sobre
“Folhas
de
Relva”
(Leaves
of
Grass,
1955
/
1ª
ed.)
do
poeta
norte-americano
Walt
Whitman
(1819-1892)
Folhas
poéticas
enquanto
vozes
da
pluralidade
parte 1
A
importância
do
poeta
Walt
Whitman
para
a
poesia
moderna
não
pode
ser
aqui
mesurado
nem
discutida,
uma
vez
que
abordaremos
alguns
aspectos
da
sua
poética,
com
ênfase
na
visão
de
mundo
e
na
relação
autor-leitor.
O
fato
do
poeta
apresentar-se
como
um
bardo,
um
profeta,
um
declamador
de
odes
em
versos
brancos,
figurando
como
um
proclamador
da
Democracia,
que
teria
berço
esplêndido
na
América
(do
Norte),
é
deveras
comentado
e
explicado
por
inúmeras
críticas
desde
os
primeiros
leitores
e
críticos,
tais
como
R.
W.
Emerson
(1803-1882),
pensador
e
poeta
conterrâneo
e
contemporâneo.
A
voz
de
Whitman
é ouvida
nas
quatro
cantos
da
Terra,
pois
ele
cantava
suas
Canções
(Songs)
para
todos
os
humanos,
não
apenas
os
norte-americanos,
para
quem
ele
se
afigurou
o
'poeta
nacional'
-
assim
como
os
brasileiros
identificam
um
Castro
Alves
(1847-1871)
– quando
ressaltou
as
belezas
e
os
males
da
nação
recém-formada.
A
pluralidade
das
identificações
na
voz
que
se
dirige
entusiástica
aos
leitores
é
reconhecida
pelo
próprio
poeta
(“Eu
me
contradigo?
Pois
sim,
eu
me
contradigo.
Eu
sou
imenso,
contenho
multidões”,
“Do
I
contradict
myself?
/
Very
well
then
I
contradict
myself,
/
(I
am
large,
I
contain
multitudes.)”
Song
of
Myself,
51 )
que
procura
cativar,
seduzir
e
iluminar
seus
ouvintes-leitores
para
um
fortalecimento
da
individualidade
sem
a
sombra
do
egoísmo.
De
braços
abertos
para
todos
os
EUs
em
pluralidade,
o
profeta
messiânico
se
expressa
em
êxtase,
em
odes
sentimentais
e
evocativas,
em
versos
sem
métrica
e
sem
rimas,
mas
melodicamente
rearranjados
de
acordo
com
os
pulsos
da
fala
e
da
entonação,
como
intros
e
coros
de
um
hino,
com
repetições,
descrições,
enumerações,
chamamentos,
rememorações.
É
um
Eu
que
está
aí
para
se
celebrar,
mas
também
para
celebrar
cada
um
de
nós,
os
milhares,
os
milhões
de
EUs
presentes
e
futuros.
Sem
esta
pluralidade
a
celebração
do
Eu
seria
um
exercício
de
egocentrismo
e
egoísmo.
Assim
no
poema
“Saindo
de
Paumanok”
(Starting
from
Paumanok),
o
início
das
andanças,
no
solo
norte-americano,
como um andarilho norte-americano cheio de orgulho (“E
contarei
o
heroísmo
de
um
ponto
de
vista
americano.”,
“And
I will report all heroism from an American point of view.”)
“Não
farei
poemas
com
referência
às
partes;
Mas
farei folhas, poemas, poemetos, canções, ditos, pensamentos com
referência ao conjunto:
E
não cantarei com referência ao dia, mas com referência a todos os
dias;”
Whitman
ouve
a
América
cantando,
o
povo
americano
se
regozijando,
se
erguendo
numa
nação
de
trabalhadores,
desbravadores,
latifundiários,
garimpeiros,
senhores
de
escravos,
marinheiros,
em
suma,
multidões
de
braços
e
mentes
que
se
destinava
a
progredir
e
dominar
enquanto
nação,
com
os
desafios
de
manter
a
prosperidade,
abolir
a
escravidão
e
consolidar
a
democracia.
Esta
aí
o
otimismo
de
Whitman
com
a
América
em
ascensão.
Não
sabemos
como
ele
se
sentiria
no
século
20,
possivelmente
tal
qual
um
Allen
Ginsberg,
poeta
beatnik,
com
decepção
diante
de
uma
América
que
se
tornou
tecnocrata,
militarista
e
imperialista.
“Eu
ouço
a
América
cantando,
variadas
canções
eu
ouço,
Aquelas
dos
mecânicos
– cada
um
cantando
a
sua,
como
devia
ser,
jovial
e
firme,
O
carpinteiro
cantando
a
sua,
enquanto
ele
mede
sua
tábua
ou
viga,
...
O
dia
que
pertence
ao
dia
– À
noite,
a
festa
dos
colegas,
robustos,
amistosos,
Cantando,
com
bocas
abertas,
suas
firmes
e
melodiosas
canções.”
I
hear
America
singing,
the
varied
carols
I
hear;
Those of mechanics—each one singing his, as it should be, blithe and strong;
The carpenter singing his, as he measures his plank or beam,
Those of mechanics—each one singing his, as it should be, blithe and strong;
The carpenter singing his, as he measures his plank or beam,
...
The
day
what
belongs
to
the
day—At
night,
the
party
of
young
fellows,
robust,
friendly,
Singing, with open mouths, their strong melodious songs.
Singing, with open mouths, their strong melodious songs.
O
qual
podemos
comparar
com
o
poema
“América”
,
escrito
um
século
depois,
pelo
beatnik
A
.
Ginsberg,
cheio
de
amargor,
desiludido,
“América
eu
te
dei
tudo
e
agora
sou
nada.
América
dois
dólares
e
vinte
e
sete
centavos
Janeiro
17,
1956.
Não
aguento
minha
própria
mente.
América
quando
nós
acabaremos
com
a
guerra
humana?
Vá
se
foder
com
a
tua
bomba
atômica
Não
estou
legal,
não
me
incomoda.
Eu
não
escreverei
meu
poema
até
ficar
melhor
América
quando
serás
então
angelical
?”
America
I've
given
you
all
and
now
I'm
nothing.
America two dollars and twenty-seven cents January 17, 1956.
I can't stand my own mind.
America when will we end the human war?
Go fuck yourself with your atom bomb
I don't feel good don't bother me.
I won't write my poem till I'm in my right mind.
America when will you be angelic?
America two dollars and twenty-seven cents January 17, 1956.
I can't stand my own mind.
America when will we end the human war?
Go fuck yourself with your atom bomb
I don't feel good don't bother me.
I won't write my poem till I'm in my right mind.
America when will you be angelic?
As
diferenças
entre
Whitman
e
Ginsberg
em
relação
à
nação
norte-americana
não
são
apenas
temporais
e
sentimentais,
pois,
enquanto
poetas
sensíveis,
os
autores
puderam
detectar
mudanças
e
desvios
no
projeto
de
uma
nação
livre
que
cooperaria
para
outras
nações
livres.
A
percepção
dos
Estados
Unidos
enquanto
país
competitivo,
guerreiro
e
imperialista,
como
foram,
em
séculos
anteriores,
a
Grã-Bretanha,
a
França
e
a
Alemanha,
cria
um
diferencial
:
não
há
mais
uma
celebração,
há
um
incômodo,
um
mal-estar.
Não
que
os
poetas
se
mostrem
antipatriotas,
anti-americanos,
mas
temem
a
águia
agressiva
na
qual
se
transmutou
a
nação
que
nasceu
das
promessas
de
democracia
e
liberdade.
Mas
não
apenas
de
América
falam
os
poemas
de
Whitman,
mas
também
da
identidade,
do
superar
a
si
mesmo,
do
convívio
com
a
Natureza,
num
discurso
onde
a
ecologia
já
está
presente,
onde
o
homem
não
é
inimigo
do
homem,
nem
destruidor
de
ecossistemas.
É
uma
visão
diversa
do
'homem
lobo
do
homem'
ou
da
'decadência',
como
encontramos
em
Thomas
Hobbes,
o
pensador,
e
em
Charles
Baudelaire,
o
poeta,
mas
antes
uma
confiança
na
bondade
humana,
como
o
'homem
natural'
,
de
J.-J.
Rousseau,
que
viveria
em
estado
de
natureza,
antes
de
ser
socializado
(ou
antes:
ser
corrompido
pela
sociedade).
Esta
posição
de
Whitman,
quase
antropológica,
de
situar
a
bondade
e
o
bom-viver
no
centro
da
individualidade,
que
jamais
deve
ser
egocentrismo,
e
muito
menos
depreciação
do
Outro,
mostra-se
mais
que
um
projeto
poético,
mas
antes
um
modo
de
vida.
Um
diálogo
filosófico
com
outros
autores
do
passado,
assim
como
percebeu
Fernando
Pessoa,
poeta
português
que
leu
e
se
banqueteou
com
os
versos
do
Bardo
ianque.
Vejamos
sua
entusiástica
“Saudação
a
Walt
Whitman”,
assinada
pelo
heterônimo
Álvaro
de
Campos,
“Cantor
da
fraternidade
feroz
e
terna
com
tudo,
Grande democrata epidérmico, contágio a tudo em corpo e alma,
Carnaval de todas as ações, bacanal de todos os propósitos,
Irmão gêmeo de todos os arrancos,
Jean-Jacques Rousseau do mundo que havia de produzir máquinas,
Homero do insaisissable de flutuante carnal,
Shakespeare da sensação que começa a andar a vapor,
Milton-Shelley do horizonte da Eletricidade futura! incubo de todos os gestos
Espasmo pra dentro de todos os objetos-força,
Souteneur de todo o Universo,
Rameira de todos os sistemas solares... “
Grande democrata epidérmico, contágio a tudo em corpo e alma,
Carnaval de todas as ações, bacanal de todos os propósitos,
Irmão gêmeo de todos os arrancos,
Jean-Jacques Rousseau do mundo que havia de produzir máquinas,
Homero do insaisissable de flutuante carnal,
Shakespeare da sensação que começa a andar a vapor,
Milton-Shelley do horizonte da Eletricidade futura! incubo de todos os gestos
Espasmo pra dentro de todos os objetos-força,
Souteneur de todo o Universo,
Rameira de todos os sistemas solares... “
A
percepção
quanto
a
um
mundo
– mais
particularmente,
uma
América
– que
não
é
exatamente
como
Whitman
profetizou
e
desejou,
que
é,
antes,
um
mundo
alienado
e
descrente,
uma
Nova
York
sem
poesia,
está
no
poema
do
espanhol
Federico
García
Lorca,
“Oda
a
Walt
Whitman”,
onde
as
palavras
do
Bardo
parecem
ter
se
perdido
no
vento,
“Mas
ninguém
se
detinha,
ninguém queria ser nuvem,
ninguém buscava os fetos
nem a roda amarela do tamboril.
Quando a lua saía,
as roldanas rodaram para derrubar o céu;
um limite de agulhas cercara a memória
e os ataúdes levarão os que não trabalham.”
ninguém queria ser nuvem,
ninguém buscava os fetos
nem a roda amarela do tamboril.
Quando a lua saía,
as roldanas rodaram para derrubar o céu;
um limite de agulhas cercara a memória
e os ataúdes levarão os que não trabalham.”
assim
como
está
no
inusitado
do
poeta
a
fazer
compras
num
supermercado,
em
companhia
do
admirador
Ginsberg,
em
“A
Supermarket
in
California”,
encarnado
na
personagem
que
procura
o
êxtase
além
do
consumo,
“Eu
o
vi,
Walt
Whitman,
sem
filhos,
velho
vagabundo
solitário,
remexendo nas carnes do refrigerador e observando
os garotos da mercearia.
Ouvi-o fazendo perguntas a cada um: Quem matou as costeletas
de porco? Qual o preço das bananas? Será você meu Anjo?”
remexendo nas carnes do refrigerador e observando
os garotos da mercearia.
Ouvi-o fazendo perguntas a cada um: Quem matou as costeletas
de porco? Qual o preço das bananas? Será você meu Anjo?”
Tais
citações
mostram
o
quanto
os
poetas
posteriores
leram
e
entenderam
o
otimista
Whitman,
e
o
quando
percebem
a
distância
entre
o
desejado
e
o
vivenciado.
O
que
há
de
positivo
e
eufórico
na
poética
de
Whitman
é
encontrado
depressivo
e
amargurado
nos
versos
de
Ginsberg
e
Lorca,
que
viveram
meio
a
repressão,
sobrevivendo
e
morrendo
em
busca
de
uma
momento
de
libertação,
na
poesia,
na
arte,
nos
alucinógenos.
Whitman,
em sua voz de pluralidade, desconfiava dos imperativos que a
sociedade ordenava, em termos de vida ordinária, ou adequação, ou
conformidade com os padrões. Ele amava a América, mas no sentido de
vastidão e liberdade, assim como os autores beatniks
cem anos depois, ao aderirem à vida na estrada (o que muito inspirou
o movimento hippie
na mesma época). O Bardo da Democracia hesitava em abraçar
ideologias, religiões, metafísicas, pois compartilhava elementos de
várias, ora exaltando a liberdade, ora a pluralidade, ora a
igualdade de oportunidades (i.e, a a justiça social), ora a figura
pagã das deidades naturais, ora os mensageiros Buda ou Cristo, cada
um com seus sacrifícios e exortações.
E
agora,
cavalheiros,
eu
digo
algo
para
permanecer
nas
mentes
e
memórias
de
vocês,
como
princípio
e
fim
de
toda
metafísica.
(Assim,
aos
estudantes,
o
professor,
ao
término
seu
curso
lotado.)
Tendo
estudado
os
novos
e
os
antigos,
os
sistemas
gregos
e
germânicos,
Tendo
estudado
e
atento
a
Kant
e
Fiche
e
Hegel,
Situado
o
discurso
de
Platão,
e
Sócrates
maior
que
Platão,
E
outros
maiores
que
Sócrates
buscados
e
referidos,
inclusive
o
divino
Cristo,
Eu
vejo
hoje
reminiscências
daqueles
sistemas
gregos
e
germânicos,
Vejo
todas
as
filosofias,
templos
e
dogmas
cristãos
observo,
E
mesmo
abaixo
de
Sócrates
eu
vejo
claramente,
e
abaixo
do
divino
Cristo,
eu
vejo
o
puro
amor
do
homem
por
seu
camarada,
a
atração
do
amigo
pelo
amigo,
de
uma
mulher
pelo
marido,
de
filhos
pelos
pais,
de
uma
cidade
por
outra,
de
uma
terra
por
outra.
(A
Base
de
Toda
Metafísica,
The
Base
of
All
Metaphysics)
É
evidente
em
Song
of
Myself,
quando
o
Eu
é
aberto
a
coletividade,
não
sendo
mera
concha
egocêntrica,
voltada
para
si,
a
esquecer
as
miríades
de
outros
'Eus',
“Estes
são
realmente
os
pensamentos
de
todos
os
homens
em
todas
as
eras
e
países,
eles
não são originais em mim,
Se
eles não são seus tanto quando meus, eles são nada, ou próximos
de nada.
Onde
todos
podem
compartilhar
sentimentos
e
afeições,
seres
humanos
entre
si
e
no
âmbito
da
Natureza,
onde
nada
é
desprezado.
Temos
aqui
a
figura
do
Homem
natural
versus
a
cultura
erudita,
os
livros,
as
filosofias,
o
que
encontramos
também
na
figura
poética
de
Alberto
Caeiro
(heterônimo
do
português
Fernando
Pessoa),
“Que
eu
caminho
até
minha
varanda,
onde
paro
para
considerar
se
realmente
será,
Uma
flor na minha janela me satisfaz mais do que a metafísica dos
livros.”
(That
I
walk
up
my
stoop,
I
pause
to
consider
if
it
really
be,
A
morning-glory at my window satisfies me more than the metaphysics of
books.
Song
of
Myself)
no
mundo natural, lá o poeta se sente a vontade com os animais, os
seres sem ambições e mesquinharias, que ensinam lições ao
andarilho,
“Acho
que
poderia
me
voltar
e
viver
com
os
animais,
eles
são
tão
calmos
e
auto-contidos;
Eu
fico aqui e observo-os por muito e muito tempo.
Eles
não se esforçam nem resmungam sobre suas condições;
Eles
não sofrem insônias no escuro a lamentar por seus pecados;
Eles
não me aborrecem a discutirem seus deveres quanto a Deus;
Nenhum
está insatisfeito – nenhum está demente com a mania de possuir
coisas;
Nenhum
se ajoelha diante de outro, nem de sua espécie que viveu milhares de
anos;
Nenhum
é respeitável ou industrioso sobre a terra.”
Explica-se
o
olhar
sobre
o
mínimo,
sobre
o
ínfimo,
sobre
o
que
é
desprezado
comumente
em
relação
com
o
que
é
considerado
elevado,
sublime,
sagrado.
Da
mesma
forma
que
Blake
(“tudo
o
que
vive
é
sagrado”),
o
poeta
Whitman
considera
a
santidade
de
tudo.
“Acredito
que
uma
folha
de
relva
não
é
menos
que
a
jornada
das
estrelas,
E
a formiga é igualmente perfeita, e um grão de areia, e o ovo da
carriça,
E
a rã é uma obra-prima para o altíssimo,
E
a amora-preta rasteira adornaria os salões do Céu.
I
believe a leaf of grass is no less than the journey-work of the
stars,
And
the pismire is equally perfect, and a grain of sand, and the egg of
the wren,
And
the tree-toad is a chef-d’œuvre for the highest,
And
the running blackberry would adorn the parlors of heaven,
(Song
of
Myself)
Em
seu culto do bom-viver, da harmonia com a natureza, no desejo
romântico de voltar ao lar, Whitman não prega doutrinas pagãs,
apenas relembra os simbolismos, que tanto agradaram aos poetas
arcadistas (século 18), que almejavam uma vida pastoril, bucólica.
O poeta não protestante, não pagão, por outro lado, não é um
descrente, um niilista, mas antes um ser aberto a todas as
perspectivas e crenças,
“Eu
não
vos
desprezo,
padres,
todo
tempo,
no
mundo
todo,
Minha
fé é maior que crenças e a última das crenças,
Englobando
culto antigo e moderno e todos entre o antigo e o moderno,
Acreditando
que eu devo voltar sobre a terra após cinco mil anos,
Esperando
respostas de oráculos, honrando os deuses, saudando ao sol,”
I
do not despise you priests, all time, the world over,
My
faith is the greatest of faiths and the least of faiths,
Enclosing
worship ancient and modern and all between ancient and modern,
Believing
I shall come again upon the earth after five thousand years,
Waiting
responses from oracles, honoring the gods, saluting the sun,
(Song
of
Myself)
e
“Eu
digo
à
humanidade,
Não
seja
curiosa
sobre
Deus,
Pois
eu, que sou curioso sobre tudo, não sou curioso sobre Deus,
(Nenhum
arranjo de palavras pode dizer o quanto estou em paz sobre Deus
e
sobre a morte.)”
And
I say to mankind, Be not curious about God,
For
I who am curious about each am not curious about God,
(No
array of terms can say how much I am at peace about God and about
death.)
(Song
of
Myself)
Sem
preocupar-se
com
doutrinações,
mas
apenas
declamações,
exclamações,
enumerações,
Whitman
procura
apresentar
a
pluralidade
das
pessoas,
do
mundo,
das
paisagens,
das
profissões,
dos
pontos
de
vista,
das
doutrinas
e
ideologias,
dos
cultos
e
seitas,
dos
desejos
e
tabus.
Em
comunicação
com
todos
os
leitores
– sejam
eles
quem
forem-
o
poeta
quer
expressar
com
amabilidade,
compreensão
mútua,
até
cumplicidade.
Quem
é
que
se
aproxima?
Quem
ousa
adentrar
o
mundo
de
visões
e
sentimentos
do
poeta?
Alguns
poemas
evidenciam
esta
necessidade
de
esclarecer
as
expectativas
em
relação
ao
outro,
para
quem
nenhum
das
partes
– nem
o
autor
,
nem
o
leitor
-
se
sintam
decepcionadas,
É
você
a
nova
pessoa
que
vem
a
mim?
Para
começar,
eis
um
conselho
– eu
sou
certamente
bem
diferente
do
que
você
pensa.
Você
pensa
encontrar
em
mim
o
seu
ideal?
Pensa
ser
tão
fácil
eu
me
tornar
seu
amado?
Pensa
que
minha
amizade
é
fonte
de
satisfação
genuína?
Pensa
que
eu
seja
fiel
e
digno
de
confiança?
Você
não
vê
mais
nada
além
desta
fachada
– do
meu
jeito
suave
e
tolerante?
Acha
que
vem
avançando
num
chão
realmente
firme
rumo
a
um
homem
realmente
heroico?
Nunca
pensou,
ó
sonhador,
que
tudo
poderia
ser
maya,
ilusão?
(Are
you
the
new
person
drawn
toward
me
?)
e
Quem
quer
que
você
seja,
segurando-me
agora
nas
mãos,
Sem
uma
coisa,
tudo
será
inútil,
Vou
avisar
antes
que
você
continue,
Não
sou
o
que
você
supõe,
sou
bem
diferente.
Quem
é
ele
que
se
tornaria
meu
seguidor?
Quem
se
alistaria
a
ser
candidato
de
meus
afetos?
...
Mas
ao
conhecer
atentamente
estas
páginas,
você
conhecerá
o
perigo,
Pois
estas
páginas,
e
a
mim,
você
não
pode
compreender.
Primeiro,
elas
iludir
você,
mais
adiante,
e
eu
vou
iludir
você,
com
certeza,
Mesmo
quando
você
pensar
que
me
apanhou,
veja
bem!
Veja
que
eu
já
escapei
de
você.
(Whoever
you
are,
holding
me
now
in
hand)
O
poeta
se
dirige
aos
leitores,
os
nascidos
e
os
das
próximas
gerações,
deixa
palavras
para
os
poetas
do
futuro,
que
devem
receber
a
mensagem
e
enviar
adiante.
O
poeta
não
está
desatento
a
quem
quer
que
esteja
passando
por
perto,
“Estranho
que
vai
passando!
Você
não
sabe
o
quanto
tenho
te
olhado,
Você
deve
ser
aquele
que
eu
procurava,
ou
aquele
que
eu
procurava,
(e
veio
a
mim
tal
um
sonho)
Em
algum
lugar
certamente
vivi
uma
vida
feliz
ao
seu
lado.
Recordo
tudo
quando
quase
nos
encostamos,
fluídos,
afetivos,
castos,
maduros,
Você
cresceu
ao
meu
lado,
e
foi
um
menino
ou
uma
menina,
Comemos
e
dormimos
juntos,
seu
corpo
não
era
apenas
seu
Nem
meu
corpo
apenas
meu,
Entrega-me
o
prazer
de
seus
olhos,
face,
carne,
quando
passamos,
você
leva
minha
barba,
meu
peito,
minhas
mãos,
A
você
nada
direi,
eu
fico
a
pensar
em
ti
quando
estou
sentado
sozinho
ou
acordado
noite
a
dentro,
Estou
a
esperar,
não
duvido
que
te
encontrarei
novamente,
Estarei
atento
para
não
te
perder.”
('A
Um
Estranho'
/
To
A
Stranger)
pois
devem
receber
um
'verso
especial',
sentir
que
o
poeta
escreveu
justamente
para
aquele
ou
aquela
que
se
entrega
à
leitura,
Vocês
todos
milhões
de
nomes
não-escritos,
todos
– vocês
sombrio
legado
de
todas
as
guerras,
Um
verso
especial
para
vocês
– um
clarão
de
dever
há
muito
tempo
negligenciado
-
sua
mística
lista
estranhamente
ajuntada
aqui,
Cada
nome
invocado
por
mim
destas
trevas
e
das
cinzas
da
morte,
De
agora
em
diante
para
ser,
profundo,
profundo
em
meu
coração
recordando,
por
muitos
anos
futuros,
Sua
mística
lista
inteira
de
nomes
desconhecidos,
seja
do
norte
ou
do
sul,
Embalsamada
com
amor
nesta
canção
crepuscular.
('Uma
Canção
Crepuscular'
/
A
Twilight
Song)
continua...
(*)aqui
todas as
citações
de
poemas
traduzidas
por
LdeM
ago/12
Leonardo
de Magalhaens
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