quinta-feira, 14 de abril de 2011

sobre "A Máquina do Tempo" - H. G. Wells (1:2)





sobre “A Máquina do Tempo” (“The Time Machine”, 1895)

obra de H. G. Wells (1866-1946)



A Literatura para viajar no Tempo


1:2



Intro



A Viagem no Tempo


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As especulações sobre o 'deslocar' no Tempo tem sido motivadas tanto por questões físicas, astronômicas, metafísicas quanto por fantasias as mais exóticas. Uma necessidade de se localizar no Momento – o que pressupõe relembrar o Passado e idealizar o Futuro – leva a mente humana a nunca se situar plenamente no momento vivido. É um constante 'lançar-se' no Tempo, ora a lembrar o vivido ontem, ora a imaginar o que será vivido amanhã.

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Os estudos da 'quarta-dimensão' mostram que há todo um Universo de características 'relativas' (ou 'relativísticas') onde a posição do Observador – e sua velocidade – podem possibilitar diferentes 'percepções' de um Tempo que comumente julgamos 'único' – segundo os estudos e as equações físicas relativísticas do físico judeu-alemão Albert Einstein (1879-1955). O Tempo pode ser 'alterado' por condições extremas – em relação as grandezas físicas absolutas, como a velocidade da luz – por exemplo, em buracos-negros, ou 'buracos-de-minhocas' (Wormholes, enquanto na série Fundação temos o 'salto no Hiperespaço' , e na série Star Trek, as 'dobras espaciais', Warp drive) .

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Sobre Hiperespaço, Buracos-de-minhoca, Dobras Espaciais




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É possível que o viajante do tempo tenha um tempo 'pessoal' (Tv)? E que possa 'assistir' o 'escoar' do Tempo como se fosse numa sessão de cinema? Em um minuto Tv ele pode ver 'passar uma hora, um mês, um ano, uma década no Tex? Para que ele veja o passar do tempo, ele precisa continuar no espaço – de modo que ele não desaparece! Ele avança o T= 1min, mas mantem a posição P= 0 m, e depois avança o T= 2 min, e a mesma posição P= 0m e assim enquanto durar a viagem (digamos que o viajante vai até o ano seguinte, T= 518.400 min, ele conservará a posição 0 m, ele não vai sair do lugar!

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Podem (aqueles que estão no Tex) construir um prédio naquela posição? Afinal, ele vai se 'esticar' ao longo de 500 mil minutos no mesmo lugar – e os que estão externamente poderão ver a máquina do tempo? Nos livros e nos filmes, a máquina desaparece. Por que? Afinal, a viagem é no tempo – não no espaço!

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O deslocar no Tempo é um conservar-se no Espaço. Suponhamos, a 'máquina do Tempo' está num laboratório no ponto X em relação ao quarteirão Y no bairro Z. E ocupa um ponto S do 'tecido espacial' – pois o bairro está numa cidade, que está num país, que está num planeta, e este num sistema solar, e este numa galáxia. E tudo se move! A Terra se move, o Sistema Solar se move, a Via-Láctea se move!

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Se o viajante se mantém num ponto X em relação ao quarteirão – está igualmente num ponto S em relação à galáxia. E as até as estrelas mudam de lugar. O ponto que o planeta ocupa hoje pode ter sido ocupado por outro planeta ou alguma estrela num dado momento do passado. E assim será em algum momento do futuro: daqui há um milhar de milênio, onde estamos pode ser ocupado por um outro sistema solar, ou um buraco-negro. Logo ao viajar para o século futuro, a 'máquina do tempo' pode reaparecer em pleno espaço sideral !

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E mesmo que não seja tão drástico (considerar que a coordenada espacial X em relação ao quarteirão e bairro seja 'mais importante') na 'viagem instantânea', o viajante pode se arriscar a 'surgir' num determinado ponto temporal ocupado por um prédio, um muro, um nada! Aquele que foi o seu quintal, por exemplo, no ano 2000, pode ser um conjunto residencial algumas décadas depois, assim como pode ser uma rodovia no século 22, digamos. Como saberá o viajante do tempo onde ele irá 'pousar'?

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De qualquer forma, a obra “The Time Machine” foi escrita antes dos estudos físicos relativísticos de Einstein, cuja obra (de 1905) mostra as diferenças temporais entre um objeto em velocidade inferior da velocidade da luz (c=300 mil km/s!) - ou seja, em nosso mundo 'newtoniano' – e um objeto acelerado até velocidades quase da velocidade da luz (c) Um exemplo clássico da 'dilatação temporal' é o “Paradoxo dos Gêmeos”. Onde irmãos gêmeos são separados e embarcam em viagens com acelerações diversas em 'tempos' diferentes.

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em video


time travel ?



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Outro paradoxo famoso e enigmático é o “Paradoxo do Avô”, sobre se há alguma possibilidade de alterar o passado através de uma viagem no tempo. Supondo que o sujeito X atravesse o tempo até o passado e de algum modo – intencional ou acidental – cause a morte do próprio avô (antes que esse venha a conhecer a avó, e ter filhos). Então, este sujeito irá nascer? E se não nascer, ele poderá voltar no tempo e causar a morte do antepassado? É esse o paradoxo.

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Ver mais em


A quarta dimensão


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Continuemos com as nossas especulações físicas-fantásticas (aliás, o sensacional na SciFi é justamente isso: a mescla de Ciência + Fantasia) até poderíamos dizer que a viagem no Tempo até seria possível: mas apenas para o Futuro … sem possibilidade de volta.

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Seria até possível um 'deslocamento' no Tempo (Tex) rumo ao futuro, caso o viajante fosse 'congelado' – não exatamente num processo criônico – mas numa espécie de 'cúpula magnética' onde se criaria um TV diferente do Tex. O tempo do viajante é diferente do normal externo. Ele poderia encontrar-se décadas depois, com a mesma 'idade' físico-mental. Mas no Tex tudo mudou! E ele não poderá voltar no tempo – ao ponto de partida.

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Por exemplo, voltemos à ficção. O exemplo de Buck Rogers, no seriado televisivo, que estando numa nave espacial, sofre um 'congelamento' que o mantém com a mesma idade física e mental até o despertar em pleno século 25. Suas habilidades físicas e capacidades cognitivas são plenamente conservadas ao longo de praticamente 5 séculos! Quanto ao processo 'criônico' temos o exemplo do policial despertado décadas depois no filme norte-americano “Demolition Man” (de 1993, no Brasil “O Demolidor”). Gerações atuais poderiam ser 'conservadas' para um despertar no futuro – seria uma espécie de 'viagem no tempo' – mas sem volta.

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Video / Buck Rogers


Demoliton Man


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Durante a 'viagem no tempo', indagamos, há uma duração de tempo para o viajante do tempo, a ponto de que seja possível ver-se o 'tempo externo' (Tex) passar acelerado – como se o 'tempo do viajante' (Tv) fosse 'congelado'? Ou uma viagem no tempo é um 'deslocamento' instantâneo?

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mais sobre a Time travel



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outros paradoxos e limitações da Viagem no Tempo http://en.wikipedia.org/wiki/Blinovitch_Limitation_Effect


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cenas de 'passagem do tempo' no filme The Time Machine (2002)


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A Obra



O romance de H. G. Wells tem um protagonista e um narrador. Ambos são pouco definidos, afinal, o enredo é mais interessante, não as personagens. O narrador refere-se ao protagonista – que depois torna-se também narrador – apenas como 'viajante do tempo' (Time Traveler), aliás, um excêntrico cientista, que aborda temas cabalísticos como a 'viagem na quarta dimensão'.

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O cientista-explorador do tempo precisa antes de tudo convencer os amigos visitantes. Que nova invenção mirabolante terá despertado a obsessão do visionário fanático do Tempo? (Excessiva pontualidade britânica também tem seus efeitos colaterais, não?) O ceticismo do senso comum precisa ser quebrado por experiências. O empiricismo é o argumento-mor para comprovar todo um sistema de ideias – ainda mais no apogeu do pragmatismo. Assim o Time Traveller construiu um modelo em proporções humanas da tal 'máquina' do tempo e pretende comprovar suas ideais sobre a 'viagem na quarta-dimensão.

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“Obviamente”, continuava o Inventor filósofo, “qualquer corpo deve ter extensão em quatro direções: deve ter comprimento, largura, espessura e … duração. Mas apesar da natural falta de firmeza do corpo, a qual explicarei num minuto, nós tendemos a menosprezar o fato. Existem realmente quatro dimensões, três das quais denominamos os três planos do Espaço, e um quarto, o Tempo. Há, de qualquer modo, a tendência a esboçar uma irreal distinção entre as primeiras três dimensões e a última, pois acontece que nossa consciência move-se continuamente numa direção ao longo da dimensão temporal desde o começo até o fim de nossas vidas.” (trad. LdeM)

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"Clearly," the Philosophical Inventor proceeded, "any real body must have extension in four directions: it must have Length, Breadth, Thickness, and—Duration. But through a natural infirmity of the flesh, which I will explain to you in a moment, we incline to overlook the fact. There are really four dimensions, three which we call the three planes of Space, and a fourth, Time. There is, however, a tendency to draw an unreal distinction between the former three dimensions and the latter, because it happens that our consciousness moves intermittently in one direction along the latter from the beginning to the end of our lives." c.1

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Após conquistar a atenção dos amigos – que não são nomeados, exceto o cético Filby, os demais personificam as profissões, o Médico, o Psicólogo, o Prefeito, - todos eles pessoas distintas, personalidades com cargos públicos, respeitados – em suma, o 'senso comum'. O Viajante é desafiado – devido ao tom excêntrico das ideias – tal como um Fileas Fogg – em “A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, de Verne – com o diferencial de que a 'viagem' aqui não será no Espaço, mas no Tempo.

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Para o Viajante-filósofo – e para os sábios cientistas – o Tempo seria uma outra espécie de 'Espaço', ao que se pode indagar se é possível de 'deslocar' no Tempo como se desloca no Espaço. Se é possível se deslocar – e até com velocidade – no Espaço, será isso possível no Tempo? Usaremos trens, balões, foguetes para viagens 'temporais'? Como 'avançar' e 'recuar' na 'quarta-dimensão'? O Explorador-do-Tempo tem suas respostas de pensador e inventor.

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“Mas a grande dificuldade é esta”, interrompeu o Psicólogo, “Você pode se mover em todas as direções do Espaço, mas você não pode se mover no Tempo.” “Eis o germe da minha descoberta. Mas vocês estão errados em dizer que não podemos nos mover no Tempo. Por exemplo, se eu rememoro um incidente muito vívido eu posso voltar a este instante da ocorrência; fico meio ausente, como vocês dizem. Eu regresso ao momento. Claro que nós não temos meios de retornar por mais tempo do que um selvagem ou animal poderia se manter alguns metros acima do chão. Mas um homem civilizado é bem melhor que um selvagem neste quesito. Nós superamos a gravitação ao usarmos um balão, e por que não esperaríamos que atualmente o homem civilizado fosse capaz de parar ou acelerar seu trajeto na Dimensão Tempo; ou mesmo voltar-se e viajar em outra direção?”

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"But the great difficulty is this," interrupted the Psychologist: "You can move about in all directions of Space, but you cannot move about in Time." "That is the germ of my great discovery. But you are wrong to say that we cannot move about in Time. For instance, if I am recalling an incident very vividly I go back to the instant of its occurrence; I become absent-minded, as you say. I jump back for a moment. Of course we have no means of staying back for any length of time any more than a savage or an animal has of staying six feet above the ground. But a civilized man is better off than the savage in this respect. He can go up against gravitation in a balloon, and why should we not hope that ultimately he may be able to stop or accelerate his drift along the Time Dimension; or even to turn about and travel the other way?"

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A Viagem ao Futuro

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Os amigos – respeitados cidadãos não acreditaram muito na história da Máquina do Tempo – nem quando o Inventor-Filósofo demonstrou seus experimentos com uma máquina em miniatura. A máquina simplesmente vibrou e desapareceu – para o futuro, diz o inventor. Mas quem saberá? Qual futuro? A máquina não devia ter sido 'programada' para 'reaparecer' uma hora mais tarde? Assim todos ali poderiam vê-la! (Mas ele não ficaria ali por todos os 60 minutos que durariam a hora? Afinal, a 'viagem' é no tempo, não no espaço. A máquina – em seu tempo modificado – é que teria viajado 60 minutos em apenas 1 ou 2 segundos...)

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De qualquer forma, o Viajante marca uma reunião com os amigos, mas acaba deixando-os a esperar. Quando o anfitrião aparece, ele não está em condições muito apresentáveis, como um sobrevivente de uma tragédia,

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“Ele estava em péssima condição. Seu paletó estava empoeirado e sujo, manchado de verde nas mangas; o cabelo em desordem, e bem mais grisalho – ou porque empoeirado e sujo, ou porque realmente envelhecera. Sua face estava horrivelmente pálida; e no queixo um corte, já meio cicatrizado; com uma expressão de fadiga e exaustão, como se causada por intenso sofrimento. Por um momento ele hesitou junto a soleira da porta, como se ofuscado pela luz. Então ele avançou para dentro, a caminhar como se fosse um coxo, um andarilho com os pés feridos. Enquanto nós mantínhamos o silêncio, a espera de suas palavras. Ele nada disse, mas veio dolorosamente até a mesa, e desejou um pouco de vinho. O Editor encheu uma taça de champanha e a ofereceu. Ele a esvaziou, o que lhe pareceu bem; pois ele olhava ao redor da mesa, e o espectro de um sorriso esboçou-se em sua face.”

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He was in an amazing plight. His coat was dusty and dirty, and smeared with green down the sleeves; his hair disordered, and as it seemed to me grayer—either with dust and dirt or because its color had actually faded. His face was ghastly pale; his chin had a brown cut on it—a cut half-healed; his expression was haggard and drawn, as by intense suffering. For a moment he hesitated in the doorway, as if he had been dazzled by the light. Then he came into the room. He walked with just such a limp as I have seen in footsore tramps. We stared at him in silence, expecting him to speak. He said not a word, but came painfully to the table, and made a motion toward the wine. The Editor filled a glass of champagne and pushed it toward him. He drained it, and it seemed to do him good; for he looked round the table, and the ghost of his old smile flickered across his face. c.2

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O que terá presenciado – e vivido – o Viajante para retornar em situação tão deplorável? Que experiências tem ele a testemunhar aos amigos? É quando ele, o Viajante, passa a ser o Narrador – um Narrador dentro de um Narrador (o primeiro a contar o caso é o amigo, um tipo meio Watson) – a apresentar em 1ª pessoas um relato dos eventos do Futuro.

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Ele descreve o 'fenômeno' da viagem no Tempo. No laboratório, em sua máquina ele pode ver o Tempo externo como que acelerado – enquanto ele permanece no mesmo lugar ao longo do Tempo. O que é duplamente estranho: 1/ Ele se conserva em seu tempo 'normal' – para ele – em relação a um Tempo acelerado? Ou seu tempo é 'desacelerado', enquanto o Tempo externo é mantido normal – rumo ao futuro? 2/ Se ele está ali – num tempo 'normal' em relação ao 'tempo acelerado' – por que não é visto pela empregada? Por estar em outra 'vibração'? Ele está então 'invisível'? Num 'padrão de onda' não perceptível pelos nossos olhos no Tempo 'normal'?

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“Prendi o fôlego, cerrei os dentes, segurei firme a alavanca com ambas as mãos e deslizei com um baque. O laboratório ficou enevoado e ensombrecido. A Sra. Watchett veio, caminhou sem aparentemente olhar-me, seguindo para a porta do jardim. Acho que ela levou um minuto para atravessar o cômodo, mas para mim ela se deslocava através da sala como um foguete. Eu pressionei a alavanca à posição extrema. A noite surgiu como se uma lâmpada se apagasse, e no momento seguinte veio a manhã. O laboratório escurecia e se enevoava, cada vez mais escuro. A noite do dia seguinte veio escura, então foi dia novamente, e noite novamente, e dia novamente, cada vez mais rápido. Um murmúrio como se fosse de redemoinho enchia os meus ouvidos e uma estranha confusão dos sentidos descia sobre a minha mente.”

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"I drew a breath, set my teeth, gripped the starting lever with both my hands, and went off with a thud. The laboratory got hazy and went dark. Mrs. Watchett came in, and walked, apparently without seeing me, toward the garden door. I suppose it took her a minute or so to traverse the place, but to me she seemed to shoot across the room like a rocket. I pressed the lever over to its extreme position. The night came like the turning out of a lamp, and in another moment came to-morrow. The laboratory grew faint and hazy, then fainter and ever fainter. To-morrow night came black, then day again, night again, day again, faster and faster still. An eddying murmur filled my ears and a strange, dumb confusedness descended on my mind.

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Durante a 'viagem no tempo', indagamos, há uma duração de tempo para o viajante do tempo, a ponto de que seja possível ver-se o 'tempo externo' (Tex) passar acelerado – como se o 'tempo do viajante' (Tv) fosse 'congelado'? Ou uma viagem no tempo é um 'deslocamento' instantâneo – como se vê na série de cinema “Back To The Future” (1985, do diretor Robert Zemeckis) onde praticamente há um 'salto' entre 'dois pontos' temporais, enquanto se mantem o mesmo ponto no espaço?

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No filme de Zemeckis, o viajante no tempo – na quarta-dimensão – é transportado imediatamente para o passado ou futuro, ao desaparecer no espaço A no T=1 e aparecer no espaço A no tempo T= -1 (o passado) ou T= 2 (o futuro). No mesma rua do quarteirão de onde ele desaparece, em outro tempo determinado ele pode reaparecer. A posição, portanto, tem como referência a rua, o quarteirão, o planeta. Não o sistema solar, ou muito menos a galáxia.

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Back To the Future


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É uma questão relativística: afinal temos dois observadores. O interno (dentro da 'cápsula do tempo') e o externo (no laboratório, por exemplo). Se para o observador interno o Tempo externo (Tex) parece acelerado, para o observador externo é como se a cápsula desaparecesse. Mas tal não ocorre, afinal, o observador interno pode ver a presença acelerada do observador externo! Mas obviamente, o Autor H. G. Wells não tem qualquer pretensão de explicar 'paradoxos' temporais. Ele prefere – fiel aos seus ideais de coletivismo – pensar uma civilização futura. Ele prefere tecer divagações sociológicas, e simplesmente não se dedica mais aos parâmetros físicos da 'viagem no tempo'.

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Em sua viagem rumo ao futuro, o 'Viajante do Tempo' descobre que mantem-se na mesma localização geográfica no planeta Terra, e que muito mudou nos tantos milênios de 'avanço'. Aliás, um prodigioso avanço – até o ano 802.701 ! (Para se ter uma ideia, consideremos que os 'anos' aqui fossem meses – já seria um absurdo: 66.891 anos!

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“Por um momento eu fiquei pasmado, apesar do gesto dizer tudo. De repente a questão surgiu em minha mente: estas criaturas eram idiotas? Você dificilmente entenderiam. Vejam que eu sempre previa que as pessoas do ano 800.000 estariam inacreditavelmente avançado em relação a nós no quesito conhecimento, arte, em tudo. Então subitamente um deles me pergunta uma questão que revela que o nível intelectual deles é de uma criança de cinco anos – ao perguntar-me, de fato, se eu tinha vindo do sol num trovão! O que desatou o meu julgamento que eu suspendera quanto às suas roupas, a fragilidade e a leveza de seus corpos. Uma torrente de decepção me invadiu. Por um momento eu sentia que construíra a Máquina do Tempo em vão.”

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"For the moment I was staggered, though the import of his gesture was plain enough. The question had come into my mind abruptly: Were these creatures fools? You may hardly understand how it took me. You see I had always anticipated that the people of the year Eight Hundred Thousand odd would be incredibly in front of us in knowledge, art, everything. Then one of them suddenly asked me a question that showed him to be on the intellectual level of one of our five-year-old children—asked me, in fact, if I had come from the sun in a thunderstorm! It let loose the judgment I had suspended upon their clothes, their frail, light limbs, and fragile features. A flow of disappointment rushed across my mind. For a moment I felt that I had built the Time Machine in vain. C. 3

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No futuro, o Viajante, que tanto previra a evolução das civilizações, se percebe a viver numa 'distopia', ou seja, uma Utopia ao contrário. (Abordaremos a questão Utopia-Distopia em breve) Se logo de início, ele se acredita numa 'Idade do Ouro', habitada por seres belos, pacificados, sem estresse, numa vida comunal (comunismo?, ele se pergunta), logo alguns detalhes sinistros revelam que há algo mais profundo – literalmente. Aquela 'paz' que parece rodear os Elois mostra-se um mal-entendido: existem sombras de um submundo. Quem são aqueles que dependem de respiradouros no mundo subterrâneo?

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“A calma do entardecer descia sobre o mundo quando eu saí do grande salão, e o cenário era iluminado pelo brilho morno do sol crepuscular. De início as coisas pareciam confusas. Tudo era inteiramente diferente do mundo que eu conhecera – mesmo as flores. A grande construção que eu tinha deixado estava situada num declive rumo ao vale onde corria o rio, mas o Tâmisa tinha mudado, talvez uma milha em relação a posição atual. Eu decidira escalar a colina, possivelmente uma milha e meia, de onde eu poderia ter uma visão ampla deste nosso planeta no ano 802.701. Pois esta era a data que o pequeno mostrador da máquina mostrava.

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“Enquanto eu caminhava mantinha-me atento a cada impressão que pudesse me ajudar a explicar a condição de esplendor em ruínas na qual eu encontrava o mundo – pois em ruínas ele estava. A trilha até a colina, por exemplo, era uma grande monte de granito, limitado por massas de alumínio, um vasto labirinto de muros desabados e escombros, no meio dos quais haviam densas vegetações, com bordas marrons ao redor das folhas, e sem espinhos. Aquilo era sem dúvida o resto de alguma grande estrutura, construída para um propósito que eu não poderia determinar. Seria ali que estaria destinado, em momento posterior, a ter uma estranha experiência – a primeira insinuação de uma estranha descoberta – mas sobre a qual falarei quando oportuno.

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"The calm of evening was upon the world as I emerged from the great hall, and the scene was lit by the warm glow of the setting sun. At first things were very confusing. Everything was so entirely different from the world I had known—even the flowers. The big building I had left was situated on the slope of a broad river valley, but the Thames had shifted, perhaps a mile from its present position. I resolved to mount to the summit of a crest, possibly a mile and a half away, from which I could get a wider view of this our planet in the year 802,701, A. D. For that, I should explain, was the date the little dials of my machine recorded.

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"As I walked I was watchful of every impression that could possibly help to explain the condition of ruinous splendor in which I found the world—for ruinous it was. A little way up the hill, for instance, was a great heap of granite, bound together by masses of aluminum, a vast labyrinth of precipitous walls and crumbled heaps, amid which were thick heaps of very beautiful pagoda-like plants—nettles possibly, but wonderfully tinted with brown about the leaves, and incapable of stinging. It was evidently the derelict remains of some vast structure, built to what end I could not determine. It was here that I was destined, at a later date, to have a very strange experience—the first intimation of a still stranger discovery—but of that I will speak in its proper place. C. 5



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continua...




Abr/11



por Leonardo de Magalhaens





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