sexta-feira, 14 de outubro de 2011

sobre "As Aventuras de Tom Sawyer" - de Mark Twain








Sobre “As Aventuras de Tom Sawyer” (1876) e
As Aventuras de Huckleberry Finn” (1884)
do escritor norte-americano Mark Twain
(Samuel L. Clemens, 1835-1910)


Quando para a criança o mundo é uma grande aventura


Parte 1

Tom Sawyer


As Aventuras de Tom Sawyer são um clássico nos Estados Unidos, desnecessário dizer que se trata de um país que reverencia suas origens, preserva a história – pelo menos até o governo Nixon... - e que sabe transformar um protagonista de literatura em ícone nacional.


O menino Tom Sawyer passou a representar a ingenuidade do norte-americano das pequenas cidades, não contaminadas pelo consumismo e violência das metrópoles. Assim como se contrapõe o sul lírico com o norte prosaico, não apenas em tempos de Guerra de Secessão (conflito entre nortistas e sulistas entre 1861-65), aquele interior sulista onde os grandes navios-vapores passam apitando, rumo ao oceano.


O autor Mark Twain (que tinha este apelido por trabalhar nas embarcações do rio Mississipi, onde se marcava a profundidade de duas (twain=two) jardas) conseguiu unir à literatura norte-americana em formação um olhar mais coloquial, mais popular, ao narrar aventuras de jovens do meio rural.


A linguagem é coloquial, o sotaque é centro-sulista, do vale do rio Mississipi, é até difícil traduzir – principalmente as falas de Huckleberry Finn, do negro Jim, também dos criminosos Muff Potter e Injun Joe. Para traduzir estas obras de Twain precisaríamos recorrer ao 'léxico' da fala caipira do sudeste brasileiro. Traduzir a fala do negro Jim seria utilizar a fala híbrida dos filhos de escravos no litoral da Bahia (no final do século 19...).


Considerando-se que além das ações do enredo – as aventuras em si-mesmas – temos os geniais e bem-humorados comentários do Narrador (ninguém menos que o Autor) que tece considerações sobre as personagens e seus aprendizados (ou ignorância), num olhar mais adulto a repensar os sonhos e as decepções das crianças.


As fontes das citações são a Wikisource e a edição “The Adventures of Tom Sawyer”, New York, Collier Books, 1962. As traduções são minhas (LdeM)


“Em dois minutos, ou menos, ele esquecera seus problemas. Não porque seus problemas fossem um pouco menos pesados e amargos para ele do que para os homens, mas porque um novo e poderoso interesse os abafou e os afastou da mente naquele momento – apenas que as desventuras dos homens são esquecidas na excitação de novas aventuras. Este novo interesse foi uma novidade de valor em assobiar, que ele aprendera de um negro, e ele sofria para repeti-lo corretamente. Consistia numa peculiar linha melódica de ave, um tipo de gorjeio líquido, produzido ao se tocar a língua no céu da boca a curtos intervalos no meio da música – o leitor provavelmente lembra-se como fazer isso, se ele já foi menino. Dedicação e atenção logo lhe deram o truque disso, e ele correu rua afora com a boca cheia de harmonia e a alma cheia de gratidão. Ele se sentia como um astrônomo sente que descobriu um novo planeta – sem dúvida, tão mais forte, profundo, amalgamado prazer é sentido, a vantagem estava com o menino, não com o astrônomo.”
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“Within two minutes, or even less, he had forgotten all his troubles. Not because his troubles were one whit less heavy and bitter to him than a man's are to a man, but because a new and powerful interest bore them down and drove them out of his mind for the time -- just as men's misfortunes are forgotten in the excitement of new enterprises. This new interest was a valued novelty in whistling, which he had just acquired from a negro, and he was suffering to practise it undisturbed. It consisted in a peculiar bird-like turn, a sort of liquid warble, produced by touching the tongue to the roof of the mouth at short intervals in the midst of the music -- the reader probably remembers how to do it, if he has ever been a boy. Diligence and attention soon gave him the knack of it, and he strode down the street with his mouth full of harmony and his soul full of gratitude. He felt much as an astronomer feels who has discovered a new planet -- no doubt, as far as strong, deep, unalloyed pleasure is concerned, the advantage was with the boy, not the astronomer.” pp. 31-32, Cap.I



Trabalho ou diversão? Tom Sawyer sabe como tornar divertido o simples trabalho de pintar uma cerca. Os colegas acreditam que é mesmo 'divertido' e fazem todo o trabalho para o menino! Assim, ele ainda ganha vários 'agrados' para isso – brinquedos, bugigangas, uma maçã já mordida...


“Tom dizia a si mesmo que isso não era um fim de mundo, afinal. Ele descobrira uma grande lei da motivação humana, até sem saber disso – que de modo a fazer um homem ou menino ambicionar por algo é apenas necessário fazer com que a coisa seja difícil de obter. Se ele fosse um grande e sábio filósofo, tal qual o escritor deste livro, ele compreenderia agora que Trabalho consiste de tudo aquilo que alguém é obrigado a fazer, e que Diversão é tudo aquilo que alguém não é obrigado a fazer.
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“Tom said to himself that it was not such a hollow world, after all. He had discovered a great law of human action, without knowing it -- namely, that in order to make a man or a boy covet a thing, it is only necessary to make the thing difficult to attain. If he had been a great and wise philosopher, like the writer of this book, he would now have comprehended that Work consists of whatever a body is obliged to do, and that Play consists of whatever a body is not obliged to do.” p. 44, Cap. II



Tom tem momentos de aventuras e também de meditação, de lirismo. A descoberta do amor é também importante para o jovem. Um sentimento também com jeito de aventura – descobrir quem é aquela nova garota – que o fez esquecer a paixão anterior. (Somente uma paixão para 'abafar' outra paixão...) De onde vem tanta emoção quando ele acha alguém interessante? Até recolher uma flor - jogada pela garota! - é uma aventura...

“O menino correu por ali e parou perto da flor, e então, com a mão fazendo sombra sobre os olhos, ele começou a procurar se havia algo interessante naquela direção. Em seguida ele arrancou uma palha e tentou equilibrá-la sobre o nariz, com a cabeça inclinada pra trás; e como ele se movia de lado, em seus esforços, ele se aproximava mais da flor amor-perfeito; finalmente seu pé descalço repousou sobre ela, seus dedos flexíveis a agarraram, e ele saltitou para longe com o tesouro e desapareceu ao dobrar a esquina. Mas apenas por um minuto – apenas enquanto ele pudesse abotoar a flor dentro da jaqueta, próximo ao coração – ou próximo ao estômago, possivelmente, pois ele não era muito bom em anatomia, e nem tão crítico, de qualquer modo.”
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“The boy ran around and stopped within a foot or two of the flower, and then shaded his eyes with his hand and began to look down street as if he had discovered something of interest going on in that direction. Presently he picked up a straw and began trying to balance it on his nose, with his head tilted far back; and as he moved from side to side, in his efforts, he edged nearer and nearer toward the pansy; finally his bare foot rested upon it, his pliant toes closed upon it, and he hopped away with the treasure and disappeared round the corner. But only for a minute -- only while he could button the flower inside his jacket, next his heart -- or next his stomach, possibly, for he was not much posted in anatomy, and not hypercritical, anyway.” p. 48, Cap. III


O narrador de “Aventuras de Tom Sawyer” é um adulto a observar as crianças e os demais adultos, com ironia e bom-humor (às vezes, meio amargo), e com um distanciamento de algumas décadas ( o narrador está em 1876 e os fatos narrados entre 1845 e 1855, antes da Guerra de Secessão, e, portanto, da abolição da escravatura. O próprio autor revela esse 'delay' num prefácio, ao lembrar que a época do enredo se situa “trinta ou quarenta anos atrás”.


O narrador busca a cumplicidade do(s) leitor(es) ao dizer afetuosamente sobre o protagonista (“o nosso amigo Tom”), afinal, já estamos afeiçoados ao maroto Tom Sawyer, a criança ao mesmo tempo ingênua e sabida, sincera e oportunista, para quem só importa a diversão, única solução no mundo tedioso e fatigante dos adultos. Aliás, é o olhar da criança que revela as contradições do mundo dos adultos.



Hilárias também as cenas no culto religioso, onde Tom se distrai do tédio do sermão com atividades bem juvenis – contar as folhas do discurso, brincar com um besouro, observar um cão em brincadeiras... “Tom contava as páginas do sermão; depois da igreja ele sempre sabia quantas páginas foram, mas ele raramente sabia sobre o quê havia sido o discurso.” (“Tom counted the pages of the sermon; after church he always knew how many pages there had been, but he seldom knew anything else about the discourse.” Cap. V)

Eis que aparece o menino Huckleberry Finn, ainda figurante em “Tom Saywer” mas depois o protagonista do próximo livro. O menino Huckleberry é uma espécie de menino impulsivo, espontâneo e iletrado, quase um Pedro Malasartes, por sua vez, Tom Sawyer é um menino que se deixa vagar em ideias ao ler os livros, “Quanto mais dificilmente Tom tentava concentrar sua mente no seu livro, mais as suas ideias vagueavam.” (“The harder Tom tried to fasten his mind on his book, the more his ideas wandered.” p. 89, cap. VII) Tom gosta de aventuras de 'letrados', é um Dom Quixote juvenil, gosta de livros de Robin Hood, piratas, de ilhas desertas e tesouros escondidos.


“Pouco depois, Tom se encontrou com o jovem pária da vila, Huckleberry Finn, filho de um bêbado da cidade. Huckleberry era cordialmente odiado e temido por todas as mães da cidade, pois ele era preguiçoso e sem-lei e vulgar e mau – e porque todas as crianças o admiravam, e se divertiam na sua companhia proibida, e desejavam ser ousadas iguais a ele. Tom era igual ao resto dos meninos respeitáveis, no que ele invejava Huckleberry a tal condição de escandoloso pária, e estava sob estritas ordens para não brincar com ele. Assim ele brincava com Finn toda vez que tinha chance. Huckleberry estava sempre vestido com roupas usadas de adultos, e estava sempre num perene florir e agitar de trapos. Seu chapéu estava em ruínas com uma parte pendida da aba; seu paletó, quando ele vestia um, balançava quase até nos calcanhares, e com os botões às avessas; mas um suspensório segurava suas calças; o fundo das calças sobrava e sem nada, as franjas das pernas todas sujas quando não enroladas.

Huckleberry andava pra cima e pra baixo, todo livre. Dormia nos vãos das portas na época de clima bom e barris vazios quando chovia; ele não precisava ir à escola ou à igreja, ou chamar alguém de mestre ou obedecer alguém; ele podia pescar e nadar quando ele bem quisesse, e ficar lá até quando o agradasse; ninguém o proibia de brigar; ele podia se levantar quando lhe agradasse; ele era sempre o primeiro menino a andar de pés descalços na primavera e o último a recolocar sapato no inverno; ele nunca se lavava, nem usava roupas limpas; ele podia fazer juras à vontade. Em resumo, tinha tudo o que poderia fazer preciosa a vida daquele menino. Assim pensava cada menino contido, tolhido e respeitável em São Petersburgo.”

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“Shortly Tom came upon the juvenile pariah of the village, Huckleberry Finn, son of the town drunkard. Huckleberry was cordially hated and dreaded by all the mothers of the town, because he was idle and lawless and vulgar and bad -- and because all their children admired him so, and delighted in his forbidden society, and wished they dared to be like him. Tom was like the rest of the respectable boys, in that he envied Huckleberry his gaudy outcast condition, and was under strict orders not to play with him. So he played with him every time he got a chance. Huckleberry was always dressed in the cast-off clothes of full-grown men, and they were in perennial bloom and fluttering with rags. His hat was a vast ruin with a wide crescent lopped out of its brim; his coat, when he wore one, hung nearly to his heels and had the rearward buttons far down the back; but one suspender supported his trousers; the seat of the trousers bagged low and contained nothing, the fringed legs dragged in the dirt when not rolled up.

Huckleberry came and went, at his own free will. He slept on doorsteps in fine weather and in empty hogsheads in wet; he did not have to go to school or to church, or call any being master or obey anybody; he could go fishing or swimming when and where he chose, and stay as long as it suited him; nobody forbade him to fight; he could sit up as late as he pleased; he was always the first boy that went barefoot in the spring and the last to resume leather in the fall; he never had to wash, nor put on clean clothes; he could swear wonderfully. In a word, everything that goes to make life precious that boy had. So thought every harassed, hampered, respectable boy in St. Petersburg.”
pp. 78-79, Cap. VI


Enquanto não está em aventuras, Tom experimenta os primeiros aprendizados da paixão com a menina Becky Thatcher - semanas antes era com a Amy Lawrence – ah, quão volúvel é o coração juvenil... Como um menino corajoso e a aventureiro vê as meninas, que, ainda mais naquela época, viviam recolhidas, reclusas, para o ambiente pacato da vida doméstica? Eis outra leitura que poderíamos fazer.


Em Tom Sawyer encontramos várias contradições e arbitrariedades do mundo adulto na perspectiva do olhar infantil. Como as crianças quase jovens vêem a injustiça, a desonestidade e os privilégios dos adultos? Dos mesmos adultos que se dizem ‘exemplos’...

Os adultos que pregam (e exigem) honestidade, justiça, honra, dignidade, são os mesmos a pisarem tudo isso em razão de interesses, de ambições individuais, que perturbam a desejada ‘paz social’.

Numa aventura, em pleno cemitério à noite, Tom e Huck são testemunhas de um crime e de como um dos bandidos incrimina o outro – a ponto da própria ‘justiça’ ser confundida e deturpada – as crianças descobrem que o mundo adulto não é mesmo perfeito.


Sem a devoção de Becky Thatcher, Tom Sawyer volta a se dedicar à ‘pirataria’ – vai para uma ilha fluvial – a ilha Jackson – junto com outros meninos-piratas, Huck, o Mão Rubra e Joe Harper, o Terror dos Mares – onde assume o medonho nome de Vingador Sombrio do Caribe.

As aventuras de Pirata – que conhecemos das páginas de Peter Pan - os meninos 'piratas' de Tom Sawyer inspiraram os 'meninos perdidos' de Peter Pan – ou os piratas são um patrimônio universal na literatura? Vejamos o sucesso de “Ilha do Tesouro” de R. L. Stevenson, em 1883,


“Ele seria um pirata! Eis então! Agora o seu futuro estava diante dele, brilhando com inimaginável esplendor. Como o seu nome encheria o mundo, e faria as pessoas se arrepiarem! Quão gloriosamente ele saquearia os mares dançantes, em seu imenso navio sombrio, o Espírito da Tormenta, com sua pavorosa bandeira esvoaçando no mastro! E no zênite da fama, como ele apareceria, subitamente, no velho vilarejo e adentraria a igreja, todo bronzeado e abatido pelas intempéries, vestido com jaquetão e calções escuros, e grandes botas, e uma bandana rubra, carregando pistolas no cinturão, seu cutelo já desgastado pelos crimes, seu desleixado chapéu com plumas ondulantes, sua bandeira sombria desfraldada, com a imagem do crânio e ossos cruzados, e ouvindo com êxtase crescente os sussurros, “Pois é o Tom Sawyer, o Pirata! – O Vingador Sombrio do Caribe!” “
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“He would be a pirate! That was it! Now his future lay plain before him, and glowing with unimaginable splendor. How his name would fill the world, and make people shudder! How gloriously he would go plowing the dancing seas, in his long, low, black-hulled racer, the Spirit of the Storm, with his grisly flag flying at the fore! And at the zenith of his fame, how he would suddenly appear at the old village and stalk into church, brown and weather-beaten, in his black velvet doublet and trunks, his great jack-boots, his crimson sash, his belt bristling with horse-pistols, his crime-rusted cutlass at his side, his slouch hat with waving plumes, his black flag unfurled, with the skull and crossbones on it, and hear with swelling ecstasy the whisperings, "It's Tom Sawyer the Pirate! -- the Black Avenger of the Spanish Main!" ” p. 98-99, Cap. VIII


Enquanto isso, os familiares supõem a morte dos rapazes, possivelmente afogados no rio. Becky soluça, suspira, a sentir a falta do ‘exibido’ Tom Sawyer. Outros moradores do povoado também sentem a falta do menino que antes ‘infernizava’ meio mundo.

Mas os meninos se divertem, como bons ‘piratas’ que são, a pescar, acampar, viver no meio hostil da ilha. Mas, claro, logo eles começam a sentir saudades do povoado e das aventuras que lá tramavam. Claro, imaginam o que os parentes estão sentindo...

Mas em pleno velório, quando todos julgavam os meninos no fundo do rio, os meninos-piratas reaparecem! Tudo ideia de Tom: voltar para casa e presenciarem o próprio funeral...! (Tom desertara da ilha antes, fazendo uma secreta ‘visita’ aos familiares enlutados – claro que o menino diz, depois, que sonhou com o pranto dos parentes...)

Tom e seus amigos ‘piratas’ voltam triunfantes para a vida do vilarejo. O menino, logo vaidoso, esnoba a esnobe Becky – e aprende os primeiros truques da conquista amorosa. Afinal, tudo para o jovem Tom tem uma pitada de aventura – a ‘pirataria’ – na Ilha Jackson, mesmo com o sofrimento dos familiares. A brincadeira sempre inconseqüente pode trazer problemas e sofrimentos aos demais ... Tia Polly recrimina o menino: “Você nunca pensa em algo, exceto em seu próprio egoísmo” (Cap. 19)

Sempre vaidoso e aventureiro, Tom não oculta certo desprezo pelas meninas, sempre covardes e lamurientas, mas adora se mostrar (show off) para elas, ou atrair a atenção delas – principalmente de Becky. Tom não hesita em assumir a culpa de Becky – quando ela rasga um livro do professor – apenas para sentir o olhar de gratidão da menina.


Sempre com ares de herói, em busca de aprovação, Tom entra para a ordem dos “Cadetes da Temperança” – “Ele prometeu se abster de fumar, mascar e profanidade enq2uanto ele permanecesse um membro.” (“He promised to abstain from smoking, chewing, and profanity as long as he remained a member.” p. 211, Cap. 22) mas, por isso mesmo, nunca sentiu antes tanta vontade de fumar, mascar e praguejar!


“Tom logo percebeu-se atormentado com o desejo de beber e praguejar; o desejo crescia tão intenso que nada exceto a esperança de mostrar-se em faixa rubra fazia-o desistir da ordem”
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“Tom soon found himself tormented with a desire to drink and swear; the desire grew to be so intense that nothing but the hope of a chance to display himself in his red sash kept him from withdrawing from the order.” p. 211


Tom percebe, assim, outra característica do comportamento humano – quanto mais se quer abstêmio, mas vontade de voltar ao vício, quanto mais se deseja ser santo, mais inclinado ao pecado. Assim, eis a raiz de todos os males, todos os crimes.


Inclusive o crime de Injun Joe volta ao enredo. Afinal, todo este tempo, os meninos mantiveram o silêncio. Huckleberry manteve a promessa de calar-se. E – culpados – os meninos levam um pouco de tabaco e fósforos para o pobre prisioneiro Muff Potter, o injustiçado.


No tribunal, os meninos resolvem revelar a verdade – a voz das crianças é sempre ouvida com atenção pela comunidade, ou porque as crianças são sinceras ou porque vêem algo que os adultos não percebem. E Tom é novamente reconhecido como o herói da vila.


(Tom é sempre a figura dúbia do herói – anti-herói , quanto Huck Finn é o anti-herói, um Pedro Malasartes, que somente conheceremos, de verdade, no livro a ele dedicado, “As Aventuras de Huckleberry Finn”. Há diferenças entre Tom e Huck, quanto ao tipo de aventura que preferem. Enquanto Tom Sawyer se inspira para suas aventuras em leituras, Huckleberry é letrado, prefere a espontaneidade, desconhece as aventuras dos livros, não sabe quem foi Robin Hood... )


Na busca de mais aventuras, Tom decide sair com uma pá para escavar tesouros enterrados por piratas – o que não faz o excesso de leitura ? – e consegue convencer o desconfiado Huck – desde quando Tom sabe onde piratas enterram tesouros? Mas enquanto perambulam em busca de tesouros enterrados, os meninos encontram uma casa abandonada, e acabam por descobrir o paradeiro do foragido Injun Joe...


Assim de aventura em aventura, que não vamos revelar aqui, Tom e seus amigos fogem de bandidos, fazem piquenique, desbravam cavernas, se perdem entre galerias e estalactites, mergulham em lagos profundos, conhecem outras saídas nas margens fluviais, em suma, são crianças descobrindo aquele mundo natural, de interior sulista, à beira de um grande rio, onde, rumo ao oceano, no Golfo do México, passam apitando os navios-vapores.



(continua no ensaio sobre “As Aventuras de Huckleberry Finn”)


out/11

Leonardo de Magalhaens
http://leoliteraturaescrita.blogspot.com/



As fontes das citações são a Wikisource e a edição “The Adventures of Tom Sawyer”, New York, Collier Books, 1962. As traduções são minhas (LdeM)



fontes
http://en.wikisource.org/wiki/The_Adventures_of_Tom_Sawyer

Wikipedia

http://en.wikipedia.org/wiki/The_Adventures_of_Tom_Sawyer



filmes baseados em Tom Sawyer

The Adventures of Tom Sawyer
http://www.youtube.com/watch?v=7D4oDKTe3rk&feature=related

Tom Sawyer” (1973)
http://www.youtube.com/watch?v=8l3rAGMDU2I&feature=related




LdeM


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