Sobre
'Pé
na
Estrada'
(On
The
Road,
1951;1957)
do
escritor
e
poeta
Jack
Kerouac
(1922-1969)
(tradução
de
Eduardo
Bueno
/ 1984)
Testemunho
da
vida
em
movimento
P2
Na
Parte 2, situada cronologicamente em fins de 1948, a viagem através
da América continua, rumo à América sulista, rumo ao caudaloso
rio-serpente Mississippi, com momentos de introspeção filosófica,
entre metafísicas e visões místicas, entre reflexões sobre o que
viver e o que narrar, quando cada um busca apoio no outro, e a
amizade é mais que um contato, ou uma proximidade, antes é uma
busca de compreensão e cumplicidade. É assim que Kerouac via cada
amigo e amiga, a ponto de considerá-los irmãos e irmãs da mesma
geração, a Geração
Beat, como é
visível na amizade entre Kerouac e Ginsberg,
“Justamente
nessa
época,
algo
estranho
começou
a
me
obcecar.
Era
assim:
eu
me
esquecera
de
alguma
coisa.
Uma
decisão
que
estivera
prestes
a
tomar,
pouco
antes
da
aparição
de
Dean;
agora,
ela
estava
emergindo
claramente
de
minha
cabeça,ainda
que
suspensa
na
ponta
da
língua
da’
mente.
Eu
estalava
dedos,
tentando
me
lembrar
do
que
se
tratava.
Não
podia
dizer
se
fora
uma
decisão
real
ou
uma
reflexão
esquecida.
Aquilo
me
amedrontava,
me
espantava,
me
deixava
triste.
Tinha
algo
a
ver
com
o
Viajante
Encapuçado.
Certa
vez,
Carlo
Marx
e
eu
nos
sentamos
frente
a
frente
em
duas
cadeiras,
joelho
contra
joelho,
e
eu
lhe
contei
um
sonho
que
tivera,
com
uma
estranha
figura
árabe
que
me
perseguia
através
do
deserto;
uma
figura
da
qual
eu
tentava
escapar,
mas
que
finalmente
me
alcançava
pouco
antes
da
Cidade
Protetora.—
Quem
era?
— perguntou
Carlo.
Refletimos.
Sugeri
que
talvez
fosse
eu
mesmo,
vestindo
um
manto.
Não
era
isso.
Algo,
alguém,
algum
espírito
nos
perseguia,
a
todos
nós,
através
do
deserto
da
vida,
e
estava
prestes
a
nos
apanhar
antes
que
alcançássemos
o
paraíso.
Naturalmente,
agora
que
reflito
sobre
isso,
era
apenas
a
morte:
a
morte
vai
nos
surpreender
antes
do
paraíso.
A
única
coisa
pela
qual
ansiamos
em
nossos
dias
de
vida,
e
que
nos
faz
gemer
e
suspirar,
sujeitos
a
todos
os
tipos
de
dóceis
náuseas,
é
a
lembrança
de
uma
alegria
perdida,
provavelmente
experimentada
no
útero,
e
que
somente
poderá
ser
reproduzida
(apesar
de
odiarmos
admitir
isso)
na
morte.
Mas
quem
quer
morrer?
No
desenrolar
dos
acontecimentos,
eu
continuava
pensando
no
assunto
no
fundo
da
mente.
Contei
tudo
a
Dean,
e
ele,
instantaneamente,
reconheceu
naquilo
um
puro
e
simples
desejo
de
morte;
já
que
avida
é
uma
só,
ele,
muito
acertadamente,
não
queria
se
deter
nesse
tema;
então,acabei
concordando
com
ele.”
P2,
cap.
4
O
elogio
da
estrada
é
uma
série
de
loas
ao
rito
de
passagem,
à
descoberta
do
viver-em-metamorfose,
do
desejo
de
libertar-se
de
convenções
e
abraçar
novos
valores,
sempre
de
malas
prontas,
mochila
preparada
para
abandonar
um
mundo
e
aderir
a
outro,
sem
amarras
exceto
os
laços
de
amizade
que
unem
as
diferentes
mentes
da
Geração,
“Nossa sofrida
bagagem estava ali, amontoada mais uma vez na beira da calçada,
tínhamos um percurso muito maior pela frente. Mas estava tudo bem, a
estrada é a vida.” (P2, cap. 5) e “Nós todos nos ligamos na
música e concordamos. A pureza da estrada. A linha branca no meio da
pista desenrolava-se e grudava-se na nossa roda dianteira esquerda
como se estivesse colada à nossa trilha.” (P2, cap. 6)
Com
os
amigos
de
sua
Geração,
Sal
Paradise
/
Kerouac
encontra
o
misticismo
ao
lado
da
embriaguez,
o
budismo
junto
com
a
poesia,
e
tudo
mesclado
gera
uma
visão
seriada
de
êxtases
onde
símbolos
cristãos
e
zen
se
combinam
mais
do
que
se
excluem,
onde
o
jovem
de
educação
cristã
tenta
descrever
alucinações
com
vocabulário
budista,
tendo
despersonalizações
iluminadas
em plena andança nas
ruas
de
San
Francisco,
“Eu
delirava.
Quis
voltar
e
dar
uma
espiada
em
minha
mãe
dickensiniana,
no
boteco.
Eu
tremia
da
cabeça
aos
pés.
Era
como
se
um
pelotão
inteiro
de
memórias
me
conduzisse
de
volta
a
1750,
na
Inglaterra,
só
que
agora
eu
estava
em
San
Francisco,em
outra
vida,
em
outro
corpo.
[...]
Por
um
instante,
alcancei
o
estágio
do
êxtase
que
sempre
quis
atingir,
a
superação
completado
tempo
cronológico
num
mergulhar
em
direção
às
sombras
intemporais,
uma
iluminação
na
completa
desolação
do
reino
mortal,
e
a
sensação
de
que
a
morte
mordisca
meus
calcanhares
e
me
impele
para
a
frente
como
um
fantasma
perseguindo
seus
próprios
calcanhares,
e
eu
mesmo
corro
em
busca
de
uma
tábua
de
salvação,
de
onde
todos
os
anjos
alçaram
voo
em
direção
ao
vácuo
sagrado
do
vazio
primordial,
o
fulgor
potente
e
inconcebível
que
reluz
na
radiante
Essência
Mental,
incontáveis
terras-lótus
que
desabrocham
na
mágica
tepidez
do
céu.
Eu
podia
ouvir
um
farfalhar
indescritível,
que
não
estava
apenas
nos
meus
ouvidos,
mas
em
todos
os
lugares,
e
não
tinha
nada
a
ver
com
sons.
Percebi
que
tinha
morrido
e
renascido
incontáveis
vezes,
mas
simplesmente
não
me
lembrava
justamente
por
que
as
transições
da
vida
para
a
morte,
e
de
volta
à
vida,
são
tão
fantasmagoricamente
fáceis,
uma
ação
mágica
para
o
nada,
como
adormecer
e
despertar
um
milhão
de
vezes,
em
profunda
ignorância
e
completa
naturalidade.
Compreendi
que
somente
devido
à
estabilidade
da
Mente
propriamente
dita
aconteciam
essas
ondulações
de
nascimento
e
morte,
como
a
ação
do
vento
sobre
um
lençol
de
água
pura,
serena
e
espelhada.
Senti
uma
satisfação
completa,
ritmada,
como
um
pico
de
heroína
numa
veia
principal;
como
aquele
gole
de
vinho
que
traz
um
arrepio
de
satisfação
num
fim
de
tarde;
meus
pés
se
arrepiaram.
Pensei
que
ia
morrer
naquele
exato
instante.
Mas
não
morri,
caminhei
sete
quilômetros,
catei
dez
longas
baganas
e
as
levei
para
o
quarto
de
Marylou
no
hotel,derramei
os
restos
de
tabaco
no
meu
velho
cachimbo
e
o
acendi.
Eu
era
jovem
demais
para
perceber
o
que
se
passara.
Da
janela,
sentia
o
cheiro
de
toda
a
comida
de
San
Francisco.”
P2,
cap.
10
Para
se experimentar uma aventura é preciso se despedir de outra, é
urgente descamar uma pele para deixar aderir outra, num fluxo de
descobertas, fruições e despedidas, num estar-deslocado, sem se
firmar, sem pertencer ao aconchego de um lar, “Que
sensação é essa de estar se afastando das pessoas, até que delas,
ao longe, na planície, você só consegue distinguir minipartículas,
dissolvendo-se na vastidão
do infinito? — é o mundo que nos engole, é a despedida. Mas nos
inclinamos à frente, rumo à próxima aventura louca sob o céu.”
p2, cap. 8
A
viagem não propicia lar, mas um desfile de imagens e sensações que
turbinam o narrador, quando se depara com mais e mais paisagens,
assim aquela do rio Mississippi, o velho cenário das obras do
célebre autor sulista Mark Twain (Samuel L. Clemens, 1835-1910), com
uma clara influência sobre Kerouac, que tem algo de um Huckleberry
Finn, em andanças & aventuras,
“Port
Allen — onde o rio é uma chuva de rosas sob a escuridão nebulosa
e insignificante, onde seguimos por uma estrada sinuosa sob o fogo
amarelado,
onde, de repente, numa volta, vislumbramos um viscoso vulto volátil,
que escoava suas águas sob a ponte, e cruzamos mais uma vez a
eternidade. O que é o rio Mississippi? — um torrão lavado na
noite chuvosa, um suave transbordamento das margens gotejantes do
Missouri, um dissolver, uma cavalgada da corrente acima do leito
eterno das águas; uma contribuição às espumas castanhas, uma
jornada através de
vales sem fim, e árvores, e diques, sempre abaixo, sempre descendo,
por Memphis,
Greenville, Eudora, Vicksburg, Natchez, Port Allen, e Port Orleans, e
Port of the Deltas, passando por Potash, Venice, e o grande golfo da
Noite, pelo mundo afora.” (P2, cap. 8)
Sabemos
que a vida de Dean Moriarty / Neal Cassady nunca fora fácil, sempre
em busca de um lar, um pouco de carinho, uma ração diária de
prazer, uma vontade de tudo conhecer e ser recompensado com a paz –
que ele desconhece, sempre frenético, sempre 'antenado', sempre
disposto a rodar por aí. A defesa do amigo – que não é apenas um
jovem louco delinquente, mas uma pessoa entregue às sensações da
existência – é levada à sério não só em 'Pé
na Estrada'
/ On The Road
como também em 'Anjos
da Desolação'
e 'Visões de
Cody' (ambos
escritos nos anos 1950 e só publicados nos anos 1960) que
apresentam uma personagem bem distante dos padrões de
mocinho-anti-herói,
“Pude
ouvir
Dean
eufórico,
tagarelando
e
remexendo-se
freneticamente.
Só
mesmo
um
cara
que
passou
cinco
anos
na
prisão
podia
chegar
a
extremos
tão
desamparados
e
maníacos;
suplicava
nos
portais
da
fonte
suave;
louco
para
tentar
a
completa
realização
física,
origem
de
toda
a
felicidade
na
vida;
tentava
cegamente
retornar
pelo
caminho
de
onde
viera.
Aquilo
era
o
resultado
de
anos
curtindo
fotografias
pornográficas
por
trás
das
grades;
olhava
para
as
pernas
e
seios
das
mulheres
em
revistas
populares,
avaliava
a
dureza
das
paredes
de
aço
e
a
suavidade
da
mulher
que
não
estava
ali.
Prisão
é
o
lugar
onde
você
promete
a
si
mesmo
o
direito
de
viver.
Dean
jamais
viu
o
rosto
de
sua
mãe.
Cada
nova
garota,
cada
esposa
nova,
todo
filho
novo
era
um
acréscimo
ao
seu
desamparado
empobrecimento.”
P2,
cap.
5
Além
de Moriarty / Cassady temos a presença e a descrição de Old Bull
Lee (que sabemos ser Williams Burroughs, 1914-1997, poeta,
romancista, ensaísta ) em suas experiências existenciais e
alucinógenas, como um patrono da Geração
Beat
(lembrando que Kerouac e Burroughs escreveram, em 1945, um romance em
parceria, “And
the Hippos were boiled in their Tanks”,
inédito até 2008), como um guru dos novos poetas
espontâneos-visionários-surrealistas,
“Seria
preciso a noite inteira para contar tudo sobre Old Buli Lee; digamos
somente
que ele era professor; deve ser dito também que ele tinha todo o
direito de ensinar, porque passava o tempo inteiro aprendendo; e as
coisas que ele aprendia eram
as que considerava os “fatos da vida”; não as aprendia apenas
por necessidade,mas também porque assim o desejava. Arrastara seu
comprido corpo magro pelos Estados
Unidos,
e
boa
parte
da
Europa
e
do
norte
da
África,
nos
bons
tempos,
só
para ver
o
que
estava
acontecendo;
[...]
Fazia
tudo
isso
apenas
para
viver a
experiência.
Agora,
seu
interesse
mais
recente
era
o
hábito
das
drogas.
Por
isso
estava
em
Nova
Orleans,
esgueirando-se
pelas
ruas
com
sujeitos
de
reputação
duvidosa,
rondando
bares
suspeitos.”
P2,
cap.
7
assim
Old Bull / Burroughs até parece uma figura professoral,
louco-didático para os poetas & místicos neófitos ao mundo da
poesia-êxtase, se cremos no relato de Paradise / Kerouac,
“Passava
o
tempo
todo
falando
e
ensinando
os
outros.
Jane
sentava-se
a
seus
pés;
eu
também;
Dean
também;
Carlo
Marx
também
já
o
fizera.
Todos
nós
aprendíamos
com
ele.
Era
um
cara
acinzentado,
com
uma
aparência
impossível
de
descrever,
e
que
passaria
despercebido
na
rua,
a
não
ser
que
se
olhasse
de
perto
e
se
visse
sua
louca
caveira
ossuda
e
sua
estranha
juventude
— um
sacerdote
do
Kansas
envolto
em
mistérios
exóticos
e
chamas
fenomenais.
Tinha
estudado
medicina
em
Viena,
estudara
antropologia,
lera
de
tudo;
agora,
estava
pronto
para
o
grande
trabalho
de
sua
vida.
Sentava-se
em
sua
cadeira,
Jane
trazia
as
bebidas,
martinis.
As
cortinas
próximas
à
sua
cadeira
estavam
sempre
cerradas,
dia
e noite;
aquele
era
seu
canto
na
casa.
Em
seu
colo,
jaziam
os
códices
maias
e
uma
arma
que
usava
para
— pop!
— estourar
os
tubos
de
benzedrina
pelos
cantos
da
sala.
Eu
estava
sempre
me
levantando
para
colocar
outros
tubos
novos
na
mira.
Demos
todos
alguns
tiros
e,
enquanto
isso,
conversamos.
Buli
estava
curioso
para
saber
a
razão
de
nossa
viagem.”
P2,
cap.
7
Mas
as aventuras não acabaram. Na Parte
3 de On
The Road em
novas viagens, o narrador Paradise segue para a costa oeste, onde
reencontra alguns e descobre outros, todos dispostos a 'cair na
estrada', na ousadia de pedir carona com dedão ereto e mente aberta.
Como figura central da narrativa Dean Moriarty / Neal Cassady é o
eufórico estúpido sagrado, um guia batido e beatífico para os
jovens daquela Geração em busca de novos rumos, numa potência de
pós-guerra, vivendo entre o agito em busca de plenitude e beatitude,
“Foi
uma
noite
aborrecida.
Eu
me
sentia
como
que
num
sonho
desprezível,
cercado
por
irmãos
e
irmãs,
todos
estranhos.
Então,
um
silêncio
pesado
caiu
sobre
a
sala;
ao
invés
de
falar,
como
teria
feito
antigamente,
Dean
silenciou
também,
mas
permaneceu
em
pé
diante
de
todos,
esfarrapado,
alquebrado,
sob
a
luz
das
lâmpadas
nuas,
com
o
rosto
coberto
de
suor,
as
veias
dilatadas,
repetindo
“Sim,sim,
sim”
sem
parar,
como
se
as
revelações
terríveis
o
estivessem
apunhalando
naquele
instante,
e
estou
convencido
de
que
realmente
estavam,
e
os
outros
também
suspeitavam
disso,
e
ficaram
amedrontados.
Ali
estava
um
BEAT
—
a
raiz,
a
alma
da
Beatitude.
O
que
lhe
passava
pela
cabeça?
Ele
estava
tentando
me
comunicar,
com
todas
as
suas
forças,
o
âmago
de
seus
conhecimentos,
de
sua
luminosa
e
intuitiva
sabedoria,
e
era
exatamente
isso
o
que
eles
invejavam
em
mim,
a
posição
que
eu
ocupava
ao
lado
dele,
defendendo-o
e
sorvendo
o
sumo
de
sua
sabedoria,
como
outrora
eles
haviam
tentado
fazer.
Então,
eles
me
encararam.
O
que
estava
eu,
um
estranho
do
leste,
fazendo
naquela
noite
amena
da
costa
oeste?”
P3,
cap.
3
Nessas
agitações – e algumas melancolias – encontramos loucas
tentativas de descrição narrativa de solos jazzísticos, percussões
alucinadas, êxtases em acordes estonteantes, numa
jazz session
dos tempos pré-rock'n'roll,
quando os jovens se aglomeraram meio às névoas de fumo e apreciaram
as melodias ritmadas improvisadas sem rumo na noite que sempre
prometia,
“O
maravilhoso
saxofonista
soprava
até
atingir
o
êxtase,
era
um
improviso
plenamente
soberbo
com
riffs
em
crescendo
e
minuendos
que
iam
desde
um
simples
'ii-yah!'
até
um
louco
'ii-di-lii-yah!',
flutuando
com
furor
e
acompanhados
pelo
rolar
impetuoso
da
bateria
toda
queimada
por
pequenas
baganas
fumegantes
e
que
era
martelada
com
fervor
por
um
negro
brutal
com
pescoço
de
touro
que
estava
pouco
se
lixando
para
o
mundo
exterior,
apenas
surrando
ininterruptamente
seus
tambores
arruinados,
bum-bum,
ti-cabum,
bum-bum.
O
alvoroço
causado
pela
música,
a
confusão
sonora,
uma
cascata
de
notas,
mas
o
saxofonista
dominava
a
situação,
todos
estavam
vendo
que
ele
a
dominava.
Dean
segurava
a
própria
cabeça
no
meio
da
multidão,
e
era
uma
multidão
muito
louca.”
P3, cap. 4
Afinal
de
contas
o
jazz
não
pode
parar,
na
vibração
da
melodia
noturna
o
êxtase
dos
jovens
fãs
que
não
perdem
o
fôlego,
sempre
querendo
mais,
achando
que
a
noite
apenas
começou
e
que
todos
merecem
muito
mais,
mais
ânimo,
mais
pulsação,
mais
solos
de
sax,
mais
cenas
&
acenos
de
sexo,
mais
ápices
de
êxtase,
mais
ácidas
melodias
improvisadas,
despejadas
em
ondas
de
sopro
e
percussão,
a
cada
nova
performance
de
uma
jazz
band
pavimentando
a
estrada
para
as
visões,
“Havia
ainda
algo
a
escutar.
Sempre
há
mais,
um
pouco
além,
nunca
acaba!
Eles
se
contorcem
na
tentativa
de
novas
frases
musicais,
depois
das
ousadas
explorações
do
infinito
universo
sonoro
de
Shearing;
isso
exigia
deles
um
esforço
descomunal.
Retorceram-se,
enroscaram-se,
sopraram
com
paixão.
De
vez
em
quando,
um
gemido
preciso
e
harmonioso
sugeria
uma
nova
melodia,
que
algum
dia
poderia
se
transformar
na
única
música
do
planeta
Terra,
enchendo
de
alegria
os
corações
dos
homens.
Eles
a
encontravam
momentaneamente,
seguravam-na
por
frações
de
tempo
e
perdiam-na,
contorcendo-se
em
busca
do
som
puro
e
único,
e
voltavam
a
encontrá-lo,
sorriam,
gemiam
-
Dean
suava em bicas e os incentivava: vamos lá, vamos lá. Às nove da
manhã, todo mundo — músicos, garotas vestidas em slacks,
garçons
e
até
mesmo
o
trombonista
magro
e
infeliz
— caía
fora
do
bar,mergulhando
no
imenso
rugido
diurno
de
Chicago,
dispostos
a
dormir
até
que
a
noite
selvagem
do
bop
renascesse
outra
vez.”
P3, cap. 10
É
assim
que
os
músicos
de
jazz,
principalmente
jazz
bebop
povoam
as
páginas
– assim
como
apareceram
em
anteriores
romances
de
F.
Scott
Fitzgerald
(1896-1940)
e
E.
Hemingway
(1899-1961),
os autores da chamada 'Geração
Perdida', Lost Generation,
do período entreguerras, dos anos 1920 e 1930, época movida aos
embalos do ragtime
- , quando deixam desfilar
as
impressões
da
vida
noturna,
as
promessas
de
embriaguez
e
orgia,
a
lenda
da
diversão
fácil
e
sem
culpa.
Muitos
músicos
são
citados
no
livro,
destacamos,
aqui,
um
parágrafo,
sem qualquer pretensão
a
alguma
'historiografia'
do
jazz,
“Outrora
fora
Louis
Armstrong,
mandando
ver
nos
lamaçais
de
Nova
Orleans;antes
dele,
os
músicos
loucos
que
desfilavam
nos
feriados,
e
desfaziam
as
marchas
marciais
transformando-as
em
ragtime.
Surgiu
então
o
swing,
e
Roy
Eldridge,
vigoroso
e
viril,
quase
rebentava
seu
trompete
ao
arrancar
dele
sonoras
ondas
de
poder,sutileza,
astúcia
e
requinte
lógicos
— inclinado,
com
os
olhos
radiantes
e
um
sorriso
encantador,
fazia
gingar
todo
o
universo
do
jazz.
Chega
então
a
vez
de
Charlie
Parker,
apenas
um
garoto
no
casebre
de
madeira
de
sua
mãe
em
Kansas
City,
que
soprava
seu
sax-alto
todo
remendado,
entre
as
toras,
praticando
apenas
nos
dias
de
chuva,fugindo
vez
ou
outra
para
ver
a
banda
do
velho
Basie
e
de
Benny
Moten,
que
tinha
Hot
Lips
Page
e
todo
o
resto
— então,
Charlie
Parker
saiu
de
casa
e
foi
para
o
Harlem
encontrar
o
louco
Thelonious
Monk
e
Gillespie,
mais
louco
ainda
—,
Charlie
Parker,
que
na
mocidade
se
movia
em
círculos
enquanto
tocava.
De
certo
modo
mais
moderno,
mais
inovador
do
que
Lester
Young,
também
nascido
em
Kansas
City,aquele
bobalhão
singelo
e
sombrio,
cuja
música
impregnou
toda
a
história
do
jazz
—
porque,
ao
erguer
seu
sax,
retilíneo
e
horizontal,
sempre
colado
à
boca
seca
e
calejada,
ele
tocava
melhor
do
que
qualquer
outro;
à
medida
que
deixava
o
cabelo
crescer,
ia
ficando
mais
preguiçoso
e
desleixado,
deixando
o
sax
à
meia
altura;
até
que
ficou
definitivamente
apontado
para
baixo,
e
hoje,
calçando
seus
sapatos
de
sola
larga
para
não
se
desgastar
nas
calçadas
dessa
vida,
Parker
sustenta
debilmente
seu
sax,
mantendo-o
sempre
de
encontro
ao
peito,
soprando
notas
fáceis
— cool,
ainda
assim.
São
estes
os
filhos
da
noite
bop
americana.”
P3,
cap.
10
Quanto
a
Parte
4,
encontramos
o
protagonista-narrador,
e
seus
amigos
de
estrada,
agora
rumo
ao
paraíso
latino,
o
fascínio
mexicano,
um mundo bem diferente do sistema WASP
-branco, anglo-saxão protestante - dos Estados Unidos da América,
onde impera o status e a moral do trabalho, os Beats
se divertem explorando (no bom sentido) os prazes decolados da vida
ora miserável ora espontânea daquele país 'tão longe de Deus e
tão perto do Tio Sam', com se parodia, com propósitos
trágicos-jocosos, No mais, a
admiração
de
Sal
Paradise
pelo
amigo
Moriarty
é
novamente
explícita,
quando
a
piração
do
andarilho
é
um
sinal
de
que
novas
aventuras
terão
início,
“Subitamente,
tive
uma
visão
de
Dean
como
um
anjo
ardente,
trêmulo
e
aterrador,latejando
pela
estrada
em
minha
direção
em
velocidade
estonteante,
perseguindo-me
pelas
planícies
como
o
Viajante
Encapuçado,
jogando-se
sobre
mim.
Vi
sua
face
gigantesca
e
determinada
acima
da
pradaria,
com
um
esgar
louco
e
olhos
flamejantes;
vi
suas
asas;
vi
seu
velho
calhambeque,
cujas
rodas
desprendiam
milhares
de
furiosas
faíscas;
vi
o
rastro
incandescente
que
elas
deixavam,
marcando
sua
trilha;
na
verdade,elas
definiam
o
próprio
trajeto,
por
entre
o
milharal,
através
das
cidades,
destruindo
pontes,
secando
os
rios.
Aproximava-se
do
oeste
como
uma
onda
de
furor,
como
a
ira
em
si.
Sabia
que
Dean
havia
pirado
outra
vez.
Não
havia
mais
possibilidade
demandar
dinheiro
para
suas
mulheres,
se
ele
sacara
suas
economias
do
banco
para
comprar
aquele
carro.
Queimara
as
pontes,
simplesmente.
Atrás
dele,
fumegavam
ruínas
lúgubres.
Precipitava-se
para
o
oeste,
rodando
outra
vez
pelo
horrível
e
aflito
continente.
Nós
nos
preparamos
apressadamente
para
recebê-lo.
As
notícias
informavam
que
ele
iria
me
levar
para
o
México.”
P4,
cap.
2
É
longo
o
relato
da
viagem
ao
México,
e
sempre
cheio
de
detalhes,
como
bem
sabe
capturar
um
narrador
que
é
um
estrangeiro
em
terra
estranha
– afinal
é
o
olhar
de
um
norte-americano
de
descendência
franco-canadense
sobre
um
país
neolatino
de
colonização
hispânica,
que
vive
em
dependências
com
'Grande
Irmão
do
Norte',
o insaciável gigante Uncle
Sam que se
expandiu para oeste, para as montanhas, para os desertos, para os
terrenos ao sul do Texas, até as cidades que conservam nomes
hispânicos (Sacramento, Los Angeles, San Francisco),
“Pode
crer!
— trovejou
Dean,
e
lá
fomos
nós,
penetrando,
com
leveza
e
suavidade,
na
noite
aconchegante
do
México.
Deixamos
o
carro
estacionado
e,
ombro
a
ombro,
avançamos
os
três
pela
rua
espanhola,
circulando
entre
luzes
opacas
e
sonolentas.
Velhos
sentavam-se
em
cadeiras,
nas
varandas
da
noite
— pareciam
junkies
orientais
ou
sábios
oráculos.
Ninguém
estava
realmente
olhando
para
nós,mas
todos
pareciam
atentos
ao
que
estávamos
fazendo.
Dobramos
direto
à
esquerda,mergulhamos
numa
lanchería
fumegante
e
nos
deparamos
com
o
som
de
violões
caipiras,
reproduzido
por
jukeboxes
americanas
dos
anos
30.
Motoristas
de
táxi
em
mangas
de
camisa
e
hipsters
mexicanos
metidos
em
chapéus
de
palha
sentavam-se
nas
banquetas
em
torno
do
balcão,
devorando
horrorosas
porções
de
tortillas,
feijão,
tacos,
sei
lá
o
quê.
Compramos
três
cervejas
geladas
— cerveza,
como
se
diz
lá
—,por
trinta
centavos
mexicanos,
o
equivalente
a
dez
cents
americanos.
Também
compramos
maços
de
cigarros
mexicanos,
seis
centavos
cada!
Contemplávamos,pasmados,
nosso
maravilhoso
dinheiro
mexicano,
que
nunca
terminava,
e
brincávamos
com
ele,
olhando
para
os
lados
e
sorrindo
para
todos.
Atrás
de
nós
se
derramava
a
América
inteira,
e
tudo
aquilo
que
Dean
e
eu
sabíamos
sobre
a
vida,
e
sobre
a
vida
na
estrada.
Finalmente,
havíamos
descoberto
a
terra
mágica
que
ficava
no
final
da
estrada,
e
ainda
não
conseguíamos
sequer
imaginar
as
dimensões
daquela
magia.”
P4,
cap.
5
Para
registrar
suas
impressões
de
viagem,
num
país
tão
estranho-estrangeiro,
o
narrador
usa
e
abusa
de
flashes
descritivos-narrativos
que tentam
passar
uma
amostra
da
vida
sem
censura
na
noite
mexicana,
sempre
povoada
de
delírios
e
proibições
convidativas,
onde
a
liberdade
se
confunde
com
a
libertinagem,
a
sensualidade
se
mescla
com
a
miséria,
os
desejos
e
corpos
são
negociados
febrilmente,
“No
centro
da
Cidade
do
México,
milhares
de
hipsters
metidos
em
desmazelados
chapéus
de
palha
e
casacos
rasgados,
com
longas
lapelas,
jogados
sobre
o
peito
nu,
percorriam
a
artéria
principal;
alguns
vendiam
crucifixos
ou
maconha
pelos
becos,
outros
se
ajoelhavam
em
velhas
missões
que
ficam
ao
lado
de
tablados,onde
se
desenrolavam
espetáculos
de
variedades
tipicamente
mexicanos.
Alguns
becos
eram
cobertos
de
cascalho,
tinham
esgoto
a
céu
aberto
e
conduziam
em
direção
a
bares
do
tamanho
de
guarda-roupas,
embutidos
nas
paredes
de
adobe.
A
gente
tinha
de
saltar
sobre
a
vala
da
sarjeta
para
entrar
e
pedir
um
drinque.
No
fundo
da
valeta,
jazia
um
antigo
lago
asteca.
Saía-se
do
bar
com
as
costas
junto
à
parede,deslizando
assim
até
a
rua
principal.
Em
todos
os
bares
serviam
café
misturado
com
rum
e
noz-moscada.
O
mambo
onipresente
ressoava
de
todas
as
paredes.
Centenas
de
prostitutas
se
alinhavam
de
encontro
aos
muros
de
ruas
escuras
e
tortuosas,
e
seus
olhos
melancólicos
e
lascivos
cintilavam
para
nós
sob
o
manto
da
noite.
Perambulávamos
num
sonho
febril.”
P4,
cap.
6
Este
estilo
de
vida
na
estrada
precisava
ser
legitimado
por
uma
filosofia
de
vida,
no
delírio
das
viagens,
do
estar-livre,
seja
porque
Kerouac
transitasse
entre
o
catolicismo
e
o
budismo,
entre
a
maternal
vida
burguesa
e
os
andarilhos
iluminados,
entre as lascívias e os desapegos, entre a vida de festas e a busca
de solidão nas montanhas, num ir e vir de desejos, dores e
renúncias, ele precisava achar um rumo ou rumos que fizessem a vida
fazer sentido. Caso contrário cairíamos no niilismo, no Vazio que
ele vislumbrou em Desolation
Peak (experiência
narrada em Dharma
Bums e
Desolation
Angels,
portanto de central importância ),
“Sal:
-Quer
dizer
que
acabaremos
como
velhos
vagabundos?
Dean:
-Por
que
não,
cara?
Claro
que
sim,
se
assim
quisermos.
Não
há
problema
algum
em
acabar
dessa
maneira.
Basta
você
passar
toda
uma
vida
de
não-interferência
nos
desejos
dos
outros,
incluindo
políticos
e
ricos,
sem
se
envolver
jamais
com
esses
anseios
angustiados,
aprimorando
sua
ação
pelo
não-fazer,
que
então
ninguém
te
incomoda
e
você
segue
em
frente,
livre,
leve
e
solto
– pra
fazer
o
que
quiser!
-Qual
é
a
sua
estrada,
homem?
-
a
estrada
do
místico,
a
estrada
do
louco,
a
estrada
do
arco-íris,
a
estrada
marítima,
qualquer
estrada....
Há
sempre
uma
estrada
em
qualquer
lugar,
para
qualquer
pessoa,
em
qualquer
circunstância.
Como,
onde,
por
quê?”
P4, cap. 1
Quando
a
obra
“On
the
Road”
foi
finalmente
publicada
– com
alterações
dos
editores
– em
fins
de
1957,
o
autor
Jack
Kerouac
– segundo ele mesmo revela em confissões em “Anjos
da Desolação”
- já
estava
farto
de
tudo,
das
andanças,
das
festas,
das
viagens,
da fama instantânea, e
da
'geração
Beat',
que
ele
via
se
fragmentar.
Poetas que aderiram ao budismo, viajaram para mosteiros, assumiram
carreiras de sacerdotes zens,
ou poetas que entraram para o mercado editorial, ou poetas que
flertaram com o mundo pop,
ou que adoraram os artistas surrealistas (interessante o encontro,
em Nova York, entre alguns poetas Beat
e Salvador Dalí (1904-1989), quando Kerouac se viu diante do
excêntrico pintor espanhol guru do Surrealismo
(*)).
A
época
de
real
contestação
e
expressão
se
passara,
para
ele,
o herói do Beat,
seja ritmo ou beatitude, entre
1947
e
1957,
assim dez
anos
nos
quais
escreveu
doze
obras,
numa 'prosa espontânea' de testemunho de
assumida autobiografia.
Época
em
que
o
autor
teve
visões,
sobreviveu
às
bebedeiras,
escalou
montanhas,
passou
estações
no
alto
de
montes
-
em
pleno
isolamento
meditativo,
várias
vezes
viajou
cruzando
os
Estados
Unidos,
além
de
México,
norte
da
África
(Marrocos)
e
Europa
(França
e
Reino
Unido).
Nos
anos
1960,
uma
nova
geração
de
estudantes,
andarilhos,
hippies,
se
ergueria
para
proclamar
a
contracultura,
ao contestar
valores
de
pais
e
professores,
padres
e
políticos,
erguer
barricadas
em
ousados
protestos
coletivos,
em
nome
de
um
outro
modo
de
vida,
que
logo
seria
adaptado,
em
forma
de
liberação
sexual,
ao
se
transmutar
de
cultura
alternativa
em
cultura
de
consumo.
Quando
Jack
Kerouac
faleceu,
em
fins
de
1969,
alguns
meses
antes
acontecera
o
marcante
Festival
de
Woodstock,
(**)
,
evento
musical
onde
as
vozes
alternativas
do
rock'n'roll
viveram
o
último
momento
de
contracultura,
antes
de
tornarem-se
num
estilo
comercial,
mais pop
rock, uma
parte
comportamental
e
lucrativa
da
cultura
ocidental.
Importante:
Aqui
as
citações
de
“Pé
na
Estrada”
:
trad.
de
Eduardo
Bueno
/ 1984
Fonte
das
citações:
On
the
Road
– scribd
set/12
Leonardo
de
Magalhaens
Notas
(*)Jack
Kerouac
e
o
encontro
com
Salvador
Dalí
em
Nova
York
/
1957
“Ele
(Salvador
Dalí)
estava
sentado
com
o
queixo
apoiado
em
uma
bengala
com
o
castanhão
delicadamente
ornamentado,
azul
e
branco,
ao
lado
da
esposa
na
mesa
do
Café.
Ele
tinha
um
bigodinho
encerado,
fino.
Quando
o
garçom
perguntou
o
que
ele
gostaria
ele
disse
'Uma
toranja...
cor-de-rosa'
e
ele
tinha
grandes
olhos
azuis
que
nem
os
dos
bebês,
um
legítimo
espanhol
de
oro.
Ele
nos
disse
que
um
artista
só
poderia
ser
considerado
um
gênio
se
ganhasse
dinheiro.
Será
que
estava
falando
de
Uccello,
Ghianondri,
Franca?
A
gente
mal
sabia
o
que
era
dinheiro
ou
para
que
servia.
Dalí
tinha
lido
um
artigo
sobre
os
'insurgentes
beat'
e
ficou
interessado.
[…]
Mas
ele
estava
falando
mesmo
dos
meus
olhos,
que
eram
azuis
como
os
dele,
e
o
meu
cabelo,
que
é
preto,
como
o
dele,
e
quando
eu
olhei
nos
olhos
dele,
e
ele
olhou
nos
meus
olhos,
a
gente
não
aguentou
tanta
tristeza.
Na
verdade,
quando
eu
e
Dalí
nos
olhamos
no
espelho
a
gente
não
aguenta
tanta
tristeza.
Para
Dalí
a
tristeza
é
bela.”
(Desolation
Angels,
Anjos
da
Desolação,
trad.
Guilherme
da
Silva
Braga,
L&PM,
2010)
(**)Interessante
o
fato
de
três
ícones
da
contracultura
– Bob
Dylan,
Joni
Mitchell
e
Jim
Morrison
(The
Doors)
– não
se
apresentarem
no
Festival
de
Woodstock,
que
seria
uma
'vitrine'
para
bandas,
até
então
'alternativas',
subirem
ao
estrelato-mainstream,
como
Grateful
Dead,
Jefferson
Airplane,
Janis
Joplin
e
Neil
Young.
Woodstock
foi
começo
e
fim
de
festa
ao
mesmo
tempo,
decidindo
carreiras
e
afetando
artistas,
uns
adaptados
às
teias
da
indústria
fonográfica,
outros
entregues
à
autodestruição,
como
atestam
as
mortes
trágicas
de
Janis
Joplin,
Jimi
Hendrix
e
Jim
Morrison,
antes
dos
30
anos
de
idade.
Morrer
jovem,
uma
atitude
rock'n'roll.
more
info
referências
em
On
The
Road
ensaio
de
C.
Willer
sobre
On
the
Road
crônica
de
Contardo
Calligaris
sobre
On
The
Road
sobre
a
tradução
/
divulgação
dos
Beatniks
no
Brasil
livro
“Alma
Beat”
trecho
do
livro
'Alma
Beat'
(Eduardo
Bueno
sobre
W
Whitman)
Sobre
a
Lost
Generation
(Fitzgerald,
Hemingway.
G.
Stein,
etc)
Página
dedicada
ao
autores
Beats
The
Beat
Page
para
ouvir
Jack
Kerouac
lendo
On
The
Road
filme
The
Subterraneans
/
1960
baseado
no
livro
homônimo
de
Kerouac
o
filme
On
The
Road
/
Na
Estrada
/
2012
diretor:
Walter
Salles
trailer
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