 'sintomas' de vampirismo!

Na Hungria do século 18 ocorreu uma epidemia de raiva – que atinge principalmente, como sabemos, lobos, cães e morcegos! - o que se alastrou para os humanos, que chegavam, em crises espasmódicas, a morderem outras pessoas. Também mostraram sinais de sensibilidade diante de focos de luz, e não conseguiam dormir – assim insônia é também sintoma!

E muitos cadáveres eram exumados para previnir a propagação de novos 'vampiros'. E quando os cadáveres eram revelados havia sangue nas bocas! Para o médico espanhol isso mostra que o sangue das vítimas da raiva tem um tempo mais lento para a coagulação sanguínea. Assim o sangue escorre pela boca – e outras mucosas – mesmo após o sepultamento.

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Mais sobre o artigo de Juan Gómez-Alonso
http://www.skeptictank.org/rabvamp.htm
http://news.bbc.co.uk/2/hi/europe/178623.stm
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Estas questões de sepultamento, sangramento, condições do cadáver são extensivamente abordadas pela obra de Barber, da qual citaremos os trechos mais elucidativos. Lembro que tanto o autor quanto este crítico distinguem os vampiros folclóricos dos vampiros da ficção.

“Paul Barber em seu livro Vampires, Burial and Death [sem tradução no Brasil, mas seria “Vampiros, Enterros e Morte”] tem descrito que a crença em vampiros é resultado das tentativas de povos de sociedades pré-industriais para explicar o natural, porém para eles era inexplicável, o processo de morte e decomposição.”
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Paul Barber in his book Vampires, Burial and Death has described that belief in vampires resulted from people of
pre-industrial societies attempting to explain the natural, but to them inexplicable, process of death and decomposition.
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As tradições, as lendas sobre vampiros integram o folclore da Europa do leste, com alguns aspectos que se repetem na maioria das narrativas – de várias testemunhas (geralmente coveiros, padres, autoridades civis, parentes) – a saber, cadáveres que demoram a se decompor, conservam o sangue fresco, pois sangram, causam epidemias, tem um fedor medonho, são eliminados definitivamente por estaca no peito – apenas uma das formas de matar 'vampiros' – outras são o desmembramento, a decapitação, a queima do cadáver (cremação).

Os casos citados na obra de Barber são o de Peter Plogojowitz, do século 18, na região da Sérvia, Walachia, que foi parte do Império Austro-Húngaro até a Primeira Guerra Mundial), também o caso do sapateiro de Breslau, o caso de Arnod Paole, um ex-soldado, também na Sérvia, no mesmo século 18. Este último caso chegou a alertar as autoridades. Julgavam que outros estavam se tornando vampiros – então exumaram o corpo suspeito, e estava não-decomposto, e sangrava pela boca. Então foi perfurado com estaca e depois cremado.

O caso dos vampiros gregos foi abordado pro De Tournefort. “No início do século 18, o botânico francês Pitton de Tournefort teve a oportunidade de observar, em primeira mão, a dissecação de um vrykolakas grego na ilha de Mykonos.” (p. 21) Outas grafias são encontradas (vorkalaka, vrikolax) para designar um ser meio morto meio vivo, meio 'assombração', que foi um ser desnaturado quando vivo – há algo em vida, alguma maldição, que leva ao vampirismo? - o 'vampiro' em questão havia sido vítima de homicídio. E este em especial não matava, não sugava sngue, era mais um 'espectro'.


Há mais variações do que um padrão entre as lendas germâncias (sobre Nachzehrer), gregas (vrykolakas), eslavas (revenants), romenas (strigoi) – ainda mais quando a questão é: é possível a eficácia de ritos cristãos para apaziguar a ameaça dos vampiros? A força do vampiro é mesmo demoníaca? O que leva um vampiro a ser vampiro? É transmissível? É uma maldição?

No capítulo “How Revenants come into existence” (p. 29), Barber lista hipóteses, e analisa uma por uma. Primeiro, a predisposição. Depois a predestinação. Em seguida, o que acontece com o vampiro. E por fim o eventos não conclusos, por exemplo, rituais não terminados, missões de vida não concluídas. Também são não-eventos a não ocorrência de extrema-unção, por exemplo. Se o morto não recebe os rituais devidos – a causa seria a ausência, falta da religião) E relaciona com o germânico Nachzehrer, geralmente um suicida.

Um suicida tem mais 'chance' de ser 'vampiro'? Bruxos e bruxas são mais facilmente vampirizados... Crianças deformadas? Devassos e assassinos? Maldição familiar? Sonâmbulos? Catalépticos? Ou vira-se um vampiro ao ser atacado por vampiro? Basta o vampiro sugar o sangue para 'vampirizar' a vítima? Ou deve haver uma espécie de 'troca de sangue'? Para os padres (e outros sacerdotes) uma suspeita de heresia basta. Assim blasfemadores, não frequentes às missas, rebeldes (além de ladrões e judeus) eram mais sujeitos a transformação vampírica.


“Na Rússia, suicidas, vítimas de homicídio, afogados, e vítimas de ataque cardíaco estavam em risco, e seus corpos eram geralmente dispostos diferentemente em relação aos outros corpos.” (“In Russia, suicides, murder victims, people who drowned, and even victims of stroke were particularly at risk, and their bodies were usually disposed of differently from those of other people.” p. 34)

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“Na Grécia, uma anátema de padre foi considerada como suficiente para causar que um corpo se tornasse um vrykolakas, ou uma maldição, e tanto Lawson e os Blums citam tais maldições. Um relato da Romania declara que uma ferida aberta, se não coberta, será a causa de um cadáver tornar-se um revenant [undead]”
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(“In Greece, a priest's anathema was regarded as sufficient to cause a body to become a vrykolakas, or a curse, and both Lawson and the Blums cite such curses. One account from Romania states that an open wound, if not coevered, will cause a corpse to become a revenant;” p. 36)
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Alguns autores – Barber cita Flückinger - tentam 'explicar' os casos de vampiros, especificamente daqueles corpos encontrados no caixão em posição diversa daquela de quando foram enterrados, ou de mãos que se projetam de caixões dilacerados, como exemplos de pessoas que foram enterradas vivas. Por caso de coma ou catalepsia, doenças pouco compreendidas na época (imagine nas eras pré-iluministas quantos não foram enterrados ainda vivos, mas dados como mortos!) Outros autores – aqui citados Leatherdale e David Dolphin - apontam os casos de porfiria (porphyria) que teriam vitimado aos supostos 'vampiros'. Ainda, para alguns autores (Ranft, Meinig, Fritsch) se alguns corpos são 'conservados', algumas circunstâncias são apresentadas por 'retardadoras' do processo de decomposição – por exemplo terra arenosa, baixa temperatura.


No aspecto exterior do 'vampiro', Barber realça, no capítulo “The Appearance of the Vampire”, as diferenças entre os vampiros do folclore e aqueles da ficção,


“Dos vários vampiros do folclore e da ficção, talvez o mais fácil de descrever é aquele das ilustrações, desde que o obetivo do artista é criar, tão rápido e eficiente quanto possível, algo que será recolhecido instantaneamente, por alguém, como um monstro sugador de sangue, de preferência um sujeito alto, soturno a vestir roupas de moda antiga. Eu suspeito que o ilustrador se pertimiria usar duas marcas de vampiro tais como uma capa preta e longos dentes caninos. Com estas marcas o artista transformaria qualquer figura em algo vampiresco.
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O que é curioso sobre isto é que nem a capa nem os caninos são encontrados no folclore de vampiro : aqui novamente, a ficção tem pouco a ver com o folclore.”
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Of the various vampires from folklore and fiction, perhaps the most easily described is that of the cartoons, since there the artist's objetct is to create, as quickly and efficiently as possible, something that will be recognized instantly, by anyone, as a blood-sucking monster rather than, say, a tall, brooding fellow in old-fashioned clothing. I suspect that a cartoonist allowed to use only two vampire-markers would demand a black cloak and long canine teeth. With these the artist could transform any figure into something vampirelike.
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What is curious about this is that neither the cloak nor the canines finds a place in the folklore of the vampire: here again, fiction has little to do with folklore
.” (p. 39)


As roupas de um revenant não estão obviamente conservadas com tons aristocráticos como se vê em filmes – onde sequer terra e galhos são observados sobre as roupas impecavelmente esvoaçantes para melhor efeito de terror sobrenatural. Barber aproveita para abordar mais sobre a figura pálida que os filmes consagraram,

“No folclore, como pode ser visto nas citações, o vampiro é bem diferente daqueles assemelhados em filmes. A cor do vampiro nunca é pálida, como se esperaria de um cadáver: a face é comumente descrita como rosada, ou uma cor saudável, ou escura, e que devia ser atribuída ao hábito de beber sangue.
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“In folklore, as may be seen from the above quotations, the vampire is very different from his counterparts in the movies. His color is never pale, as one would expect of a corpse: his face commonly is described as florid, or of a healthy color, os dark, and this may be attributed to his habit of driking blood.” (p. 41)
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Desconhecendo os passos da decomposição cadavérica, os exumadores encontravam um ser ainda com sangramentos e imaginavam logo que o sangue seria de alguma vítima. Atualmente, sabe-se que muito sangue nos pulmões não se coagula facilmente e pode vazar pelas mucosas – boca, nariz, olhos, assim que a pressão abdominal aumenta, com o inchaço do cadáver.

Barber aborda também a questão se o vampiro deve repousar sempre na terra onde foi enterrado. Veremos no Dracula de Bram Stoker que o Conde ao viajar carrega o caixão com terra do próprio túmulo. A chamada terra nativa (“native earth”), que teria uma explicação.

“A teoria da 'terra nativa' da ficção, por exemplo, parece ter surgido da crença (folclórica) de que o vampiro deve permanecer em sua cova parte do tempo – durante o dia – mas com poucas exceções os vampiros do folclore não viajam. Eles não são itinerantes, iguais ao Dracula, e nada é dito sobre eles serem capazes de se desviar da obrigação de manter-se em suas covas meramente por carregarem consigo um suprimento de terra da decomposição.”
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(“The 'native earth' theory of fiction, for example, seems to have arisen out of the (folkloric) belief that the vampire must remain in his grave part of the time – during the day – but with few exception folkloric vampires do not travel. They are not itinerants, like Dracula, and nothing is said of their being able to circumvent their obligation to remain in their graves merely by taking with them a supply of dirt.” p. 67)
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Outro detalhe: os espelhos. Na Ficção, os vampiros sem reflexo no espelho. No folclore é comum encontrar narrativas onde os espelhos são cobertos durante os velórios, para não refletirem o cadáver. No mais, é comum a superstição de que quebrar espelho causa azar, infortúnio. Mas em algumas crenças do folclore, a presença de espelhos seria capaz de 'prender' a alma do finado quando esta se desprende do cadáver. É esta alma – enquanto espectro – que pode eventualmente assustar os parentes e vizinhos nos sonhos – que se tornam em pesadelos. A ideia de alma enquanto 'duplo' (em relação ao corpo) é de tradição egípcia, e de alguns povos sumérios, e até hoje é crença de espiritualistas.

O vampiro não ter sombra seria uma forma de simbolizar que o ser maldito não tem mais alma – ainda que outras fontes apresentem o drama do vampiro como um caso de alma que fica presa ao corpo, e deste modo atrasando a decomposição cadáverica. Estas explicações religiosas, cristãs, mostram o aspecto que une o vampirismo e o satanismo – o suposto fato de que a força dos vampiros tem origem demoníaca. Mas o aspecto religioso nem sempre é muito relevante na ficção. Na ficção tradicional os vampiros podem se apresentar na forma de sombras espectrais, ou então na forma corpórea. Enquanto corpos não projetam sombra nem aparecem em espelho.

Portanto, o que não faltam são diferenças entre os vampiros das narrativas orais do folclore do leste europeu e os vampiros que se eternizaram nos contos, nas gothic novels, nos HQ, no cinema, nos seriados juvenis. Para Stoker, os vampiros do folclore foram utéis para criar o contexto – assim como pesquisar a história da Transylvania, região disputada por húngaros e romenos – para dar uma 'base' ao ser da ficção. Enquanto outros autores preferiram 'dar asas à imaginação' ao criarem seres que pouco se assemelham aos do folclore e aos de Stoker. Atualmente, os vampiros ficcionais não seguem qualquer 'tradição' – cada autor tem o vampiro que merece.

Vampiros na Ficção

(ênfase aqui: século 20)


Os vampiros de Stephen King estão na mesma tradição dos vampiros de Polidori, Bram Stoker, Le Fanu, etc. Mas Anne Rice – ao fazer os vampiros narrarem suas experiências (o narrador em 1ª pessoa!) - rompe com a tradição ao criar seres poderosos e conscientes tais como Armand, Lestat e Louis. Temos o vampiro-ator, o vampiro-yuppie, o vampiro rock-star!

Enquanto os vampiros tradicionais – the Old ones – são mais hereges, anticristos, deformados e moralmente condenados; os vampiros 'modernos' – the new vampires – são menos hereges, mais hedonistas, individualistas, amorais. Lutam para 'subir na vida' e não hesitam em destruir existências alheias. Qualquer semelhanças com a prática burguesa-capitalista não é mera coincidência!


Enquanto Stephenie Meyer, autora de “Twilight”, simplesmente ignora a 'tradição' e Anne Rice! Meyer não hesita (nem se envergonha) em dizer que não leu “Dracula” e apenas folheou alguns livros de A Rice. Meyer conseguiu a façanha de consagrar os vampiros-teenagers, que são imortais que frequentam escolas e disputam - com lobisomens atléticos! - mocinhas caipiras inocentes!


Se nas Crônicas Vampirescas, os vampiros têm voz – Louis, Lestat – na saga de Meyer, Crepúsculo, a narração em 1ª de alguém envolvido com- / seduzido por vampiros. Bella é uma mocinha comum, proviciana, que se vê envolvida numa trama, num verdadeiro embate entre 'vampiros' e 'lobisomens' – ela está fascinada, quer e não quer ser vampira – ou seja, ela hesita diante da 'sedução', mesmo que o vampiro seja um 'jovem', um teen misterioso e charmoso.


Se S. King valoriza o terror, os vampiros enquanto predadores, inimigos dos humanos, A. Rice prefere apresentar a perspectiva dos vampiros, que ainda conservam algo de humano. Esta perspectiva ainda que diminua o terror, ainda aparesenta os vampiros enquanto predadores.

Mas S. Meyer leva a 'humanização' dos vampiros ao extremo ao mostrar os vampiros apaixonados – um romantismo que lembra os clássicos de Jane Austen e das irmãs Brontë – ao mesmo tempo em que troca o sadismo e o amoralismo por moralismo cristão-mórmon: a importância da sexualidade reprimida (o vampiro despreza o sangue!) na forma de abstinência sexual.


Vejamos algumas semelhanças e diferenças nos principais vampiros da ficção.

Os Vampiros na tradição Stoker são baseados nas miríades de lendas do folclore eslavo e húngaro-romeno sobre mortos-vivos, revenants, strigoi, etc, e tendem mais ao horror que à filosofia. São medonhos e nada elegantes – com exceção para o Vampiro-Rei, o Conde Dracula, capaz de ser charmoso e fascinante.

Na tradição, os vampiros podem ser cadáveres ambulantes, ou espectros que atacam durante o sono. Podem se metamorfosear em lobos, cas negros, morcegos, répteis além de um tipo de névoa. Voam, matrializam-se, desmaterializam-se, andam flutuando, esclam torres, atravessam paredes – ou seja, podem ser corpo ou espectro, a depender das circunstâncias. Não há referências aos poderes mentais, mas podem influenciar o estado atmosférico (provocar tempestades, por exemplo)

Seres que não possuem sombra nem reflexo no espelho. Temem crucifixos, igrejas, hóstias, rosários, água-benta, alho, etc. São seres passíveis de destruição pelo sol, fogo e estaca enterrada no coração. Como criam outros vampiros? Como é o 'ritual de iniciação'? Os vampiros sugam o sangue da vítima e doam o próprio sangue aos poucos, em vários ataques. Se o vampiro apenas sugar, a vítima morre – não se torna outra vampiro.

A autora A. Rice cria todo um universo de vampiros baseados em algo da tradição, mas inventando algumas alternativas possíveis para 'explicar' a cosmogonia dos seres norturnos. Nessa pretensão de 'criar um universos' ela se assemelha ao megalomaníaco J. R. R. Tolkien (1892-1973), autor de The Lord of the Rings, mas sem o talento e genialidade dele. Não que Rice não tenha méritos, mas ela exagera.

Em Entrevista com o Vampiro – um clássico de vampiros modernos - já existem exageros, que só vão piorando de volume a volume nas Crônicas Vampirescas. Criar um universo auto-explicativo, uma literatura auto-referencial não é fácil, é tarefa para poucos. Muita pretensão pode afundar o Titanic literário.


Mas vamos considerar primeiramente onde Rice foi mais interessantemente criativa. Para ela, os mortos-vivos são cadáveres animados por uma demoníaca ânsia de sangue. Despertam ao crepúsculo e adormecem ao alvorecer. São capazes de resguardar uma memória lúcida – tanto que narram as próprias experiências. Não têm poder de metamorfose, não voam – podem levitar, flutuar – podem correr velozmente, escalar superfícies. Não se desmaterializam, não se deformam, não atravessam paredes.

Possuem sombra e reflexo no espelho; possuem o dom da telepatia e da telecinese. Detalhe importante: os vampiros progenitores não sentem os pensamentos de seus iniciados. Não temem forças sobrenaturais, nem crucifixos, nem igrejas, nem hóstias, nem água-benta, nem alho, rosas frescas, etc. Não têm influência sobre o estado atmosférico.

Como é o 'ritual de iniciação'? Nas Vampire Chronicles é chamado de Dark Gift – a dádiva sombria – onde o vampiro progenitor suga por completo o sangue da vítima e em seguida concede a esta o próprio sangue vampiresco em um único e fulminante ataque, ou em vários ataques, noite após noite. O exemplo é a transformação de Louis por Lestat que foi por etapas, a medida que Louis era seduzido por Lestat. (Em Dracula, a vampirização de Lucy é também por etapas, a cada visita do Conde Dracula)

Mas além disso, Rice lembra dos vampiros tradicionais, aqueles do folclore, das lendas, como um dos 'tipos' de vampiros. Ela cuida em integrar no universo que ela cria o universo já que existe! Quem são os vampiros tradicionais? São os ressurgentes, os revenants. Vivem nos cemitérios, ou bosques. Andam em rapos, fedem à terra úmida, o copor em quase-decomposição. São mentalmente limitados – assim jamais poderiam narrar a própria história. São submetidos a líderes – enquanto os vampiros aristocratas são individualistas, misantropos.

Os ressurgentes acreditam nas superstições que se criaram sobre eles mesmos – logo temem os crucifixos, os rituais, a água-benta, o alho, etc. Coisa que são motivo de zombarias para os vampiros esclarecidos (isto é, não supersticiosos, não-hereges). Os ressurgentes são adeptos de cultos de magia e de satanismo – coisa que para os aristocratas é mero charme ou entretenimento. Assim os vampiros tradicionais são os pré-Iluminismo, os irracionalistas que fascinaram os românticos – seres atormentados, melancólicos; enquanto os aristocratas,os 'modernos', são hedonistas.

Esses hedonistas são os vaidosos que se julgam caçadores no Jardim Selvagem da vida. Preferem o luxo dos mortais do que as catacumbas. São ateus e eruditos – odeiam superstições. Apreciam as obras de artes, colecionam 'souvenirs'. Vivem em lugares abandonados, sem semelhantes e sem líderes, pois preferem a solidão. Não se prendem ao solo em que morreram, ou foram vampirizados, pois preferem viajar, conhecer outros lugares e tipos de vítimas em potencial.

Os hedonistas não servem a qualquer divindade ou demônio, não se consideram 'maus', antes são sádicos no sentido de 'antes Eu do que eles', são avessos a qualquer moralidade, fazem o que desejam, guiados apenas pela 'ânsia'. Vampirizam o que os seduz – ou seja, os mortais insignificantes são apenas alimento, e logo descartados. Lestat explica isso a Louis – porque uns são vamprizados e outros não.

Podem ser amorais, mas sentem prazer no ataque. Daí ser caçadores – não valorizam a vida da vítima a menos que a vítima 'mereça'. Senão, a vítima apodrecerá como os outros medíocres. O prazer guia mais que a necessidade. Podem ficar um longo período sem sugarem sangue, enterrados por vontade própria.

Existem também os Anciões, ou Antigos, ou Filhos dos Milênios. São admirados pelos vaidosos e amaldiçoados pelos Ressurgentes. Os Antigos atravessam os séculos, se adaptando a cada época, a acumular conhecimentos. Estudam a evolução (ou involução) da humanidade. São grande ocultistas, quase semi-deuses. São místicos, iniciados, porém não religiosos. Assim suas faculdades mentais são assustadoras, podem se comunicar telepaticamente através de longas distâncias. Não apreciam formar novos vampiros – quando o fazem, é evento que ocorre raramente em séculos.

Os Antigos são dedicados a todo tipo de cultura e artes dos mortais, pois ainda amam a essência humana que ainda possuem. São detentores dos conhecimentos e lendas dos tempos remotos. Podem viajar por todo o planeta, sempre anônimos, irreconhecíveis, até para outros vampiros! E sabem todos os movimentos de seus semelhantes vampiros por todo o planeta. Para suportarem o passar das eras, se submetem a um longo tempo sepultados, para ressurgirem ainda mais ávidos de sangue -e saber. Mas ao passar dos séculos dependem cada vez menos de sangue; gradativamente tornam-se lentos, meditativos, insensíveis, sem expressão facial, sem emoções.

Para os Antigos, os conceitos de Bem e Mal são de todo indiferente. Amam a Imortalidade, o poder de serem visionários. E também a raridade da própria espécie. Pois os Antigos são raros, são sobreviventes, os primeiros a receberem o Dark Gift, geralmente são vampirizados na fase adulta, sendo portanto maduros, vividos, plenamente senhores de si mesmos.

Louis, um novo vampiro, conhece um vampiro Ancião quando se depara com Armand, no Theatre des Vampires, na Ópera de Paris. Eis a cena do diálogo de Louis e Armand, em Interview with the Vampire, the movie, http://www.youtube.com/watch?v=mWUxsUxMZ0E&feature=related) Outros Anciões são a Rainha Akasha, da linhagem do antigo Egito (em “Queen of the Damned”, Rainha dos Condenados) e Marius, um grande mecenas, amigo e protetor dos artistas (além de vampirizar alguns...) E é justamente Marius o vampiro-progenitor de Lestat, que narra a própria biografia em Vampiro Lestat.
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(interessante que na saga Crepúsculo, de S. Meyer, temos o Volturi, o vampire coven, seres milenares que são uma espécie de autoridade entre os vampiros.)
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Uma das melhores cenas de New Moon (Twilight Saga)
com a presença dos Volturi que mais parecem um conselho de cardeais
a Santa Igreja Católica Apostólica Romana
http://www.youtube.com/watch?v=z5S1tFzwzU4&feature=related
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Vampiros podem ler pensamentos?

Há duas respostas. Depende. Depende se vampiros são espíritos, se estão além-do-corpo.

Se vampiros são espíritos – desencarnados, mas ligados à carne – então surge a questão: espíritos podem ler pensamentos? Teólogos dizem que Deus e os anjos podem ler a mente humana – mas os demônios e Satã não podem. Outros dizem que até seres humanos podem ler as mentes de semelhantes – são os humanos paranormais.

Se os vampiros são 'mortos-vivos', são undead, são corpos torturados, mentes confusas, dificilmente poderiam ter semelhante poder sobre os humanos normais.

No entanto, na ficção temos o Conde Dracula que quase lê os pensamentos de Harker. E o sádico Lestat, da série Crônicas Vampíricas de Anne Rice, que lê os pensamentos de humanos – sejam vítimas em potencial ou não.

Nos livros de Meyer, a saga Crepúsculo, também o protagonista Edward Cullen consegue ler os pensamentos de humanos e vampiros. Ainda mais quando há situação de perigo. Alguns vampiros conseguem 'fechar' a mente para outros vampiros, como forma de proteção. A forma de ler a mente pode ser diversa. Ler algumas e não outras, ler sem tocar ou precisar do toque para melhor 'sentir' as vibrações...


Falemos de diferenças. Os vampiros tradicionais não têm a consciência – e a sanidade – dos vampiros de Anne Rice. São talentosos e podem cantar em bandas de rock, podem dirigir carros de último modelo. Têm todas a habilidades mortais potencializadas e superdimensionadas. Parecem mais os mutantes dos X-Men. Vampiros que são conscientes a ponto de tecerem autobiografias. Também estranho quanto o monstro de Frankenstein que narra as próprias vicissitudes ao perplexo Dr. Victor Frankenstein! Mas as diferenças são ainda mais perceptíveis se comparamos os vampiros de Rice e dos de Meyer.

Os vampiros de Rice seguem os tradicionais quando temem a luz do sol. Mas os de Meyer podem sair de dia, brilhar ao sol, andar pela cidade, estudar, ter vida social. E além da vida normal, podem voar, escalar árvores, parar carros em movimento. Quem não quer ser vampiro assim?

Os jovens adoraram – sendo vampiros não vão envelhecer, não vão apodrecer, serão sempre jovens, sempre apaixonados, sempre fortes e sedutores. Quem não quer ser vampiro? Ou seja, o vampiro virou o glamour – e perdeu o terror. Daí um mestre do Terror, o escritor Stephen King, ironizar a obra da Sra. Meyer.

S. King não engole a teen horror fiction de S. Meyer
http://www.guardian.co.uk/books/2009/feb/05/stephenking-fiction


Afinal, vampiros são seres do terror, não do glamour. A sedução está aliada ao modo de matar – o vampiro é sedutor igual uma cascavel é sedutora! Vampiros não são modelos fotográficos, não são astros do cinema – como deseja os produtores da série “Vampire Diaries” onde a glamourização transforma os vampiros em mauricinhos e patricinhas estilizados com toda uma cultura da beleza e do shopping center! Vampiros que vivem o american way of life! Beleza, consumo, sedução. Melhor, impossível.


No mais, o mais interessante é comparar os vampiros de King, Rice e Meyer – raramente parece que estão falando sobre a mesma espécie de criatura! Aliás, Meyer pouco se importa. Os vampiros se comportam como teens – caprichosos e convulsos de hormônios! - com exceção dos Volturi, que são Anciãos, cardeais, pose de Reis Magos.

No universo de Meyer a tradição pouco importa. Aqui, os lobisomens, os Quileutes, não são uma maldição – são garotos atléticos, esportivos, que se transmutam em lobos, quando querem. Enquanto o werewolf, lobisomem da tradição, nem sabe que ele mesmo é um lobisomem – sofre a influência irresistível da lua cheia - seria ridículo um lobisomem dizer que sabe o que faz quando se trasmuta em quase-lobo. O lobisomem sabe do que ocorre por relatos de terceiros.
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Vide Bala de Prata, ou A Hora do Lobisomem, filme baseado em “Silver Bullet” de Stephen King, no Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=gItfZA4LPqw
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Agora os lobisomens do mundo de Meyer,
http://www.youtube.com/watch?v=L0qEPqkofVI&feature=related
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Que no filme vira thriller de horror adolescente, claro. Quem já viu Underworld, entendeu. Link: http://www.youtube.com/watch?v=TMYyhBtQ1PU Vampiros versus lobisomens são uma fórmula de sucesso desde os velho e bom RPG. Acrescente efeitos especiais, e artes marciais ao estilo Matrix e pronto: bilheterias milionárias. Coisas de Mídia, nada mais.

Portanto, falemos agora do que importa. O clássico de Bram Stoker. O clássico que todo aquele ou aquela que se propõe a escrever sobre vampirismo deve conhecer – ler e reler. Nunca ignorar como fazem certos autores de best-sellers.
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continua...






nov/dez/10






Leonardo de Magalhaens






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